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24.12.10

.é natal

who cares.

19.12.10

.o c@#$%^* a quatro

Data: 18/12/10
Hora Local (CocoCay – Bahamas): 09h23
Hora do Brasil: 00h23

Tá, 4 meses que saí de casa. Só faltam mais 2 e meio pra voltar. Parece tão pouco que nem sei se quero.

Primeira vez que escrevo direto do blogger, porque estou sem computador. OHMYGOD, what happened? Então, fica a dica: se beber, não digita. Certo dia, numa certa cabine, numa certa festa, numa certa bebedeira, derrubaram (eu, no caso) um copo cheio de alguma coisa inominável em cima do meu teclado. Tipo, um copo cheio! Na verdade, isso o que me disseram, porque eu não lembro. Pasme! Aquele dia não sei como cheguei em casa, mas o mac tava lá bonitinho e limpinho no lugar que eu sempre deixo. Quando me falaram o que eu diz na noite anterior com ele eu não acreditei, porque ele tava funcionando direitinho. Até que um certo dia, fui reiniciar o bichinho (ele costuma ficar ligado por semanas) e pum! mó-rreu! (sic!). Levei na Apple Store, na mesma que ele nasceu, e mesmo na garantia (que não cobre acidentes) eu teria que pagar $750 pelo conserto. PQP! Metade do preço de um novo. Mas conversa vai, conversa vem, me deram a opção de comprar a garantia extendida por $300 e usar o "one time only" pra reparos por acidente. Ou seja, a garantia já não cobre mais acidentes, mas cobriu meus $750 de despesa. Que ódio mortal pagar uma fortuna por causa de uma estupidez. Sem falar ficar uma semana sem computa. Basicamente não sei o que fazer de noite.

E eu fico de cara com o tamanho desse mundinho. PQP! Lembram a Alyz, amiga da Princess, que encontrei outro dia em Nassau? Pois bem, ela conhece a Camila, brasileira gatagentefina que chegou esses dias. E a Camila conhece a Jéssica, outra cariocagatagentefina que eu conheci no STCW no RJ. E a Camila foi entrevistada POR MIM há 2 anos durante o NoCapricho também no Rio de Janeiro. Como diria Raul: PQP de novo! Camila tem sido minha melhor companheira desde que chegou. Não comentei antes, mas Johnweyne foi embora pro Mariner, só ficou o Pablo. Então que a gangue agora somos eu (buneco!), Pablo (dirruba!) e Camila (guerreira!). Tem a Barbara, francesa gata, que também é parceira. Converso com ela todos os dias via sametime (tipo um messenger interno).

Semana que vem sabem quem vem me visitar? A dançarina loca que eu não posso citar o nome aqui. Aquela mesma, do contrato passado, que zuou minha vida inteira, que me fez feliz e triste por um bom tempo. O mundo dá voltas, realmente.

Não sei se já comentei, mas comecei um side job, como jetski chaser. Tipo assim, sou um perseguidor. É super divertido. Faço pela diversão e nem é pelo dinheiro, que também é bom no fim das contas. Duas vezes por semana, enquanto estamos na nossa ilha CocoCay. Em cada tour tem um guia e um chaser, e mais uns 10 jetskis com guests. Meu trabalho é basicamente manter todo mundo na linha, não deixar ninguém sair da rota, não deixar ninguém ficar muito pra trás e perder a rota e ajudar caso alguém caia do negócio (e isso acontece com frequencia). É uma delícia, porque eu tenho que ser muito rápido, high speed, pra alcançar o começo do tour (sendo que sou sempre o último a sair). E tem horas que dá medo. Adrenalina, uhul! Sem falar que desfrutar das águas bahamenhas com estrelas do mar, arraias, tubarões e, com sorte, golfinhos, não tem preço que pague.

De resto, nada demais. Poucos planos pra natal e ano novo. Nada muito diferente do ano passado. Já sou local, nativo desse navio. Então já tenho histórias dos anos anteriores pra contar. Pasme again! Cheguei nesse navio em 2009 e já estamos virando pra 2011. Isso aqui é o que eu posso chamar de casa. Já tenho despesas de gente normal em Miami, já sou funcionário de uma ilha particular nas Bahamas e conheço tudo nesse naviozinho.

That's it.

bye!

7.12.10

.três e vai

Data: 22/11/10
Hora Local (Miami – USA): 02h24
Hora do Brasil: 05h24

É verdade, subiu pra 3 a diferença. E subiu pra 3 meses de contrato.
Sei que é paia escrever uma vez por mês, mas eu esqueço e nem sinto vontade. Mas quando completa o mês eu lembro que preciso escrever. Daí fico enchendo de ladainha, igual essa introdução desnecessária.

Tudo por aqui vai so far so good. Finalmente minha assistente chegou. Uma londrina (não londrinense, alow!) linda, 26, daquelas que tomam green tea às 5 e tudo, loira dos olhos azuis e simpática até dizer que chega, com o sotaque South London mais amável (“I need to buy wáttah”). Em outras palavras: melhor que a encomenda. Eu ainda tenho muita coisa pra ensinar pra ela, o que me faz trabalhar em triplo (porque antes eu trabalhava por mim e pela pessoa que faltava; agora eu trabalho por mim, trabalho ensinando o trabalho dela e trabalho ‘corrigindo’ o trabalho que ela fez), mas será por pouco tempo, até ela ficar craque {se depender do professor [e claro que depende (de mim!)], ela vai} – ai, como eu adoro o português!* E engraçado que todo mundo quer ser meu amigo agora, mas ainda não entendi muito o porquê.

Brasileirada tá tudo indo embora (*português marginal, I mean). Maioria transferida pros “navios brasileiros”. É temporada de caça aos brazucas da fleet. Eu devo ficar aqui até o final do contrato (próximo cruzeiro é o #506, o que significa que completo 100 cruzeiros aqui. Isso mesmo, CEM! – ok, desconta 8 das férias). Mas Johnweyne já voltou, e agora tem o “dirruba” (Pablo) também, então nós 3 somos a nova gangue brasileira, que bebe até 4 da manhã todo dia no back deck, o que a gente chama de night shift. De vez em quando a gente decide que vai tirar day off do night shift (confundiu?), mas dá meia-noite e tá todo mundo lá de novo. Haha tem sido divertido e ter parceiros do copo era o que me faltava (e me sobra barriga agora).

Na verdade, falta só mais uma coisa. Coisa esta que me deixa agoniado, mas ao mesmo tempo é o que me mantém vivo nessa coisa, que me faz pensar e tentar ser criativo – e ter medo, como nos velhos tempos. Por aqui é difícil manter a personalidade da terra, mas de vez em quando eu escuto uns “I love your job” que me deixa orgulhoso. De altos e baixos, tenho tido muito mais altos, que me faz sentir dentro do business ainda. Falando da personalidade, eu não sei se mudei pra sempre ou se sou assim só aqui, com o balanço do mar, mas eu sou bem diferente da pessoa da terra. E sinceramente não sei qual me agrada mais (olha o egocentrismo, querendo dizer que qualquer uma das duas são boas o suficiente – e olha que são, hein!). Mas, pra começo de conversa, aqui eu sou Marcos Aguiar e ninguém nunca ouviu falar do Farion. É legal viver como outra pessoa, especialmente se você é de gêmeos. “Todas as noites quase morro pra renascer a cada manhã”, como diria Raphael Moraes.

Eu não quero viver essa vida pra sempre, mas é difícil achar um motivo pra não.

Abri uma conta no banco. Bank of America. Já disse isso antes? Enfim, o fiz. A idéia era guardar o dinheiro, mas compras online são um risco enorme, hoje gastei $400 só em bugiganga.
Cruzeiro cristão dias atrás. Gentes educadas e bacanas. Navio transformado num carnaval (catedral?). Era um festival, no caso. As mais famosas bandas do cenário GodSpell mundial (mas eu não conhecia nenhuma: Third Day, Newboys, Addison Road, 4HIM, etc etc) com beatinhas fanatiquinhas (groupiezinhas) correndo atrás de uma palheta e tudo mais (e eu, particularmente, catei um par de baquetas pra mim – haha I don’t care). Foi bacana. Bandas realmente muito boas, musicalmente falando. Virei fã de algumas e gravei uns shows, só pra ter. Vai passar no DVD do golfão. Aguarde e verás. Black Friday chegando, arruia!

Encontrei ontem em Nassau uma amiga dos tempos da Princess. Bacana isso, de conhecer uma pessoa na Europa e cruzar com ela nas Bahamas. E legal também essa coisa de surgir alguém na sua vida, de repente, e te fazer mudar de planos. Não que eu tenha mudado algum deles por alguém, mas to só comentando. Especialmente porque eu nunca faço planos mais longos do que 2 horas adiante, então é fácil pra qualquer um comigo. Às vezes me perguntam onde eu vou jantar e eu nem sei ainda sobre o almoço. Tô muito assim, seguindo o fluxo da vida, esperando pelas coisas boas que caem do céu. E, sinceramente, têm caído tempestades na minha vida e não dá nem tempo de abrir o guarda-chuva (de ponta cabeça). Pensamento positivo. (e olha que não é que eu tinha pedido uma menina linda pra trabalhar comigo e foi isso que me deram?). Ainda lembro quando era pra chegar um piá pra mim, no mesmo dia que chegou a Mel pro Jeff. Falei it’s not fair que ele ganha uma menina linda e eu um guri feio. Tanto é que daí o guri nem apareceu, fiquei sozinho por mais quase 1 mês e finalmente me deram uma inglesinha (lembra que mil anos atrás comentei aqui que eram as mais lindas do mundo?). Não sei até quando essa maré boa vai durar, mas até que vire tsunami eu vou curtindo.

Eu disse alguma coisa interessante nesse post? Acredito que não, e nem vou reler pra descobrir (mentira: já reli e esse parênteses to adicionando agora). Amanhã é dia de Harry Potter. Meio navio tá indo ver, mas eu não terei tempo. Irei com Francy pra South Beach, instead of cinema com a Mel. Na verdade o instead era a outra coisa, mas foi o que deu pra conseguir pra amanhã.

Vamo que vamo. “Vamo pra frente que pra trás não dá mais”, me fez lembrar a baiana porreta que trabalha na crew mess (o povo que eu mais respeito no navio, adivinhe porquê).

Bye!

29.10.10

.dois e subindo

Data: 28/10/10
Hora Local (CocoCay – Bahamas): 03h16
Hora do Brasil: 05h16

Yeh, subiu pra 2 horas a diferença pro Brasil.
Yeh, subiu pra 2 meses de contrato.

E falando de horas adiantadas, falei hoje (ontem!), depois de muito tempo, com a menina que mora no futuro (daí vem o devaneio: “hoje lá já é amanhã”). Não vou dizer o nome, porque da última (e única) vez que eu falei aqui tive problemas, porque o Google Translator traduz do jeito que ele quer as coisas, daí confunde o sentido do negócio. Mas falei com ela, a minha loca predileta, e isso, de certa forma, me fez bem. Claro, foi um papo louco, não se pode esperar nada diferente disso. Mas daí voltam todas aquelas dúvidas e confusões – e loucuras – na cabeça da gente.

Hoje (ontem!) tem festa de independência de St. Vincent (já fui!) no back deck. Festa grande (porque faz tempo que não tem nenhuma) e povo animado. Menos eu. Descobri que não tenho mais amigos. Sinto que muita gente até me odeia. O cast, que eu falei que seriam meus potenciais melhores amigos, se tornaram isso mesmo. Mas, mesmo assim, não é nada profundo do tipo get along gang. Os poucos brasileiros que me sobram (heranças do último contrato) estão indo embora. A Natalie, minha irmã nova-iorquina, ainda está aqui e isso me deixa um pouco mais feliz – tá aprendendo português e me mata de orgulho. Mas, no geral, estou by myself em todos os sentidos. A Kely, minha ‘funcionária’, foi embora faz uma semana. Ainda não chegou ninguém pro lugar dela (com muita sorte chega alguém amanhã) e estou tendo que trabalhar em dobro – faço o meu antigo e o novo trabalho, tudo ao mesmo tempo. Tenho trabalhado demais, o que por um lado é bom – gasta meu tempo! O outro lado bom é que consegui mostrar serviço e minha regalia de chefe, que deveria ter acabado, não vai acabar tão cedo. Não sei até quando vai durar, mas por enquanto eu ainda mando nessa birosca!

O bom de mandar em alguma coisa é se tornar importante e ter ao seu lado outras pessoas importantes. Me dou bem com todos os managers. O Safety Officer (suéco) me deu uma caixa de cerveja (uma caixa mesmo, de 24!) porque eu sempre salvo a vida dele com os safety vídeos. O Environmental Officer (americano) é meu camarada, porque a namorada dele (escocesa) me adora. O Sous Chef (indiano) virou meu brother e me oferece boa comida todo dia, porque eu estou salvando a vida dele com vídeos também. O Chief Electrical Engineer (polonês) foi com a minha cara, porque eu resolvi um problema pra ele em menos tempo do que ele levou pra me explicar qual era o problema (e eu já estou explorando-o pedindo outro favor em troca). O Activities Manager é brasileiro e ex-broadcast, então não precisa nem explicar. O Production Manager (canadense) é uma bixona e me ama sem motivo. O Cruise Director (jamaicano) é meu chefe direto, outra bixona e também me ama (por culpa dele estou aqui de volta, porque ele me requisitou pessoalmente no office). O Dive Manager (sul-africano) me deve todos os tours em CocoCay, porque já salvei a vida dele (e de outros divers de outros navios) várias vezes com os vídeos que eles precisam. O International Ambassador (peruano) virou meu truta depois de jogar bola junto (modéstia à parte, eu joguei móóóito aquele dia e honrei a camisa do Brasil que eu vestia). A Dance Captain (italiana) me ama modestamente – ela depende de mim. O Assistant Hotel Director (filipino) me adora e eu não sei o motivo até hoje. Daí tem a geral: Head Sound & Light (chileno), Adventure Ocean Manager (mexicano), Musicial Director (ucraniano), Sports Supervisor (trinidaense), Photo Manager (indiano), SPA Manager (filipina) – tudo gente que eu me relaciono super bem. Acho que não falta mais ninguém. Gente da mais high-society do navio, de toda parte do mundo, que me gosta e me respeita reciprocamente.

Eu continuo sem motivos pra reclamar. Quando vejo a Broadcast Room funcionando tudo direitinho, tudo arrumadinho do meu jeito, eu quase morro de orgulho. Quando recebo elogios pelos vídeos novos (basicamente todos foram revitalizados!) meu ego quase explode. Quando olho pra fora da janela (tipo agora) e vejo esse marzão imenso, que não tem fim... me faz pensar que tem que ser muito retardado pra levar esse tipo de vida rodeado de água. Essa é uma coisa louca que inventaram pra que um bando de outros loucos pudesse se encontrar. Conviver com gente de 60 países diferentes (só ali em cima citei 15) não é uma coisa normal. Eu gosto disso aqui e tenho tentado curtir, porque sei que não é pra sempre (porque eu não quero que seja pra sempre).

Outro dia teve campeonato de futebol. Nosso time brazuca ficou em segundo, porque os latinos do outro time, sempre que jogam com o Brasil, quebram as pernas da gente. Aquilo passou longe de ser futebol, foi briga feia, vale-tudo. Eu dei bastante porrada também pra descontar, todo mundo deu. Quase saiu briga em todos os minutos de jogo. Mas no fim valeu a pena a brincadeira. Joguei muito, como já disse antes. Fiz gol com todas as pernas que eu tenho, de bico, de peito, de letra, de calcanhar. Só não saiu nenhum de cabeça porque era golzinho. Enfim, valeu a brincadeira, apesar da perna quebrada e doendo pelos 3 dias seguintes.

Hoje (ontem!) visitei o Liberty of the Seas, que seria meu primeiro navio, mas depois mudaram. Coisa linda! Enorme e moderno e assustador e bonito e bacana e talecoisa. Mas pra eu estar onde estou hoje é porque o destino acertou em me jogar aqui nesse navio pequeno e velho e assustador e feio e entediante e talecoisa.

Semana passada algo me fez muito feliz. Conheci 3 brasileiras (mãe e 2 filhas) muito gente finas. A gente se tornou bem amigos, saímos juntos e com certeza nos veremos de novo no Brasil. Isso fez meus 4 dias de cruzeiro bem felizes.

Tem mil coisas pra falar e ao mesmo tempo não tem nada. Tenho falado quase sempre a mesma coisa aqui (apesar de ter ficado quieto um bom tempo). No geral tenho que estar feliz, mas tem aquela coisa que falta. Me falta.

Falta.

Sabe quando você quer comer uma coisa sem saber qual é a coisa?
É essa coisa que eu sinto com essa falta que me sobra.

Tiau.
.

29.9.10

.um mês se foi



Data: 20/09/10
Hora Local (Miami – USA): 02h49
Hora do Brasil: 03h49

Tava demorando mas, agora que completou um mês, parece que o tempo voou. Da mesma forma, quando paro pra pensar, parece que estou 1 ano fora de casa, porque já faz quase 1 ano que cheguei nesse navio pela primeira vez. Tudo é igual apesar de ser tudo diferente agora.

A promoção temporária rolou, então nem deu nada por eu ter falado antes da hora. Já fazem uns 10 dias que sou chefe dessa birosca, vulgo Head Broadcast Technician. Cabine nova com janela (a famosa escotilha), TV de plasma 42” onde eu ligo meu MacPro e uso com teclado e trackpad wireless aqui da minha cama de casal enorme (de onde vos escrevo). Uma regalia e um luxo para poucos. Ganhei meia stripe, o que me faz entrar pro grupo de Staff two-and-a-half stripes (se fizer as contas, dá pra saber que eu já tinha duas). Tipo assim, ganho mais responsabilidade em todos os aspectos, não só no trabalho de broadcasting, mas nas atividades gerais da vida de marinheiro. Por exemplo, antes eu era segundo comandante da minha estação de emergência. Era quem fazia o controle de quem embarcava no life-boat (botes). Agora eu sou da parte de comunicação da minha estação nova, que controlo não só a minha como 5 outras estações. Tipo, só pra exemplificar. Sem contar que agora também devo comparecer a reuniões chatas e tenho atividades extras como Senior Staff on Duty, que controla a chegada de novos tripulantes, 2 vezes por mês. Amanhã é meu primeiro dia fazendo isso, na verdade. Tenho que ter controle das pessoas que chegaram e explicar os procedimentos pra eles, andar pelo navio e bla bla bla. Enfim, várias atividades novas englobam essa coisa de promoção. No trabalho em si mudou pouco. Meus problemas maiores são com o Satellite, que quando tem jogo da NCAA ou NFL tem que alterar as configurações e isso é chato de fazer, difícil, e até que eu consiga, recebo milhares de ligações perguntando quando o canal vai voltar pro ar. Mas é legal. É tipo o cara que chega pra instalar TVA na sua casa, que instala uma anteninha fajuta no seu telhado, mira pro satélite e capta o sinal com um receptor meia-boca até a sua TV. A diferença é que aqui eu tenho uma puta antena no teto do navio, e estamos sempre em movimento, em alto-mar, e essa antena precisa seguir a freqüência e mandar o sinal pras dezenas de receptores que eu tenho na minha sala, pra daí eu mandar cada canal pro seu devido lugar. Esse é meu trabalho, botar no ar 28 canais de TV, 24 horas por dia. Quando eu era adolescente minha mãe achava ruim eu ficar assistindo TV o dia inteiro e ser um inútil na vida. Hoje eu ganho dinheiro fazendo a mesma coisa, então acho que agora ela se orgulha. Tudo que eu faço é assistir TV dia e noite.

A parte legal é que agora eu tenho alguém trabalhando pra mim. Chegou uma Broadcast Technician pra fazer o trabalho que eu fazia. Uma menina, do México. Ela manda bem no serviço e eu não preciso mandar ela fazer muita coisa. To curtindo, porque nunca tive alguém que se reportasse direto a mim, nunca fui chefe de porra nenhuma e não sabia como eu iria reagir. Mas até que to indo bem. Já chamei atenção dela uma vez (porque não teria graça ser chefe sem fazer isso) e to curtindo o fato de ter a responsabilidade total de tudo que acontece na Broadcast Room. Se der uma merda em qualquer canal ou qualquer TV ao redor do navio, ninguém mais além de mim pode resolver. Se eu não souber, fudeu!

Mas dá medo. Receber promoção é perigoso, faz a gente querer ficar nesse negócio pra sempre. Cada vez que eu embarco eu digo que é a última vez, mas daí paro pra pensar e... porra! É meu segundo contrato aqui e já to dando step up, recebendo reconhecimento e confiança da companhia, empresa multinacional, dona do maior navio do mundo (Allure vem aí), me pagam 3 vezes mais do que me pagariam no Brasil, tenho a chance de trabalhar em qualquer continente do planeta Terra, tô sendo respeitado e reconhecido pelos colegas de trabalho, fazendo amigos ao redor do mundo e viajando nos mares das Bahamas, com uma cabine só pra mim, com uma janela que faz o sol bater na minha cara de manhã e ver as estrelas à noite, uma TV de plasma e um MacPro. Tirando a comida ruim, não tenho absolutamente nada do que reclamar por estar aqui. Claro que poderia estar melhor, se alguma das dançarinas gatas já fosse minha namorada, mas ainda é uma questão de tempo. Não fosse também a saudade da família, dos amigos e do meu carro, estaria ótimo. Nem tudo é perfeito, só que por enquanto a vida que eu levo é a melhor que eu consigo no momento.

Acabei falando só de trabalho, mas eu tinha algo mais pra falar. Talvez seja do furacão. Nos últimos 6 dias, estivemos 4 em Nassau e 2 em Miami. CocoCay está fora da rota por enquanto, por causa dos furacões. São 2 lado a lado. Earl foi embora, mas chegou Igor e algum outro que não lembro o nome. O mar está agitado e temos ficado no porto o máximo de tempo possível. O clima tá bom, porque não faz aquele calor infernal de antes. Faz calor, mas agora tem vento pra refrescar e à noite fica uma delícia.

Ah, também outro dia fui numa festinha na cabine do capitão. E, pqp! Aquilo que é vida. Ele mora num apartamento, não dá nem pra chamar de cabine. Tem sala, cozinha, escritório e essas porras todas.


Em janeiro, excepcionalmente, iremos para o México. Acho que esse navio não navega por águas do Golfo já tem bem uns 10 anos. E eu não visito um país novo já tem bem uns 10 meses. Faz falta.

Por hoje é só, folks. Vou desabilitar os comentários desse blog porque ninguém usa essa bosta mesmo. Daí pelo menos assim eu não crio nenhuma expectativa com o que as pessoas pensam sobre as baboseiras que eu escrevo. Não adianta dizer que ninguém entra aqui, porque no dia seguinte que eu posto qualquer coisa tem mais de 100 visitas, mas feedback que é bom, ninguém manda. Acho que a maioria me acha metido, se até minha mãe acha. Mas que se foda também, eu sou metido mas sou feliz. Melhor do que ser invejoso infeliz. Quem quiser saber de mim (além da Michele, que é a única que parece que se interessa), me escreva um e-mail no farion[at]gmail.com. Não me mandem scraps dizendo que eu não mando notícias, porque essa merda aqui serve pra isso e vocês também não me perguntam nada e não me contam nada, e eu nem entro mais naquela porcaria de Orkut mesmo.

Tiau. =)

.

2.9.10

.do ya haf to

Data: 30/08/10
Hora Local (Miami – USA): 12h45
Hora do Brasil: 13h45

Falar de despedidas é meio freqüente neste blog. Como dói.

O cast, meus melhores amigos, foram embora, todos de uma vez. Os 14, numa paulada só. Mel, a argentina mais gente fina do planeta (e uma das mais lindas também), e seu namorado Sal, o italiano mais gente fina do planeta. Natalie, a americana mais gente fina do planeta. Não é a toa que a gente se chama de irmão, quer dizer, de irmã. A gente se ama de verdade (mas ela ama mais o Ricardo, seu namorado brasileiro) e um dia seremos room mates em NY – eu vou segurar vela pros 2, claro. Caitlyn, a australiana mais...mais sem noção do planeta. A pessoa que me proporcionou as maiores, melhores e piores sensações da minha vida de marinheiro. A gente se amou, se odiou, fez de conta que don’t care quando no fundo sempre quis. Uma pessoa que é fácil de odiar, porque faz com que poucos conheçam seu lado amável, que eu conheci (e eu dizia pra ela: “se você fosse sempre assim, eu te amaria”). Consegue ser doce e amarga tudo ao mesmo tempo. Me ensinou inglês (indiretamente) com seu accent peculiar. Me deu os melhores diálogos pro meu filme (indiretamente). Me deu simplesmente as maiores emoções que eu poderia sentir nesse navio miserável. Nesses últimos 10 dias, desde a minha volta, a gente mal se falou, mal se viu, nem deu pra conversar como antigamente, como best-friends. Mas mesmo assim deu motivo pra me deixar agoniado por esse tempo. De certo modo, é bom ela ir embora, que assim que consigo viver mais tranqüilo por aqui. Mas eu posso dizer que no balanço geral, de prós e contras (muitos, muitos, muitos contras), foi ela que me deu os maiores motivos de felicidade nesse navio. Que se vá. Que seja feliz. Que cresça (próximo contrato já não será mais underage, então ninguém segura essa guria). Que aprenda. Que Deus te cuide, já que nunca mais vou te ver na minha vida. Eu não queria falar muito dela, mas se ela significou tanto assim, ela merecia render mais no texto. É muito estranho saber que há vida sem essas pessoas aqui (há de haver!). Mas talvez a maior perda (que logo será um ganho), foi o Johnweyne. Junto com Ricardo, é meu melhor amigo a bordo. Há 2 meses atrás eu o deixei aqui. Hoje foi ele que me deixou. Mas ele volta daqui 2 meses e a gente volta a fazer as maiores cagadas nas ilhas bahamenhas, como antigamente. De lucro, só a Paula que chegou hoje, aquela que tinha ido embora junto comigo, aquela que eu fui visitar em Floripa (junto com a Luiza, que também já está aqui a bordo. Olha que estranho isso, de a gente se ver em Floripa 2 meses atrás e agora estamos juntos aqui de novo!). Ela, John e eu formamos o melhor trio desse navio (não queria rimar, mas rimou).

Agora tô eu aqui, curtindo essa deprê pelos amigos perdidos (oh God!, tão difícil aceitar nunca vê-los novamente), ouvindo Linger (a melhor música do planeta), em todas as versões que eu tenho (umas 5), no último volume do meu super sound system da cabine.

Bola pra frente e let’s meet the new cast, meus potenciais melhores amigos pelo resto do contrato.

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25.8.10

.primeiras segundas impressões

Data: 22/08/10
Hora Local (CocoCay – Bahamas): 01h52
Hora do Brasil: 02h52

ATO I

Despedir é sempre aquela coisa ruim. Logo quando eu comecei a levar a vida que eu queria, eu tive que partir. Mas foi escolha minha, e fazer minhas escolhas também faz parte da vida que eu quero ter. Durante a semana foi uma sessão de despedidas, todos os dias vendo amigos de perto e de longe; pessoas iam aparecendo do além, pessoas que eu nem imaginava que veria. Isso tudo me pareceu um sinal de que era a última vez que eu estava vendo-os. Talvez eu morra. Talvez eles. Mas pela quantidade de gente, acho mais fácil que seja eu. Mas, bem, sobrevivi aos vôos. E tive meus melhores amigos ao meu lado até a hora da partida. Isso conforta, mas o adeus final dói bastante mesmo assim. Os vôos foram todos sob controle. Dormi 7, das 8 horas de viagem GRU-MIA. Acordei só pra comer, e só porque era de graça. (comecei com o papo de pobre antes de partir pro de rico logo mais). A imigração em Miami é sempre a mesma merda; aquela coisa de ir pra salinha onde todo mundo tem cara de terrorista e esperar horas até te liberarem, depois de algumas perguntas estúpidas.

ATO II

Incrível como já me sinto a vontade em Miami, que pelo tempo de permanência já posso chamar de segunda casa (nunca passei tanto tempo fora de Curitiba). O aeroporto era super familiar. O transporte até o hotel, que sempre é um tormento pra achar, eu resolvi fácil com uma ligação. O hotel era o mesmo. Eu já sabia o caminho, já conhecia a recepcionista e falei que lembrava dela, e pra minha surpresa ela disse “you look familiar”. Fiquei amigo do cara que carrega as malas, porque ele carregou a minha e dei 2 pila de gorjeta (já me sentindo rico) – daí depois eu ganhava carona no carrinho de golf pra sair do hotel. Lá no hotel eu também já sabia tudo o que fazer. E pra minha alegria cheguei de manhã, o que me deu um dia inteiro livre em Miami. Fui pra South Beach, o lado mais xique de Miami Beach (Zona Sul, parcêro!). Agora eu começo com o papo de rico mesmo (apesar de ter ido pra lá de ônibus). Lá a gente se sente rico. Ter um dia de turista em Miami te sobe pra cabeça. Lá só tem gente famosa, gente rica, gente metida, gente exibida. Isso faz você se sentir famoso e rico (metido e exibido eu não sei ser). Gastei como rico. Comprei várias coisas que eu nem precisava (tudo $1,99), entrei na AppleStore só pra passar raiva e, claro, tive que comprar alguma coisa porque a tentação é sempre grande. Fui também na BestBuy (outra tentação absurda), na Ross e várias outras lojas. Andei em South Beach quase de ponta a ponta. Fui até o final da Ocean Drive, que é a beira-mar. Andei na Collins e na Washington, que é a rua das baladas (e acho que vi a balada do seriado “Os Reis de South Beach”). Andei toda a Lincoln, talvez a rua mais famosa, que é tipo um calçadão da XV, mas muito mais xique, com restaurantes e as lojas mais caras do mundo: Victoria Secrets pra cima. Eu queria ter achado a NYFA que fica na Ocean, mas não achei. Tirei muitas fotos, mas duvido que eu vá te mostrar alguma. Ao fim, eu estava exausto. Tive um dia de celebridade em Miami Beach mas, que saber?!, não vale de nada fazer tudo isso sozinho. Já pisei em muito chão desse mundo, mas estar nesses lugares sem seus amigos, sem alguém pra compartilhar, não vale nada. Enquanto eu pensava isso durante a caminhada, eu ouvia Vanessa da Mata (“não me deixe só”), aquela batidona brasileira, aquela saudade de casa (já no dia que eu cheguei), saudade das pessoas que te fazem importante. Estive num dos lugares mais requisitados do mundo, no lugar das celebridades (a Copacabana mundial) e me sentindo celebridade. Uma celebridade solitária.

ATO III

Entrar no navio tem toda aquele burrocracia também. Mas depois de horas, você consegue. É gostoso retornar. É uma sensação deliciosa que dura muito pouco (só no primeiro dia e olhe lá). Só de sentir o cheiro do navio já me deu uma nostalgia enorme, lembrando da primeira vez que pisei num navio. Sim, tem um cheiro diferente, e a gente só percebe a diferença nos primeiros minutos, porque depois acostuma e fica cheirando isso pelos próximos 6 meses. E encontrar as pessoas é delicioso também. Todos vêm te cumprimentar e se mostram contentes por você estar de volta, mas também enche o saco responder 197 vezes “how was the vacation?”. Mas, no fundo, as pessoas ficam felizes de te ver porque sabem que já se passaram 2 meses desde a última vez que te viram, e nem perceberam como o tempo passou rápido e como falta pouco pra ir pra casa. Isso é chato de sentir, porque as pessoas estão animadas de estar partindo, e você só está chegando.
Encontrar os brasileiros antigos foi bom. Encontrar o chefe foi bom. Encontrar os amigos do cast foi ótimo e já sinto uma saudade enorme deles, que vão embora em uma semana. No meio da tarde alguém bate à minha porta. Eu não tive dúvidas de quem seria: “just came to say hi”, com aquela carinha que me fez perder a reação em outros tempos. As coisas que acontecem em navio são engraçadas, e diferente de qualquer coisa da terra firme. Se você não é marinheiro, me desculpe, mas você nunca vai entender. As pessoas já me atualizaram dos babados e barracos das últimas semanas. Nada muito diferente do que eu já sabia. A grande notícia é que, bem provavelmente, eu seja promovido a Head Broadcast quando meu chefe for embora. Não tem ninguém pra vir no lugar dele e, depois dele, eu sou o que mais conhece esse ship, então por isso da promoção. Mas é temporária, só até ele voltar de férias, depois de 2 meses. Mas vai ser bom pra mim, um desafio novo, coisas novas pra fazer nesse navio e não morrer entediado, e vai acariciar meu ego com carinho também. Espero que dê certo. Se não der, é porque eu fui abrir a boca antes da coisa dar certo, mas eu não me agüento. No geral, não mudou muita coisa desde a última vez que pisei aqui.

Agora vou-me, porque tenho o sono atrasado desde o Brasil, e não tenho esperança de colocá-lo em dia esta semana. Primeira semana é foda, tem muito training e meeting e o caralho a 4.

Escrevi demais. Mas problema da parede – ninguém mandou ela ter ouvidos.
.

6.8.10

.divida a dívida

Data: 06/08/10
Hora Local (Curitiba - Brasil): 03h29
Hora do Brasil: 03h29

Eu queria dizer que estou devendo notícias, mas daí eu me lembro que, honestamente, eu não devo nada pra ninguém (exceto pra faculdade - devo, não pago e nego enquanto puder).

O que me lembro é que no dia 21 de junho, no aeroporto de Miami, eu escrevi um dos posts mais sinceros e honestos deste blog. Por algum motivo sobrenatural, eu apertei "não salvar" na hora de fechar o editor de texto. Sabem o que aconteceu? É, não salvou. Lógico, é isso que acontece. Talvez por isso eu tenha ficado com raiva de chegar perto do blog e reescrever o post. Isso passou pela minha cabeça, mas tão rápido a ponto de eu desistir depressa. É impossível ser honesto duas vezes seguidas - concluí.

Minha saída do navio foi conturbada, a ponto de eu estar fora do navio, de cara com um oficial da polícia federal americana - aquele que carimba teu passaporte pra ir embora - sem saber se eu realmente estava indo embora, porque eu ainda não tinha a confirmação do vôo. Queriam me segurar por mais 2 semanas por falta de contingente (esse termo é forçado demais). De tanto eu reclamar, já diziam: - ninguém mais te segura nesse navio, né? Ninguém mesmo. Eu estava disposto a sair a todo custo. Pois bem, saí.

Agora eu dou um salto gigante pra não falar da nostalgia que vivi no aeroporto ao lado da Paulinha, que também tava vindo embora (chegamos e saímos juntos do navio), e dos primeiros dias de férias.

Aliás, "férias"? Ok, volto pro navio daqui 2 semanas. Cheguei em casa no dia do aniversário do meu irmão, e vou embora no dia do aniversário da minha irmã. Mas isso é só um parênteses. (cadê os parênteses?) - "não tive férias", é o que eu quero dizer. Assim que cheguei, mandei um recado pro meu diretor publicitário: "cheguei e estou à disposição" - doce estupidez, porque na mesma semana ele me liga oferecendo trabalho. Claro que aceitei, não sei recusar essas coisas. Trabalhei que nem um condenado (adoro falar 'que nem', mas escrever fica feio) o mês inteiro. Mas fiz o que (mais) gosto e obtive certo reconhecimento com isso. Mas trabalhei muito mais do que trabalho no navio e ganhei metade do que ganho lá. haha Daí as pessoas perguntam porque é que a gente volta pro navio...

Pois bem, das 8 semanas de férias, terei 2 pra descansar. Deve ser suficiente, apesar de não servir pra fazer NADA do que eu planejei, minuciosamente, pras minhas férias. Nada de viagem pra Buenos Aires e andar no carro da Melina; nada de viagem pra Montevideo pra ver os amigos do Manati Salsa; nada de gravar o curta-metragem do roteiro que escrevi a bordo; nada de Festival CUCO; nada de nada. No lugar disso, só o trabalho que me esgotou; a ex-namorada que veio visitar sem avisar; novos e velhos amores que não deram certo; casa nova; carro (velho) novo; futebol nas terças; e o frio filhodaputa que fez em Curitiba (chegou a -3°C, pra quem acha que é exagero).

Se eu tô preparado pra voltar pro mesmo navio, mesmas pessoas, mesma rota, mesmo trabalho e os 35°C de Nassau? Claro que não. Mas vamo que vamo. Já estou inventando coisas pra fazer a bordo. Nenhuma delas vai dar certo, mas pelo menos eu faço de conta que sim e me sinto menos deprimido desde já.

Um beijo pra quem fica.
Não sei se vou ter empolgação pra terceira temporada desse blog, porque além da falta de novidades, eu já sinto que falo com as paredes quando escrevo aqui.

"da dúvida divina, dádiva de deus" (M19)

tiau.

10.6.10

.appraisal II

Strength #1
Marcos has the strongest determination and passion for his position. He will try to solve a problem without complaining and continuously wants to make more improvement in the broadcast room.

Strength #2
Marcos has a good skill with the camera and editing and always looking to improve his ability.


Reviewer’s Comments:
Marcos is a great Broadcast technician and with a lot of potential and I consider Marcos one of the finer Broadcast Technician's I have worked with and I would love to work with him again in the near future.

7.6.10

.a solução é alugar o navio

Data: 07/06/10
Hora Local (Miam - USA): 21h31
Hora do Brasil: 22h31

Primeira vez que eu presencio um evento fechado por aqui. O motivo não vem ao caso, porque é desimportante. Mas o navio tá cheio de um só grupo. Isso significa que muita coisa é diferente, incluindo o itinerário, que não adiciona porto nenhum, mas tirou Nassau da rota. Isso parece ruim, mas é ótimo, porque, sendo assim, a gente chega um dia antes em Key West e ficaremos por lá até o dia seguinte, a famosa overnight. Todo mundo feliz, todo mundo planejando mil coisas pra fazer à noite, apesar de que não existem muitas opções a não ser ir parar num bar. Mas tá ótimo. Eu tava achando ruim, porque normalmente tenho uma festa pra gravar até 1h da manhã, que ia me prender no navio até tarde, mas com essa história de tudo mudar, cancelaram a festa e tudo que eu tinha pra fazer nesse dia. Ou seja, vou ter meu primeiro day off do contrato inteiro. Haha nada pra fazer durante um dia, a não ser zonear em terras americanas e gastar dinheiro com porcaria. O consolo é que no dia seguinte é payday, então dói menos no bolso. Overnight em Key West, lá vamos nós!

Outro dia chegamos meia- noite em Miami, por emergência médica. Não podia sair, mas o visual era lindo. Miami é linda durante a noite. O navio chegando no porto no meio daquele monte de luzinhas da cidade é algo fantástico. Isso deu uma animada no povo, que ficou no back deck até tarde da noite numa madrugada quente, só curtindo a vista e ligando pra casa (já que só conseguimos sinal em portos americanos).

Tem chovido com certa frequência. Mas é legal. Quando estamos no meio do mar, ficar apreciando os trovões é algo fantástico também. E a pergunta sempre vem à tona: se o trovão atingir o navio (ou o mar), todos nós vamos morrer? Seria legal dizer que sim, mas isso nunca aconteceu antes, então não deve ser possível. Uma pena.

Quase chegando em casa. Mais 4 cruzeiros e pá! Já fiz 52 cruzeiros aqui. É coisa, hein!? E isso quer dizer que eu já gravei as mesmas festas, os mesmos shows, mais de 50 vezes. Assim dá pra entender porque eu já me sinto entediado aqui, já faço tudo no piloto automático, não tem mais novidade.

E recebi minha avaliação final hoje, depois eu posto o texto que consta nela. Foi boa, mas minha nota foi 3, porque o chefe disse: eu queria te dar 4, mas se eu fizer isso vão ficar me questionando por que te dei uma nota tão alta. Mas tá valendo, 3 é uma boa nota, aquela que diz “supriu as expectativas”, e só de saber que eu merecia 4 (“acima da expectativa”) já tá satisfatório também.

Terminei de ver Friends. Agora devo me sentir mais entediado ainda, porque os friends me acompanharam basicamente todo o contrato, eu via toda noite, e agora não tem mais nenhum pra ver. Mas ok, eu supero, porque ainda tenho mais 200 filmes no HD. Ontem vi (pela 48o vez) Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off) e descobri da onde vem o “ok, pumpkin”. E ok, nunca comentei sobre isso aqui, mas esse “ok, pumpkin” foi bastante presente nos meus diálogos por aqui.

Sinto falta dos meus bons tempos aqui, eu consegui ser feliz por boa parte do contrato. Agora só me sinto agoniado, entediado e ansioso.

Tiau.

4.6.10

.homesick

Data: 04/06/10
Hora Local (Miami - USA): 14h49
Hora do Brasil: 15h49

Eu já tinha postado isso aqui, mas fui reler e essa parte aqui foi de doer agora.


"Em casa você não precisa se preocupar que sua família e amigos lembrem como você é, sua fisionomia, desde a última vez que saiu pra trabalhar.....8 meses atrás!"


Chorante, porque é verdade. Eu chego em casa e o Lucas tá 15 cm maior, a Paula com uma criança dentro da barriga, o Eduardo sem entrar nas roupas que eu comprei de presente, a Isadora vai falar suas primeiras palavras quando me ver: mamãe, quem é esse cara?

Eu tô muito homesick ultimamente. Que coisa de marica.

.meados de junho

Data: 02/06/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 13h49
Hora do Brasil: 04h49

Alguém sabe definir o que são meados? Eu só sei que eu perdi o fio da meada dos acontecimentos. Tanta, mas tanta coisa, que nem dá vontade de contar. Ainda se fossem coisas boas, era legal, mas nem foi. O aniversário foi uma porcaria. A festa do Spectrum é um dia pra esquecer. As pessoas que um dia você ama, no outro você odeia com uma facilidade incrível. Essa vida de navio é um mundo à parte. Na terra firme as coisas não acontecem como acontecem aqui. Meados de junho, meados de 2010, e eu cheguei nesse navio ano passado. Meudeus, parece que foi ontem.

Deixa eu tentar lembrar das coisas boas: tô com video-game na cabine e meu projetor velho de guerra, então que a galera já paga pau pra vir jogar aqui na tela grande. E eu já tô viciado em Guitar Hero e tenho gastado meu tempo livre nele (que agora tem sido mais livre do que nunca), e também assistindo o que me falta de Friends. Assisti a temporada 7 em 4 dias, credo! E pelos meus cálculos, vou terminar de ver tudo antes de ir embora. Isso significa que vou ter visto em 4 meses o que o mundo inteiro levou 10 anos pra assistir. (tá, eu sei que não sou o único no mundo a assistir as temporadas em sequência, mas deixa eu exagerar). E fazendo mais cálculos, quer dizer que eu gastei 104 horas vendo a cara dos Friends, tipo mais de 4 dias da minha existência gastos com isso. Credo! Outra coisa bacana foi ter ido, finalmente, à Cable Beach com o pessoal. Coisa linda! Na verdade, lindo é o Resort que a gente fica, usando ‘de grátis’ tudo que essa gente rica paga fortunas pra desfrutar. Ser marinheiro tem as suas vantagens. A parte ruim foi minha estupidez ao quebrar o nariz no fundo da piscina. Ok, não quebrou, mas ralou bonito e agora eu desfilo com um lindo band-aid na cara. Quando me perguntam o que aconteceu, eu digo que briguei na rua. Pra esse povo sensacionalista, essa é uma ótima estória pra se espalhar por aí. E depois da minha briga com meio mundo na semana passada, é fácil demais desse povo acreditar que minha estória da briga na rua é verdade. Como concluiu o Keu: “agora você é o cara mau do navio”.

Ontem fui almoçar num restaurante Thai com a Natalie (cantora, namorada do Ricardo) e Adam (trumpetista), depois chegaram Andy (cantor) e Maggie (youth staff). Americanos e canadenses, e eu perdido lá no meio. Mas são gente boa demais e me senti super bem na companhia deles. A Natalie é incrivelmente gente fina, pagou meu almoço como presente de aniversário (tá certo que eu paguei o almoço dela no restaurante argentino outro dia, na despedida do Ricardo, sem motivo nenhum, só porque eu também sou incrivelmente gente fina). A Paula me deu uns bottons do Forrest Gump, que eu ia comprar mesmo, mas ela pagou pra mim como presente de aniverário também. E isso foi tudo que eu ganhei por ficar mais velho. Quer dizer, teve coisa melhor e a festa do Spectrum não foi de todo ruim: brigas à parte, era supostamente minha festa de aniversário. Então que muita gente me deu os parabéns, e as 5 meninas mais queridas e lindas do navio me beijaram na boca. Uaaau! Tá, foi só selinho de parabéns como amigo, tipo como as meninas costumam fazer com seus amigos gays. Hahaha mas ok, não sou gay, tá? A Érica (dançarina), Mel (dançarina), Gillian (youth staff), Paula e Thays (brasileiras) sabem BEM disso, e foram elas que fizeram a única coisa boa da noite acontecer comigo, e eu não precisei nem pedir. Se a australiana fosse gente boa igual elas, minha noite teria sido ótima como eu planejava que fosse.

Falando em restaurante, tenho gastado demais com comida. Cada dia a gente come num lugar diferente. É restaurante thai, argentino, brasileiro, chinês, grego, italiano, hard rock, johnny rocket’s... mas a comida é boa, ruim é o preço. Só que também têm sido a única refeição do dia pra mim, porque a comida do navio já não me serve mais. Eu como pão na crew mess, e isso é tudo que eu como aqui.

Não sei o que mais tem pra contar, só sei que muita coisa acontece, mas ao mesmo tempo nada acontece. Complicado? Eu sei. O trabalho está sendo cansativo, mas no sentido de que é sempre igual. Dizer que eu faço de olho fechado não posso, porque eu dependo do olho pra trabalhar, mas se eu falar que faço o trabalho sem as lentes de contato, quase cego, vai ser verdade. As lentes venceram, não funcionam mais. Os óculos estão quebrados. Ninguém me vende novas lentes sem prescrição médica e eu não tô afim de pagar um oftalmo aqui pra me dar a porra de um papel que eu já sei o que vai estar escrito. Então vou esperar chegar no Brasil onde se dá jeitinho pra tudo e comprar lentes novas lá (aí, no caso). E eu ando agoniado, querendo ir embora logo, respirar novos ares (quem sabe Buenos Aires?), ver coisa diferente e pessoas que eu gosto. Quero saber também qual será meu próximo navio, pra poder fazer planos e dormir pensando nos próximos roteiros. Enfim, sei lá. Só 20 dias pra chegar em casa.

Me convidaram pra ser room mate em NY. Quem sabe, né? NYFA me espera.

Time to go.

Ciao!

27.5.10

.só hoje

Data: 27/05/10
Hora Local (Key West - USA): 00h58
Hora do Brasil: 01h58

Falei pra todo mundo que era 25, pra aproveitar a festa no Spectrum. Pra alguns falei que era 26, então passando da meia-noite na festa já era hora. No orkut todos pensam que é 31. Com tanta data, quase que fico sem saber também quando é o dia certo. E se passaram 58 minutos do dia 27 e só agora me dei por conta que realmente é hoje meu aniversário. E eu tô aqui, chorando igual um retardado por ter feito disso tudo um dos piores dias da minha vida.
.

12.5.10

.have you bingo’d today?

Data: 08/05/10
Hora Local (CocoCay - Bahamas): 23h47
Hora do Brasil: 00h47

Já contei do jet ski em Nassau? Se não, devo dizer também que dias atrás andei de jet ski junto com a Maria. Mas nem foi tão legal assim, o mar tava agitado e não deu pra sentar o cacete na motinha. Fiquei com má impressão, e depois de muito insistir consegui esquema pra mim e pra Johnweyne em CocoCay. Fomos de graça e foi muuuuito bom. Deu pra sentar a mão no acelerador. Era um tour com 7 jets e nós dois ficamos na linha de frente, como 1 e 2, que significa que somos mais rápidos que os outros. A gente nem curtiu, né? Imagina! E o mar tava calmiiiinho, uma água mais azul que da Lagoa Azul (juro!) e várias coisas fodas de se ver, incluindo golfinhos (sem estar em cativeiro acho que eu nunca tinha visto). Foi um dia ótimo. Agora que a gente tá aprendendo a curtir CocoCay com tudo que tem direito.

Em Key West também aproveitamos bastante. Muita, mas muita coisa é de graça pra crewmember. E a gente nem sabia. Mas fomos indo nas coisas e perguntando, e quase nada tinha que pagar, tipo museus, aquarium e blá blá blás. Tiramos muitas fotos boas também.

E o dia que falei que ia pra Cable Beach, nem fui. De última hora me ligaram pra filmar um casamento. Fiquei meio chateado, mas no fim das contas foi divertido, porque chegando lá vi que era um casamento gay. Hahaha e também não posso reclamar muito porque me deram $50 de gorjeta, fora os $200 a mais que vai cair no meu salário por isso. Que delícia, trabalhei 40 minutos pra ganhar $250. Eu faria isso todo dia sem reclamar.

Tem feito muito calor. O verão já chegou de verdade, nervoso. Eu já tô preto, né? Vou chegar em casa, em pleno inverno, preto de sol.

Ai, acho que não quero voltar pra casa. Em casa não tem jet ski; limosine; lancha; ninguém me paga $250 pra trabalhar tão pouco; não tem pôr-do-sol no mar durante a janta, e sequer tem sol, porque dizem que tá chovendo pra kct; não tem Miami pra sair e gastar dinheiro e voltar pra casa triste porque gastou mais do que deveria; não tem Nassau pra sair e voltar pra casa dizendo que não aguenta mais as Bahamas; não tem CocoCay pra usar de graça tudo que os turistas pagam caro pra desfrutar; não tem Key West pra... sei lá, Key West não serve pra nada, mas mesmo assim não tem lá em casa; não tem também gente que você conhece hoje e já considera amigo pra sempre, mesmo sabendo que em poucas semanas você vai perder contato e não fazer mais parte da vida dela (ok, essa é a parte triste, mas mesmo assim não tem lá em casa); não tem os mesmos shows, as mesmas festas, os mesmos eventos pra ver e participar sempre, e reclamar que não aguenta mais, mesmo sabendo que não existe motivo pra reclamar disso. A única coisa que tem em casa e que eu não tenho aqui são as coisas pra vida toda, como família e os melhores amigos. Se desse pra trazer um amigo por semana, ou todos juntos só uma vez em cada contrato, eu morava aqui pra sempre. Juro que tô pensando em extender esse contrato, pra passar mais tempo com as pessoas e coisas daqui, porque já sei que não volto pra esse barco, e sorte de achar outro como este, jamé!

Ainda não fui embora, mas por agora, se eu tiver que definir como foi esse contrato, eu diria que foi perfeito. (seria melhor se mais pessoas legais tivessem tempo livre igual eu, pra sair junto e tals.. mas ok, não reclame!)

Ui, enrolei demais. Eu nem queria falar isso.

Mas já falei que tem muito brasileiro homem nesse barco agora? Antes era só eu e Ricardo, e uma porrada de mulher. Mas agora tem quase nada de mulher e uns 10 piás. Credo! Sem falar que o Ricardo vai embora em 2 dias. Parceiraço, único brasileiro do mesmo departamento que eu, a gente tinha muita coisa em comum nesse barco.

É isso. Falei baboseira demais.

Tiau!

.get along gang

Data: 01/05/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 11h46
Hora do Brasil: 12h46

Acho que é primeira vez que escrevo de manhã. Tudo porque todo domingo tem a porra do Boat Drill e tem que acordar cedo. Cedo pra mim, porque a maioria do barco já tá trabalhando faz horas. Mas me deixem reclamar porque eu não tenho nada melhor pra fazer agora, e já que ninguém lê nada do que eu escrevo mesmo, eu reclamo sozinho.

A semana foi aventurada. Quer dizer, não no sentido da palavra. Mas sem falar dos problemas que me deixaram agoniado e das ironias dessa vida, devo dizer que foi bacana pilotar um jet ski em Nassau, apesar de eu estar esperando mais da coisa. Farei de novo em CocoCay, talvez. No mesmo dia, torrei debaixo do sol com a Mel, dançarina, e compartilhamos nossos super problemas dessa vida difícil que a gente tem.

Outra coisa bacana foi andar de lancha. Na verdade, um speed boat que faz um tour pela casa dos famosos em Miami Beach. Vi a casa do Rick Martin, Will Smith, Frank Sinatra, de uma porrada de outras pessoas, incluindo a casa da Xuxa que, da forma mais metida, comprou da Madonna (só pra dizer que comprou da Madonna, garanto). Também vimos a casa que filmaram Cocoon e Família Adams. E o barquinho vai rápido mesmo, tipo 50 mph. Foi divertido até. Tiramos fotos, claro.

Falando em vida difícil, acabei de receber uma ligação da Débora me convidando pra ir pra Cable Beach. Vamos de limosine. Eu disse: VAMOS DE LIMOSINE. Vou tostar de novo.

Ai que vida chata, não vejo a hora de ir pra casa.

25.4.10

.cocoquemos


Data: 24/04/10
Hora Local (CocoCay - Bahamas): 20h53
Hora do Brasil: 21h53

Essa vida é loca demais. Quando a gente quer fugir de alguma coisa, a coisa fica mais presente do que nunca. O ditado de “quem procura acha” não vale tanto, porque até quem não procura acha alguma coisa, e isso às vezes faz a gente se perder. Já se foram 2 meses de loucuras e inspiração pro meu roteiro; tenho mais 2 meses de vida à bordo da nave. O tempo passa rápido.

Falando em achar, achei 10 dólares ontem no chão. Iupi! (mas bem que podia ser 100, tsc!)

Ontem fizemos uma festa na minha cabine. Só brazucas. A gente realmente precisava fazer isso mais vezes, mas é complicado fazer bater a escala de todo mundo, tá sempre todo mundo cansado, trabalhando demais, tendo outras stuff pra fazer. É complicado. Mas foi ótimo, escutamos muito funk das antigas pra dar risada e relembrar as podreiras do nosso país.

E de sobremesa, nos encontramos todos (sem querer) em CocoCay hoje e deu pra curtir bastante a praia juntos. Pela primeira vez consegui curtir alguma coisa em CocoCay: jogamos vôlei, desci no slide (aquele escorregador de colchão de ar), curtimos um mar quentinho da nossa ilha particular, tiramos muitas fotos e tiramos um racha, eu e Johnweyne de Freitas, nos carrinhos elétricos das crianças. Hiláááááário. Não cabiam minhas pernas dentro deles, mas foi engraçado demais. Perdi os 2 rachas, mas porque peguei um carro que não tinha turbo, o Johnweyne trapaceou. Fizemos vídeo, vou tentar postar. Quis fazer o vídeo principalmente pra deixar meus amigos morrendo de inveja também, porque essa semana eles me deixaram com inveja dizendo que andaram de kart. Mas de carrinho elétrico pra crianças de 3 anos só eu! Há! E isso só foi possível porque nossa queridíssima Débora, brasileira, tava trabalhando lá nos carrinhos e deixou a gente ir. =D


Tem horas que eu não sei mais falar português. Hoje tá crítico. Já errei dezenas de palavras nesse texto, e hoje também eu queria falar de um país que fazia FRONTEIRA com outro e eu falei CONTRASTE. Tipo, comassim? Sem falar naquelas coisas básicas que mesmo falando com brasileiro a gente usa em inglês, como thank you, hi, bye, see you, sorry... ou a mais engraçada de todas: “o que você vai fazer tomorrow?”. Ontem falei pra Paula e Johnweyne: "eu tava looking for vocês". Adoro!

Brasileiro é uma coisa foda. O Brasil é foda. Seu eu não fosse brasileiro eu morreria de inveja de quem fosse.

É isso.

.mas nem tanto

Data: 19/04/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 00h29
Hora do Brasil: 01h29

Hoje eu e Johnewyne de Freitas fomos comer fora e gastamos mais do que a gente ganha por dia só pra comer. Haha Mas a gente vai naquelas de “é isso que faz valer a pena”. E realmente vale. Acho que a gente tá andando muito junto, porque até falando a mesma frase ao mesmo tempo a gente está. A gente comentando sobre “estar puto” com certas coisas, daí passa daqueles negões bahamianos oferecendo marijuana, mas claro que a gente disse que não. Mas daí uns passos à frente, depois de raciocinar as coisas, a gente solta ao mesmo tempo um “tô puto mas nem tanto”. Foi engraçado na hora, mas claro que contando não é engraçado. Enfim...

Terminei a escaleta do roteiro, a espinha-dorsal da coisa. Levei 6 horas pra escrever, sendo que 1 hora foi só pra decidir o nome dos personagens (e olha que são só 2). A coisa já tem uma cara, já tem um pontapé inicial, já tem um rumo a seguir. Agora só falta incluir os diálogos, que estão todos frescos na minha cabeça.

“a saudade tem braços
e são braços fortes”

E o mundo dá voltas.

Tiau.

PS: depois do “tiau” vi um diálogo de duas crianças aqui num filme que merece ser registrado:

- Você gosta de mim, não gosta?
- Sim.
- Você quer que eu seja sua namorada, não quer?
- Sim.
- Olha, eu não vou te beijar até eu tirar meu aparelho... e isso ainda vai levar um tempo.
- Ok.
E saem de mãos dadas.

“O amor é importante, porra!”

.o começo do fim

Data: 16/04/10
Hora Local (Miami - USA): 16h41
Hora do Brasil: 17h41

A cabeça borbulha, mas não sai nada no papel. Já tenho o filme inteiro na cabeça, mas tá difícil escrever a primeira frase do roteiro. Os acontecimentos estão todos dentro do previsto. Inclusive os imprevistos já estavam previstos. Vida louca essa de navio.

Não quero entrar no clima da crueldade de novo, mas hoje foram várias pessoas bacanas embora. A banda ucraniana se foi, os caras eram gente finas e adoravam o Brasil. A Ingrid, que era o grude da Bianca, sempre presente nas coisas particulares brasileiras (inclusive quando as meninas - Pri, Manu, Sté – vieram navegar aqui). Ela tá indo pro Liberty (meu suposto primeiro navio na companhia). Foi também o peruano gente boa da crew mess. Vocês sabem que tenho um carinho especial pelas crew messes dos navios desse mundão, e o fato do guri ser peruano me faz lembrar o Victor. Mas ele foi pra uma melhor, transferido pro Jewel, tava animado pra ir pra Europa. Vão com Deus, todos vocês. Em troca chegou de férias um security indiano que ama o Brasil e os brasileiros. Agora mesmo me viu de longe e gritou meu nome pra me cumprimentar. E é bom ser amigo deles [seguranças] também. Eu e o Ricardo nos damos bem com quase todos, porque um dia a gente sempre precisa de alguém pra quebrar um galho. Haha

Não quero falar das minhas coisas estúpidas aqui, porque vou parecer estúpido demais, apesar de eu ser estúpido demais. É o tipo de coisa que você se promete nunca se submeter na vida, mas quebra a cara logo em seguida, te fazendo parecer estúpido. Mas é a vida, a gente aprende, sempre aprende, por mais que desaprenda depois.

“O fim é belo e incerto,
depende de como você vê.”

E se esse foi o fim, pra mim foi uma bela incerteza.

um beijo.

6.4.10

.transito entre dois lados

Data: 30/03/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 22h00
Hora do Brasil: 23h00


Hoje completo 4 meses a bordo. Nem sabia que já tava perto dos 4, só lembrei hoje. Faltam só 2 meses e meio pra chegar em casa. Que rápido! Acho que tô assustado que já tá aí (nossa, acho que nunca tinha reparado como era escrever “já tá aí”) e acho que não quero que seja logo. Por mim eu ficava até agosto.

Tá passando agora “Before Sunset” (2004) na TV e tô vendo de novo.

E meus diálogos de ultimamente vão virar filme, já tô começando a anotar tudo e a pensar no roteiro. Mas cada dia acontece uma coisa nova, que se eu for colocar tudo vira um longa-metragem.

Tive dois finais num mesmo dia. Isso é engraçado. Num dia é a caça e no mesmo dia caçador.

Momentos sublimes sempre acontecem. Ver um navio chegar no porto, num fim de tarde, ainda me encanta. Ver o sol beijar o mar numa tarde quente também. Ver a lua refletir no mar, quando você está no meio do mar, também é sublime, porque a luz sempre acaba em você e tu se sente no centro do planeta. E o planeta é mesmo uma coisa pequena. Vidas se cruzam e às vezes a gente nem fica sabendo. Só pra registrar, minha amiga australiana (que tem sido minha melhor e pior companhia das últimas semanas) disse que cruzou várias vezes com o Grand em fevereiro do ano passado, quando eu estava lá. E agora estamos aqui, literamente no mesmo barco. As nossas vidas (ou pelo menos os nossos barcos) se cruzaram um dia e hoje se recruzam (sic). É coisa demais pra pensar, pra ligar uma coisa com a outra. É confusão demais. Essa vida de navio, certamente, é uma vida à parte. Você tem que reaprender tudo e passa por experiências únicas na vida, que os mortais não fazem idéia (até porque a gente não sabe explicar direito pra que eles tenham idéia de alguma coisa). A Luiza disse ontem uma coisa que é verdade, que às vezes parece que “não existe vida lá fora, que o mundo é dentro do barco”, e realmente tem vezes que a gente esquece que precisa voltar pra casa um dia e levar a vidinha normal adiante. Enfim, e só vivendo mesmo nessa Torre de Babel pra saber do que isso se trata.

Acho que o mar deixa a gente louco mesmo, porque ultimamente tenho delirado demais. E agora é minha chance de inventar uma coisa que preste, porque a sanidade da terra não é produtiva pras pessoas de sucesso. Haha (outro delírio, já sei)

Enrolei, enrolei, e não disse ainda o que queria dizer.

Hoje pilotei uma motoca em Nassau. Que delícia! A idéia era pegar jet-ski, mas não tava disponível. Então que eu e Johnweyne alugamos uma moto e saímos por aí curtindo a vida adoidado. Ri muito, porque fizemos muitas cagadas, do tipo entrar na contra-mão, furar sinal, sair da pista, podar todo mundo... tudo isso com uma motoca de 90cc que nem velocímetro tinha, mas acho que pegava 60Km/h pelo menos. Fizemos videos com nossos iPhones novos, então tento colocar aqui qualquer dia (outra coisa interessante é isso, que compramos exatamente o mesmo iPhone no mesmo dia, sem saber que o outro ia comprar. Assim como aconteceu quando comprei exatamente o mesmo Mac que a Luiza, no mesmo dia, sem saber que ela ia comprar). Mas foi muito bom sentir essa coisa de cidade, de trânsito, ver paisagens bonitas (que não se vê quando sai a pé), sentir o vento na cara e as lágrimas caindo (por causa do vento). Coisas que fazem essa vida de navio valer a pena.


Já gastei dinheiro demais esse mês, mais do que eu ganhei. Isso é preocupante. Mas tô me divertindo e feliz por ter dinheiro pra gastar, porque normalmente eu não gasto porque não tenho mesmo, haha. Mas amanhã é payday e tudo se resolve.

PS: falei que comprei lente nova pra Nikon? Acho que não. Mas é uma 50mm com f/1.8. Vou tirar muitas fotos boas nos shows agora, porque com a 18-55mm f/3.5 elas ficavam escuras. Isso que me fez gastar bastante esse mês também.

Eu nem pretendia postar, mas já passei de uma página de texto no Word.

Tiau.

5.4.10

.beijomeliga

Data: 26/03/10
Hora Local (Miami - USA): 18h18
Hora do Brasil: 19h18

Comprei o iPhone, finalmente. Eu já tava me ensaiando fazia tempo. O principal motivo era pra ligar pra Isabela, e estreei o brinquedo novo ligando pra ela, claro. Que delícia falar com ela, com a voz tão diferente, tão menininha crescida, tão querida e tão feliz por eu ter ligado de surpresa. Depois de tanto tempo sem conversar, é natural que a gente nem saiba direito o que dizer. Mas mesmo assim persistimos por longos 18 minutos tentando colocar o assunto em dia. E já prometi que vou ligar toda vez que estiver em Miami, pra gente fazer mais parte da vida do outro.

E, pelamordedeus, a gente precisa de uma coisa dessas no Brasil. Meu plano pré-pago aqui me cobra $3 pela primeira ligação do dia, não importa a duração, nem que seja de 5 segundos. Mas, também, não me cobra mais nada por qualquer outra ligação que eu faça no mesmo dia. Ou seja, posso ligar pra quem/onde quiser que não vou nunca gastar mais de $3 por dia. Que maravilha! Por que não existem essas coisas no Brasil? Por que a gente tem que sempre pagar tanto imposto pra viver aí? É caro viver no Brasil, mas a gente só percebe isso vendo de fora. Essa semana ainda li uma matéria em que o presidente da Apple recusou o convite do governo em abrir a primeira loja Apple oficial no país por conta dos impostos. Ele não quer vender seus produtos por preços absurdos, como já acontece com todo Apple no Brasil. O meu Mac eu comprei aqui pela metade do preço que vendem no Brasil. Enfim, essas coisas é que me deixam triste com relação ao meu país. Mas, de resto, o Brasil continua sendo o melhor lugar do mundo.

Meu problema é que agora tenho um iTouch sobrando. Alguém quer comprar? Hoho

Os últimos dias têm sido sublimes. Teve festa ninja x pirata esses dias e também foi bacana. Ontem assisti o remake de Psicose e American Pie 2, bem acompanhado, dando risadas (das coisas trash de um filme e do besteirol do outro) e dos diálogos que surgem durante os intervalos. Eu precisava escrever tudo que eu escuto, porque por enquanto tá só na cabeça e acho que vou esquecer um dia. Mas to tentando manter fresco na memória porque isso vai me render um bom roteiro um dia.

- Kiss me.
- What’s the magic word?
- “Kiss”.
- No, say the magic word.
- “The magic word”.
- C’mon, you know the magic word.
- No.
- Starts with P.
- Por favor.
- I don’t speak spanish.
- But you understood what I said.
- I don’t like to play games.
- I’m not playing games with you.
- You are pressing all the wrong buttons on me, buddy.
- And you know how to be sweet when you want.
- Yes, I know.
- So keep doing that.


- Por hoje é só, pessoal. Diga tchau, Lilica.
- Tchau, Lilica.

21.3.10

.quando o inverno chegar

Data: 21/03/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 20h39
Hora do Brasil: 21h39

Daqui 3 meses o inverno chega ao sul do mundo pra me recepcionar em casa.
Depois de ter tido um ano inteiro de primavera/verão em 2009, terei um 2010 de outono/inverno. Essa vida de ficar viajando de norte a sul te faz dessas.

Eu queria contar algumas coisas, mas já esqueci o que era. Hoje tivemos um dia de sol em Nassau, finalmente vi calor de verdade. Mas não fui à praia, ainda. Irei nos próximos dias, porque passar 6 meses morando nas mais belas praias do mundo e não desfrutar delas, é coisa de gente burra.

Hoje Senna faria 50 anos. Já faz 16 que ele morreu, nem parece. Me lembro de tudo como se fosse semana passada. “Importante é vencer. Tudo e sempre”. Levo isso em mente pra onde eu vou.

E a vida aqui segue normal. Vivendo bons momentos ao lado de pessoas loucas. Um dia bebendo vodka, outro vinho, ontem foi um luxo bebendo champagne com a Bianca, mas a cerveja no back deck sempre rola, só pra dar aquela rebatida no dia que se acabou. De vez em quando as boas companhias aparecem pra não me deixar dormir cedo (como se eu fizesse questão).

É isso.

Tiau.

.de luto sem fugir da luta

Data: 19/03/10
Hora Local (Miami - USA): 16h31
Hora do Brasil: 17h31

Se me faltava um motivo pra chorar, agora não falta mais. Keu me escreveu hoje, com poucas palavras, acabei de ler o e-mail: a Tia Beth faleceu ontem. Tia Beth, mãe do Roger, meu irmão de coração. Logo, era minha mãe também. Passei bons momentos ao lado dessa família: aniversários, natais, viradas de ano ou simplesmente aquele churrasco no fim de semana sem motivo especial. Mas agora a Tia Beth se foi e sequer estou por perto pra dar um abraço nos meus amigos-irmãos, e não estive por perto pra estar ao lado dela enquanto ela esteve doente.

Esse sentimento de impotência é o que mata por aqui. Isso acontece a qualquer momento, qualquer dia, não existe como saber. Te faz pensar que pode acontecer com a nossa própria mãe, com nossos irmãos, a qualquer momento, e tu não pode fazer nada estando aqui, longe de casa. Isso é triste e dói.

Que ela esteja bem agora, num lugar confortável em qualquer lugar do espaço. E que meu irmão Roger, assim como a Ale e Pati, tenham forças pra suportar a perda e levem a vida adiante, ao lado do Seu Jorge, que provavelmente será o que mais vai se sentir só.

Aqui ficam meus sentimentos e minha saudade da Tia Beth, que me chamava de filho.

Adeus.

.festa no gueto

Data: 18/03/10
Hora Local (Key West - USA): 23h14
Hora do Brasil: 00h14

Desde que eu cheguei que eu queria fazer festa na minha cabine, mas nunca rolou. A gente fez essa semana, meio que sem querer. Foi bacana, brazucada reunida. Ouvimos música, vimos música, tocamos música, cantamos músicas e bebemos, claro. Fui dormir 6h da manhã nesse dia. E como disse o Johnweyne: - “é isso que faz valer a pena”.

Sei que alguém reclamou pro meu supervisor, mas alguém tão bundão que não teve coragem de vir reclamar pra mim, foi falar pro Jason. Mas nem dá nada, ele é gente boa e só me contou isso, não falou pra brigar. Como ele sempre diz: - “I don’t care”.

Não sei se já falei isso, mas já passei da metade do contrato. Dos 204 dias que devo ficar à bordo, já cumpri mais de 100. Mas nem tô preocupado com isso, “deixa a vida me levar, vida leva eu”.

E eu fico com medo da maneira que as pessoas me conhecem. Quando gringo fala umas verdades que eu ouvia no Brasil, eu começo a ficar com medo, porque quer dizer que é verdade mesmo. Tipo, a australiana me disse hoje que eu sou dramático. Todo mundo me fala isso no Brasil, mas ouvir de gente de fora é foda. Acho que eu sou dramático mesmo então. Hahaha mas foi engraçado, porque ela é louca também, age diferente do que fala. Mas eu tô tendo good times, a gente ri bastante com essas histórias, incluindo essa de eu ser dramático.

A melhor coisa do dia foi receber e-mail do Victor. Lembram dele, do Peru, meu mlehor amigo do contrato passado?! Então, me escreveu o primeiro e-mail desde que embarcou no Emerald Princess em novembro. Disse que está com Hilda (Peru) e Tamas (Hungria) no navio, que o salário tá melhor que no Grand. Fiquei feliz de saber, feliz de receber notícias. Quase chorei, coisa que eu não faço desde o Brasil (exceto o dia que eu acordei chorando aqui, mas foi coisa de sonho, não porque eu tava triste). Mas depois disso, quase chorei também com alguém contando que foi em busca dos sonhos em outro país, que teve dias difíceis, mas que só chorou quando decolou ao sair do Brasil. Comigo aconteceu isso também, da vez que fui pra SP e da primeira vez que fui pra um navio. A ficha só cai mesmo quando o avião decola. Pensar que aquela é a última vez que tu tá vendo sua terrinha pelos próximos 6 meses é algo que dói. Enfim, só fiquei no quase hoje.

E, putz, hoje voltei a investigar os cursos de cinema da escola de NY. Tem em vários países, mas eu queria mesmo ir pra Hollywood ou Harvard, só que NY é tentador também, sem falar em Miami. Já passei na frente da escola de Miami sem saber, fica em South Beach. Se eu conseguisse desembarcar do navio e já ficar em Miami, seria jogo demais fazer o curso. Mas não é uma coisa pra agora, só que fico agoniado querendo fazer logo.

- I hate you.
- You love me.

Vô lá. Tiau.

.sea sick, blééé

Data: 13/03/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 20h16
Hora do Brasil: 22h16


Já tem 3 dias que acordo com dor de garganta, sintomas de gripe e sem vontade de comer. Aliás, estamos em alerta porque há um vírus no ar e os cuidados de higiene estão redobrados. Deve ser isso, o bichinho do rum-rum me pegou primeiro.

Acabamos de chegar em Nassau pra mais uma overnight, mas acho que não vou pro Bambu, não. Doente, cansado e sem vontade de ver agumas pessoas.

E as coisas continuam mudando rápido por aqui. Hoje tá tudo lindo, amanhã tá tudo feio, no outro dia já tá diferente de novo. São complicadas essas coisas, pior do que novela mexicana.

Chegou uma brasileira nova, mas mais da metade dos brasileiros tá indo embora em menos de 2 meses. E eu tô na metade do caminho. 3 meses e meio a bordo, 3 meses e meio pra ir embora. Agora a contagem é regressiva, pelo menos. Mas não tô importando muito com isso, não tô com tanta pressa de ir embora. Embora algumas coisas me dêem motivo pra querer ir, mas nada tão grave assim pra me fazer pensar no assunto a sério.

Assisti “Before Sunset” (2004) de novo e continuo gostando do filme. E gosto de rever filmes com pessoas que ainda não viram. Gosto de ver a reação das pessoas em determinados momentos. E me orgulho de não ser daqueles que ficam contando o filme ou falando qualquer coisa no meio. Me seguro e fico em silêncio. E nesse filme em questão é essencial isso, porque aqueles 10 segundos de fade out no final dão todo o toque especial. Se eu falar “acabou” com 3 segundos de black não tem a mesma graça de fazer as pessoas se darem conta por elas mesmas de que o filme acabou, só depois de aparecer o nome do diretor depois de um longo vácuo pra refletir. E as reações são sempre ótimas e as mesmas pra esse filme em questão: - “What? He didn’t get her?”. Eu disse o mesmo, em português, claro, quando vi o filme pela primeira vez. A frase final do filme é uma das minhas prediletas:

- Babe, you are gonna miss that plane.
- I know.

Eu tinha um diálogo pra escrever (não de filme), mas esqueci qual era. Mas uma frase da semana que marcou (não muito positivamente) foi essa: - I know. Everybody knows!

Tiau.

6.3.10

.friend benefits

Data: 06/03/10
Hora Local (At Sea): 02h47
Hora do Brasil: 04h47

Tive uma das conversas mais engraçadas da minha vida. Um misto de amor e ódio, de rir pra não chorar, e de bastante sinceridade, verdade, honestidade. E as verdades é que são engraçadas. No fim, tudo se resolve.

Eu peguei mania de decorar diálogos de filme. Também pudera, assisto o mesmo no mínimo 8 vezes desses que passam na TV. E algumas falas fazem sentido agora.

- He said that he loves her. Please, tell me that you don’t love me.
- I hate you.
- Oh my God, I looove you!
- Why did you say that you love me?
- I didn’t say that I love you, I said I looove you.
- Ahã.
- If I say with american accent is different when I use the UK accent.
- Ahã. My english is so perfect that I can understand when an australian say something with american or UK accent.
- HAHAHAHAHA


Adoro!

.enquanto isso

Data: 05/03/10
Hora Local (Key West - USA): 01h29
Hora do Brasil: 03h29

Mesmo distante de casa, um dos vídeos que editei para o GG, como introdução ao seu recital de poesias, foi premiado com Menção Honrosa no Festival do Minuto e essa semana recebemos um e-mail dizendo que concorre como Melhor Video-Minuto de 2009. Vai ter premiação e tudo, num evento no MASP dia 10. Fico feliz com a indicação e triste por não poder comparecer. E também feliz de ver que mesmo de longe eu ainda tenho conseguido me fazer presente no meio ao que eu faço parte. Getúlio vai me representar no evento (e na verdade o vídeo é mais dele do que meu, porque eu só editei e inscrevi nos festivais). Mas é legal ver um trabalho despretencioso colhendo frutos assim.

Pausa para um déjà vu.

Pessoal da PULP também me escreveu querendo fazer mais alguns trabalhos juntos. Fica um pouco difícil agora com a distância, mas vamos tentar.

E por aqui vai tudo na mesma. Ultimamente só tenho escrito delírios e devaneios aqui, mas não tem muito o que falar do trabalho. Já domino todas minhas ferramentas por aqui, recebo mais elogios do que críticas (bem diferente do outro contrato onde elogio não existia e críticas eram dezenas diariamente). Enfim, tá indo tudo bem. O trabalho tá tranquilo e eu tenho tempo livre suficiente, posso acordar tarde quando quero (e eu tenho querido todo dia). Não tenho saído muito do navio e quando saio é pra usar a internet em alguma Starbuck’s ou Hard Rock Café. E ultimamente o back deck (vulgo crew bar) tem ficado mais animado. Acho que o novo cast (singers and dancers) realmente trouxe mais movimento pras coisas por aqui. Pelo menos pra mim, significou bastante movimento. Sinto falta do cast antigo, mas também gosto muito do atual. São as pessoas com quem eu mais me relaciono socialmente, com exceção dos brasileiros, claro.

E as coisas continuam acontecendo rápido. A gente sempre paga o preço da crueldade pelas nossas decisões (tomadas e não tomadas).

Tiau.

.ôh, marinheiro, marinheiro

Data: 02/03/10
Hora Local (Miami - USA): 01h07
Hora do Brasil: 03h07




Meus amigos são retardados mesmo. E eu não vivo sem eles.
Já passou faz tempo, mas me mandaram um video no Ano Novo e no Carnaval, festando, mas lembrando de mim, cantando a música do marinheiro d’Os Paralamas. Fico feliz com a lembrança sempre, mas já disse que fiquei mal acostumado. Se não chegar nada na Páscoa eu já vou reclamar.

Falando em marinheiro, devo dizer que dia 27 passado completei 1 ano de mar, 1 ano que embarquei pro meu primeiro contrato. E posso dizer que foi o ano mais rápido, mais intenso, mais diferente e, talvez, mais importante da minha vida até agora. Não tô muito afim de fazer um balanço de tudo agora, mas sei que no saldo geral sai positivo. Tudo tem seus prós e contras, e os contras daqui são bastante cruéis, mas a gente sempre tenta pensar nos benefícios pra suportar as dores.

Falando em dores, devo dizer que eu já sabia que os sentimentos no mar são centenas de vezes mais intensos do que na terra. Quem você conheceu hoje pode já ser seu melhor amigo amanhã. Ou também seu melhor amigo pode estar indo embora amanhã e você nunca mais vai vê-lo na vida. Isso eu já sabia, isso eu já tinha sentido. Mas sempre existem sentimentos novos pra conhecer, pra aprender, pra esquecer, pra doer. Sentir saudade de quem ainda não partiu também é uma coisa que dói. Começar um relacionamento de amizade, de amor, profissional, com data marcada pra acabar é algo cruél, mas é assim que acontece aqui, não existe escapatória. Enfim, vou parar de delirar a respeito. Eu só queria dizer que a pessoa que sai daqui é diferente da que entra. Isso acontece com todo mundo, e se você pensa que tu está mudando, tem que pensar que todos à sua volta também estão, todos vivem um transtorno interno e isso te faz pensar mais no próximo também, a tentar entender o outro com todas suas mudanças, por mais que você não aceite. E tentar aceitar o outro com todas suas mudanças, por mais que você não entenda. Ninguém volta pra casa com o mesmo peso na bagagem (porque a gente sempre compra tudo que vê pela frente, haha, mas não é nesse sentido que falo), tudo é aprendizado pra vida, profissional e pra sempre. Mas tudo acontece da forma mais cruél.

Por falar em cruél, a crueldade maior é ficar sem entender por que tudo isso acontece na nossa vida, é ficar sem entender e sem saber como será o amanhã, porque tudo que você passa aqui você nunca espera, cada dia é uma coisa nova, e esse ritmo te faz pensar que amanhã será diferente de novo, mas diferente como? A gente nunca sabe, e isso é cruél. Eu sei que isso é pra qualquer lugar do mundo, mas aqui é mais intenso e imprevisível. Se vai ser bom ou ruim a gente nunca sabe. E mesmo que seja bom, uma hora vai ficar ruim, porque você sabe que vai acabar.

Por falar em nunca saber, eu disse no post passado que queria algo bom acontecendo, alguma surpresa, alguma coisa pra movimentar as coisas por aqui. E isso realmente acontece e me deixa feliz, mas ao tempo tempo deixa triste do ponto da crueldade. É pior do que ter o pirulito roubado, porque aqui a gente já sabe que vai ser roubado uma hora, só resta esperar. O saldo ainda é positivo, porque em algum momento você teve aquilo nas mãos e aproveitou enquanto foi possível, mas antes mesmo de você fazer planos com a coisa você já não mais a tem. Coisas vêm e coisas vão numa velocidade absurda. O ontem aconteceu hoje. O amanhã já está acontecendo. O presente já começa acabando.

Por falar em tempo, é hora de ir, porque eu duvido que você entendeu meia linha do que eu escrevi, até porque nem eu ainda faço idéia do que elas dizem. Mas tudo aqui dói.

Adeus.

22.2.10

.lá vôeu, lá-vô-eu

Data: 14/02/10
Hora Local (Miami - USA): 15h26
Hora do Brasil: 18h26

Agora tudo volta ao normal. Depois de 2 cruzeiros seguidos de 3 dias e depois de dry dock, finalmente volto a trabalhar pesado. Finalmente nada, porque pra mim tava bom como tava. Cruzeiro passado foi bom. Manu, Pri e Sté com o namorado Rafael, dos tempos da faculdade, vieram fazer cruzeiro aqui. Coisa boa demais ouvir sotaque curitibano, lembrar de histórias da faculdade e conversar sobre a realidade da nossa cidade, da nossa profissão (que é a mesma, lógico, já que nos formamos juntos). Falar literalmente a mesma língua é bom demais. Pena que acabou, ela se foram essa manhã. Mas curtimos bastante, saímos juntos, bebemos, comemos, dançamos, tudo como tinha que ser.

Pra fechar com chave de ouro, hoje fui no Camila’s, restaurante brasileiro. Coisa boa demais comer comidinha com gosto de casa, ver carnaval na Globo Internacional, Video Show, novela da tarde, falar português com o garçom, pudim-de-leite e café preto depois do almoço, com bala de menta ‘roubada’ no caixa. Só seria melhor se desse pra pagar com Real.

Se o tempo passa rápido ou lento eu não sei dizer. Se eu quero que ele passe rápido ou lento, tampouco. Só quero que coisas boas aconteçam, como a visita das meninas. Se alguém mais quiser vir, tá super convidado. Pagando a passagem pra Miami, eu juro que pago o cruzeiro pra quem vier me visitar. Juro!

Tiau. Bóra trabalhar porque carnaval não existe por aqui.

.eva

Data: 05/02/10
Hora Local (Freeport – Bahamas): 04h06
Hora do Brasil: 07h06

Não resisti à tentação. Não tive a mesma sorte que a mulher da costela, porque a minha maçã já veio mordida. BTW, tô feliz com a aquisição. Depois que descobri (um dia antes) que existia desconto de 8% pra funcionários da Royal Caribbean na Apple Store, não pensei meia vez pra decidir comprar o quanto antes. Comprei em Miami Beach, porque não basta ser humilde (mentira – era a loja mais perto). Caía o mundo, tempestade forte. São Paulo deve se orgulhar, porque Miami também alaga. Mas não quis nem saber. Era o último Miami antes de ir (vir) pro Dry Dock e eu não conseguiria resistir mais 10 dias até voltar pra lá. E com os 7% a mais de impostos com menos 8% de desconto, o preço ficou basicamente original. No Brasil eu pagaria o dobro do preço, sem qualquer exagero. Bem, tô feliz. Só me falta agora ir atrás de softwares pra deixar o brinquedo novo mais divertido.

Falando em Dry Dock, a coisa aqui tá corrida (e divertida). Tudo de perna pro ar. Hoje tirei fotos, mas filmo todos os dias. Actualmente (sic) estamos fazendo um documentário da coisa, dia-a-dia. Se eu não enjoar, vai ficar bacana.

Semana que vem a Priscila e Manoela, dos tempos da faculdade, vêm fazer cruzeiro aqui. Bacana! Não vejo essas pessoas desde a faculdade (tss, muito tempo atrás – odeio parecer velho) e por ironia do destino vamos nos encontrar a milhares de quilômetros longe de casa, no meio do mar. E só pra abrir um parênteses (eu nem ia abrir parênteses, mas abri só pra não me contradizer), a porcentagem de pessoas da faculdade que vive fora do Brasil é enorme. Difícil é achar alguém que ainda vive em Curitiba. O mais legal de tudo isso é que ninguém imaginava essas coisas pra vida – mi tampoco.

Tiau. Quatro da manhã e eu preciso acordar às oito. Tenho trabalhado mais do que em dias normais (enquanto a maioria trabalha menos da metade que o normal. Mas como diz a Bianca: - “um dia você ia ter que trabalhar”)

.do ya have to let it linger

Data: 30/01/10
Hora Local (Miami - USA): 03h40
Hora do Brasil: 06h40


Fiquei protelando o post e acabou passando do dia duplamente especial. Na verdade, só lembrei da especialidade dele nessa madrugada sem sono.

Ontem completei 2 meses aqui. Ao mesmo tempo que parece que cheguei ontem, parece também que vivo aqui faz uma eternidade. Mas não me sinto cansado e nem enjoado disso, e acho que essa é a energia certa pra esse momento, pra que eu termine esse contrato sem sofrer tanto.

Ontem também foi um dos shows d’Os Cranberries no Brasil. Um dos 4 shows. Mas foi o dia que eu me prometi chorar agarrado na minha camiseta “south american tour” que eu comprei, mas que ainda nem vi (deve ter chegado lá em casa por correio). Bom, nem chorei. Acho que é porque não tinha a camiseta. Mas quase chorei por lembrar que eu prometi chorar nesse dia. Enfim, antes que eu chore e pareça tiete demais, vou parar por aqui no assunto. Mas depois de 19 anos de história sua banda predileta faz o primeiro show no seu país e você sequer está no seu país pra sequer pensar se quer ir no show é realmente triste.

Na real nem posso chorar. Fui no médico nos dois últimos dias, e tenho que ir hoje de novo. Simplesmente apareceu uma coisa branca no meu olho. Quando notei isso achei que eu tava ficando cego. Corri pro médico. Ele disse que é uma inflamação na pupila. Pelamordedeus (sic), eu nem sabia que isso era possível. Me deu 2 colírios, um tampão de olho e me pede pra voltar sempre no dia seguinte pra ver a evolução. Se não evoluir, tenho que ir num oftalmologista em Miami. Mas pra minha alegria tá evoluindo, a coisa branca tá sumindo. E a única explicação é a lente de contato. Que merda!

Uma parada que eu comentei no twitter mas não aqui, é que semana passada teve Sport’s Deck exclusivo pra crew, plena madrugada. Escalei e joguei futebol (tss, futebol tosco, de golzinho e nem tinha lateral). Na escalada até fui bem. Cheguei no nível 4/5. No futebol, meu time de latinos (eu era o único brasileiro) chegou na final. Empatamos em 1x1 e foi pros pênaltis. Todo mundo acertou, menos eu. Como bom brasileiro, eu era a estrela do campeonato. Pra fazer os times eu só ouvia “o brasileiro é nosso” pra todo lado. Coitados. Eu não quis decepcioná-los, até que joguei bem. Mas na disputa de pênaltis a pressão foi grande em cima de mim, ficaram me vaiando (sacanas!) e eu fui lá e afundei o título chutando na trave. Minha desculpa foi que o navio balançou bem na hora, mas não colou. Tudo bem, primeira medalha de prata numa competição internacional. Tá de bom tamanho. Há!

Daqui 2 dias tem Dry Dock. Trabalhar num navio fora d’água vai ser uma experiência bacana, sem falar que é um porto diferente pra conhecer nas Bahamas: - “Freeport, here we go!”. O risco de acidentes e incêncdio é grande. No último foram 3 incêndios. Vou tentar não morrer em um deles, porque farei parte de equipes de “fire patrol”, que nada mais é do que procurar focos de incêndios ao longo do barco - todo mundo ganha “funções especiais”. Safety first!

Tá passando Casino Royale na TV. Bond vai pra Nassau e no primeiro take aparece o Atlantis Resort & Casino de fundo (não é o cassino do filme – que fica em Montenegro), que por acaso é a mesma visão que eu tenho a cada 3 dias atracado em Nassau (na bem verdade é a Paradise Island).

“I like big butts n’ I can not lie” – nunca pensei que eu fosse assistir Friends.

.what’s the matter, velhinho

Data: 21/01/10
Hora Local (Miami - USA): 17h34
Hora do Brasil: 20h34

“Fala sério
o que é que há

o que falta enxergar
nessa noite de luar
nesse dia devagar”


Eu gosto quando a polaca fala: “eu gosto quando o HG fala ‘estaremos sempre sob a mesma lua’”. Ontem a lua estava amarela, como uma lua de mel. Meu café em pó solúvel, minha fé em nós, meu chocolate de leite, o tempo sobrando e a brisa no rosto do back deck. Pequenos prazeres. Poucas vogais.

“Ciao, I dont wanna be ya”.

28.1.10

.appraisal

"Marco is a pleasure to work with, he as picked up on his position extremely quickly and is improving in his skills every day. His work ethic is very high and he's becoming a dependable member in broadcast. The skills he has brought to the team has been at a high quality and I think he will do well at the end of his contract."

Nota-se uma grande diferença (opostos extremos) das minhas avaliações do último contrato e desse.

18.1.10

.é só um PS

Data: 18/01/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 01h33
Hora do Brasil: 04h33


- tô na parte II d’O Poderoso Chefão, mas 3 horas de filme cansam bastante e eu acabo dormindo.

- cruzeiros de 3 dias cansam mais do que de 4 dias. De 3 dias trabalho pouco, e o tempo livre cansa mais e demora a passar. Os de 4 são bastante ocupados e passam voando.

- tá faltando emoção nesse navio. Nada acontece, ninguém novo pra trazer movimento pra nossa vida. Sinto falta da Helencoptero (era o nome de guerra da Helen no Adventure Ocean, haha). Era a única pessoa que eu tinha intimidade pra ligar no meio da noite pra falar nada, pra perguntar “o que você tá fazendo?” e ela dizer “let’s drink something”. Pros brasileiros dá medo e dó de ligar, porque todo mundo trabalha bagarai e posso acabar acordando alguém. O sono aqui é sagrado (pelo menos deveria) e eu respeito.

- faltam só 5 meses.
.

.todo poderoso

Data: 14/01/10
Hora Local (Key West - USA): 00h40
Hora do Brasil: 03h40


Tem dias que a gente se sente bem. Mas no mesmo dia tu pode se sentir péssimo pelo mesmo motivo que te deixou bem. Bom, eu ainda estou na parte de me sentir bem. Mas o Ricardo (Brasil) não teve a mesma sorte. Espero continuar como estou.

Ontem foi aniversário da Helen (Canadá) e teve festa na casa de máquinas com a máfia filipina, no melhor estilo undergroung (literalmente, porque é no deck 0). Mas nem fui, só fiquei sabendo, porque depois ela apareceu lá no back deck pra gente beber uma cerveja e comemorar. Comemorar e despedir, porque ela vai embora dentro de poucas horas. Vou sentir saudades, porque ela foi uma boa companhia nos últimos dias.

Finalmente saí em CocoCay, que é a nossa ilha particular. Fazia frio, mas menos que o normal. Ilha lindinha, parece de boneca, tudo colorido, arrumadinho e pequeno. Um mini-paraíso, sem dúvidas. Preciso voltar lá pra aproveitar mais as coisas. Dessa vez só fiz snorkel com meu próprio equipamento (ui, até parece que é muita coisa) e tirei fotos. Eu tenho sorte, porque metade do navio tem que trabalhar lá quando atracamos, mas eu sou um dos poucos que não.

Hoje saí com Ricardo em Key West, mas foi engraçado porque nosso clima estava total oposto. Eu animado e ele puto com tudo. Haha e comemos fora, no Sloppy Joe’s, super tradicional por aqui. Pra minha alegria, vi no menu “buffalo chiken” e pensei “háá! agora eu sei o que é isso”, e pedi sabendo o que esperar da comida. Haha

Achamos uma loja de coisas usadas. Tinha de tudo. Comprei a trilogia “The Godfather”, vulgo “O Poderoso Chefão”. Paguei U$25. No Brasil tá R$100. Tudo bem que é usado, mas o que importa é o conteúdo, não a capa.

Estrangularam uma mulher no navio da MSC no Brasil. Bacana, né? Não estamos com fama boa no mundo marítimo. Nem o crew é feliz ganhando pouco no Brasil (brasileiro não dá gorjeta, e a maioria vive de gorjeta aqui), nem a companhia é feliz sendo obrigada a contratar 30% de brasileiros em cada navio, e ter que aturar a moleza desse povo que embarca nessa vida pra se divertir, chega atrasado no navio e só fala português. O resultado disso é ter o Brasil no topo das demissões nos navios. Legal pra nós, continuem assim, pessoal!

Não sei what’s going on tonight, vou lá no bar conferir.

Bye!

12.1.10

.miami, bitch

Data: 11/01/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 21h49
Hora do Brasil: 00h49

Fui pra Miami Beach com gente do mundo inteiro. Colômbia, Canadá, Suiça e Austrália. Um mix bacana pra ir conhecer a praia dos famosos. Devidas proporções, é como o calçadão de Copacabana/Ipanema. Comemos por ali. Caro, claro. Mas de vez em quando é bom se sentir rico, porque ser pobre todo dia não dá.

A canadense se tornou minha amiga, mas pena que ela vai embora em 3 dias. Hoje foi embora o Thiago, um brasileiro que não aguentou o tranco e pediu pra sair, com apenas 3 semanas. O Hans e a Lima vão embora logo também, dois brasileiros dos bons. Pessoas legais têm ido embora e nenhuma tá chegando. Que droga!

Fomos no Bambu de novo essa semana. Mas nada demais. Além da companhia dos mesmos amigos de Miami Beach, não interagi com mais ninguém. Aliás, só voltei embora com duas das meninas mais lindas do navio (USA e UK), dançarinas, trêbadas, que não sabiam o caminho de casa. Pena que eram 3 da manhã, sem nenhuma alma-viva na rua pra testemunhar meu feito. Quando eu conto pra alguém, ninguém acredita. Nem vocês. Elas (e todo cast) também vão embora daqui uns dias.

Espero que o cast novo seja bacana como o atual. Meus melhores amigos são eles.

Muita gente vai embora por causa do Dry Dock, que vai de 1 a 9 de fevereiro. Ficaremos atracados em Freeport, que é outra ilha das Bahamas. Provavelmente fará frio, porque é mais ao norte. Quem fica, trabalha bastante pra organizar todas as mudanças. Mas esse navio precisava mesmo participar do Lata Velha. Vou escrever uma carta pro Caldeirão.

Apesar de todas as coisas ruins e velhas que têm nesse navio, eu acho que tive sorte de cair nele. Itinerário péssimo, mas minha vida é boa. Tenho tempo sobrando, posso dormir bastante. Realmente eu aprendi a fazer meu trabalho e já domino tudo que me diz respeito. Ainda tem coisa pra aprender, claro, mas são coisas além das que competem a mim especificamente.

Eu tenho um projetor na minha cabine agora. Cinema em casa, há!

Tiau.