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31.12.09

E ano novo também.

Data: 31/12/09
Hora Local (Key West - USA): 22h39
Hora do Brasil: 01h39 (já em 2010)

Isso é hora de blogar?

Por incrível que pareça, hoje quase não fiz nada. A respeito de trabalho, no caso.
Saí com os brasileiros. Compramos coisas e gastamos nosso salário na Ross, depois comemos num restaurante chinês. Meu biscoito da sorte disse que receberei pessoas ricas em cultura e talento na minha casa.

No Brasil já é próximo ano. Aqui somos atrasados no tempo. Vai ter festa, assim como no natal. Mas quero ver se frequento a festa de passageiros, porque tem muitos brasileios a bordo e fiz amizade com vários. E também pra aproveitar essa ‘regalia’ que minha função permite.

Tive o sonho mais estranho da minha vida na noite passada. Mas não vou contar. Só queria deixar registrado.

Enfim, é isso aí.

Ano novo, vida velha, e que seja feliz quem souber o que é o bem.

28.12.09

7 dias vão...

... e eu nem fui ver.

Data: 28/12/09
Hora Local (Miami - USA): 21h41
Hora do Brasil: 00h41


Um mês passa rápido. Só faltam mais 6.

O título que eu queria nem essa esse. Pensei em algo “estou falando com as paredes”, mas daí lembrei que tô completando um mês aqui. Também queria citar algo relacionado a botar fogo no navio, mas seria absurdo demais.

Enfim, pra resumir os 3 títulos, só queria dizer (engraçado isso de “só queria dizer”, porque eu penso milhões de coisas pra escrever aqui, mas começo a escrever e perco a vontade) que o mês passou rápido; que me sinto falando com as paredes (isso explica os parênteses de antes e o próximo), por isso demoro tanto pra postar; e que ontem quase botei fogo na cabine. A TV explodiu. Na verdade, eu explodi só o fusível da fonte 110, porque aquela luzinha vermelha me irritava pra dormir – era a única fonte de luz da cabine inteira. Mas a TV explodiu por sua conta própria, quando eu liguei ela no 220 - que funcionava até o momento. Saiu tipo MUITA fumaça de dentro dela. Eu joguei ela dentro do banheiro – quase que não entra – porque a fumaça ia ativar o alarme e acionar a Bridge, e fiquei abanando o sensor pra não ir fumaça nele. No fim das contas, tive mais medo de ativar o sensor do que de a TV pegar fogo. Resumindo a tragédia, primeiro queimei a tomada 110 e com isso fiquei sem TV; depois explodi a TV na tomada 220 e, com ela, queimei também a 220 e, com ela, fiquei sem frigobar. Sem energia, sem TV, sem frigobar, sem computador e o pleisteichon que eu nem tenho, ou qualquer coisa de ligar na tomada. Antes mesmo de ter a idéia de fazer um gato no fio de luz eu desisti, porque a tragédia estava acontecendo em cadeia e tinha tudo pra continuar dando merda. No fim das contas, preciso dizer o que fiquei fazendo o resto da noite? (esses parênteses são só pra explicar o anterior)

Só não fiquei literalmente falando com as paredes porque trouxe livros comigo (adoro contextualizar ‘literalmente’ com ‘literatura’). Dois são emprestados, do Arnaldo e seu pai. Um deles já terminei de ler semana passada, e o outro está na metade (graças à TV explodida). Confesso que não gostei de “O Velho e o Mar” e não vi nada de magistral no maior literário norte-americano de todos os tempos [Hemingway]. O excesso de detalhes da cena me irrita (inclusive nas obras do maior literário brasileiro [Machado]), inibe a imaginação e prolonga o assunto, tornando-o chato. Um conto resolveria a estória do velho e seu peixe. Mas como não pretendo fazer uma crítica construtiva, vou parar por aqui pra dizer que a obra do canadense tem me encantado mais. Gosto da forma com que Gilmour conta sua história em “O Clube do Filme”, com uma visão super parcial e pessoal das coisas e pessoas, ‘cheio de imperfeições’ (essa copiei da contra-capa) e fragilidade. Parece um blog!

Acho que ele escreveu o livro assim como eu escrevo esse blog. Começo a escrever sem saber onde vai terminar. Por exemplo, eu nem pretendia falar dos livros nesse post, mas falei. Ele vive retomando assuntos dos capítulos anteriores, assim como eu faço por aqui.

Outra coisa que não pretendia falar, mas vou, é que tenho visto muitos filmes (alguns “sessão da tarde”) várias vezes. Assisto pelo menos duas vezes cada um, dos que passam na TV (o mesmo filme se repete o dia todo em alguns canais [e eu sou o cara que trabalha na TV, lembra?]). Mas a coisa que eu maaaais vejo é Family Guy. Vejo no mínimo 8 vezes cada episódio (que também repete o mesmo o dia inteiro), porque são rapidinhos, de uns 20 minutos, e eu decoro tooodas as falas e rio toda vez das mesmas cenas. O que me arrependo é de não ter trazido nenhuma série pra ver, porque eu teria tempo de acompanhar com calma no mínimo uma série na minha vida.

Ai, saí pra downtown de Miami pela primeira vez. Comi em restaurante brasileiro. Mas isso são teasers do próximo post porque eu também não pretendia falar sobre isso hoje.

Tiau!

(se eu escrevi esse post, você pode supor que eu já tenho energia em casa – e por eu ser ‘o cara que trabalha na TV’, você também pode supor que eu já estou assistindo Family Guy normalmente na minha ‘poltrona de papai’ da sala-de-estar)

26.12.09

O Oasis e o bambu. E o bambu?

Data: 20/12/09
Hora Local (Nassau - Bahamas): 23h33
Hora do Brasil: 02h33

Amanhã começa o cruzeiro do natal. Loucura, loucura, loucura. Não terei vida, eu acho. Mas depois disso, vem um cruzeiro de 2 dias, que eu acho que não vou fazer absolutamente nada. Então conta como férias.

Fizemos overnight de novo. Galera toda foi pro Bambu, acho que é a única balada por perto. São as mesmas pessoas do navio (e dos outros navios), mas pelo menos é um lugar diferente. Fomos lá depois da festa de fim de ano do nosso departamento. Acho legal isso de “nosso departamento”. O que eu faço parte é o de entretenimento. Então estavam lá todos os músicos, dançarinos, técs. de áudio e vídeo (eu!), etc. Depois do bambu fomos comer de graça na cabine do Cruise Director, que mais parece um apartamento (dá 5 da minha cabine), e que tem room service, por isso da comida de graça.

E com isso, a manhã já vinha raiando e com ela um oasis no horizonte. Sim, o Oasis of the Seas estava chegando, vulgo “maior navio do mundo” já construído, o mais novo campeão de bilheteria dos cinemas logo que afundar, e inaugurado a menos de 1 mês. Assistimos de camarote a chegada do gigante. Depois do drill, fui lá visitar. Conversei com brasileiros a bordo, andei no central park e no pool deck, além de tomar café da manhã na crew mess deles (enorme!). O navio é realmente gigante. Fácil de se perder e difícil se achar. Tudo novinho, moderno e brilhando.

Fim de papo por hoje.

"Fique com o troco,

...animal imundo.”

Data: 18/12/09
Hora Local (Miami – USA): 22h02
Hora do Brasil: 01h02


Assisti duas vezes seguidas "Home Alone" (1990), vulgo "Esqueceram de Mim". Já tem 19 anos que esse filme passa em dezembro na TV. E eu assistia todas as vezes quando era criança. Hoje assisti duas vezes, pra matar a saudade. Acho que ainda é um dos meus filmes prediletos. Haha e o bom que hoje até decorei umas falas, em inglês mesmo. E dá vontade de bater no estúpido do Cuklin, por ter feito uma interpretação impecável nesse filme e depois ter acabado com a própria vida se afundando nas drogas - em "The Good Son" (1993) ele já tava ruim. Outro dia, vi ele na TV no canal E!, num ranking dos adolescentes que acabaram com a carreira. Ele era um dos primeiros da lista, e a história contava que depois de ter ficado 7 anos longe das telas, ele voltou pra tentar se reconciliar com o cinema, mas no mesmo ano foi preso por dirigir em alta velocidade, bêbado e portando maconha no porta-malas do carro. Tem que ser muito estúpido! Com 2 milhões de dólares na conta aos 8 anos de idade, ele queimou tudo fumando. E isso me deixa com raiva, porque no filme ele atua brilhantemente.

Dizer que vi duas vezes o mesmo filme, foi só pra ilustrar meu tempo sobrando de ultimamente. As coisas estão bem melhores. Tenho tempo pra várias coisas, inclusive pra sair. Só que pra sair eu preciso acordar cedo, e eu não faço isso. Não acordo nem pra almoçar. Só pra ir trabalhar. Então ainda preciso me adaptar com os horários, e tentar acordar cedo pra começar a sair do navio. Saí em Nassau e Key West já. Ainda continuo trabalhando bastante, mas tá bem mais light.

Fiquei sabendo que vai ter Dry Dock em fevereiro. Isso significa férias! De uns 5 dias, mas tá valendo. Não sei onde vai ser ainda, mas provável que seja em Nassau. Se for, tô até vendo que vou gastar meu salário pra fazer de tudo, tipo snorkel, nadar com golfinhos, jet sky, scuba, etc, etc, etc. hahaha A única coisa ruim é que com o Dry Dock, vai bastante gente embora, incluindo todo o cast de músicos e dançarinos. Uma pena, porque as mulheres mais lindas do navio são as dançarinas. Espero que as próximas sejam tanto quanto.

Em Nassau mesmo eu descobri que não tem tanta coisa boa. Só centro comercial mesmo. As praias bonitas (er.. as MAIS bonitas) estão todas na Paradise Island, que fica bem pertinho, só atravessar uma ponte ou ir de ferry boat ($3) que dá lá. Quero ver se vou da próxima vez.

Bom, a 70’s Party vai começar. Tenho que ir trabalhar.

Tiau!

25.12.09

Então, é natal.

Data: 24/12/09
Hora Local (Key West - USA): 16h44
Hora do Brasil: 19h44

Mas nem parece.
Estranho não fazer planos pro natal. Simplesmente to aqui, trabalhando normalmente. Os dias são iguais, com a diferença de luzinhas piscando por todo lado em qualquer lugar que você vá.

Então feliz natal pra mim, pra você e pra quem mais quiser ser feliz hoje.

15.12.09

Essa tal libertade.

Data: 13/12/09
Hora Local (Nassau – Bahamas): 00h36
Hora do Brasil: 03h36

Saí de novo durante o dia. Mas quando tu fica preso tanto tempo, fica sem saber o que fazer com a liberdade.

Acordei cedo por causa do Drill que era às 9h30, daí não dormi mais e decidi sair, porque tinha que trabalhar só as 18h. Na Princess, nem com day off eu conseguir tanto tempo livre (e aqui foi a primeira vez), e se tivesse esse tempo todo lá, eu dava a volta na ilha duas vezes, de marcha ré na bicicleta. Mas hoje fiquei sem saber o que fazer. Andei pela cidade, tirei umas fotos, mas não fui muito longe. Somado ao fato de estar usando o All Star vermelho pela primeira vez, eu já não aguentava mais andar depois de meia hora. All Star bom é All Star velho. Acho que vou comprar um usado da próxima vez.

Resumindo, voltei pro barco era só meio-dia. Ainda tinha uma eternidade de tempo pela frente até ir trabalhar. Dormi!

Agora tô assistindo o DVD do CUCO I, não me perguntem por quê. Mas qualquer dia acho que eu playo ele nas TVs daqui. Hohoho (nem posso, mas ah...)

Ciao!

Que pena!

Data: 13/12/09
Hora Local (Nassau – Bahamas): 03h13
Hora do Brasil: 06h13


Finalmente saí da canoa. Tudo por acaso.

Por acaso, não paramos em CocoCay, por causa do mal tempo. O capitão tocou direto pra Nassau, então chegamos no início da noite aqui, quando deveria ser só amanhã. Ou seja, uma overnight caiu do céu. Daí, por acaso, eu esqueci que poderia sair. Fiquei adiantando serviço de amanhã, e quando terminei, tive a brilhante idéia de sair. Só que isso já era 2h da manhã. Só que sozinho é foda, ainda mais a noite, sem conhecer o lugar. Por via das dúvidas, fui dar uma espiada na gangway como tava a movimentação. Deixei a porta da cabine aberta e tudo, porque já ia voltar. Nem o uniforme eu troquei, muito menos peguei minha carteira. Mas sabe como é, cheguei na gangway, ela olhou pra mim, eu olhei pra ela, e sem titubear saí! Na verdade, ainda fui barrado porque meu cartão tava bloqueado, por que mudei de Emergency Number outro dia mas não foi atualizado meu cartão. Só que o segurança deixou eu sair assim mesmo. Saí! Fui dar só uma espiada lá fora. Cidade linda pelo pouco que vi! Tá toda enfeitada pro natal, e com umas arquibancadas na rua mais famosa, a Bay St, que depois lendo no jornalzinho descobri que é uma Parada pra depois do natal, tipo um carnaval.

Passei por uma pracinha linda, toda cheia de luzinhas coloridas. E bem deserta. Também pudera, era 2h da manhã. Mas era um lugar ótimo pra sentar, fumar um cigarro e ficar olhando pro nada. Mas pena que eu não fumo, porque eu faria isso se fumasse.

Já voltando, me deparei com a coisa mais de outro mundo que eu poderia ver hoje. As putas! Muito modernas. Elas têm carro. Elas param o carro do teu lado e oferecem o corpinho. Achei uma modernidade enorme, e uma super sacada, tendo em vista que a cidade é cheia de turistas que, claro, não tem carro. Achei super de outro mundo, digno das Bahamas. Mas pena que eu nem levei a carteira. Hahahaha capaaaaaaaaaaaz! Credo!

O navio visto de fora dá impressão de pequeno mesmo. Se comparado com o Grand, ele é bem pequeno. Do lado do nosso tinha um Carnival, a gente sempre esbarra com ele. Mas é sempre bonito ver o navio de noite, todo iluminado, que parece um pinheirinho. Pena que nem a câmera fotográfica eu levei.

Bom, fui sem amigos, sem carteira, sem câmera, de uniforme e deixei a cabine aberta. O suficiente pra me fazer voltar em 15 minutos. Garanto que a brasileirada toda foi no boteco beber, mas nem me chamaram. Sempre que me chamam pra alguma coisa eu não posso mesmo. Pena que hoje que eu podia, ninguém falou nada. Haha

Mas foi bom respirar ar fresco, pisar em Nassau e adicionar mais um lugar foda na lista dos visitados. O navio já parou aqui 4 vezes, mas só agora posso dizer que estive em Nassau. O Victor que ia curtir, a cidade é ótima pra sair de bicicleta. Pena que a gente não tá mais no mesmo barco.

E pena que o cruzeiro de 3 dias acaba tão rápido, só porque é mais tranquilo pra mim. Mais um dia e começa a correria tudo de novo, por causa do bendito DVD. Já fiz 4 cruzeiros, e já tenho decorado todo o script, todas as festas, todo set list e coreografias, todas as falas do Cruise Director, todos os shows, espetáculos, musicais. Acho que mais um cruzeiro eu vou curtir, mas depois disso vou começar a enjoar. Imagina daqui 6 meses. Tsss

Eu não quis deixar pra depois pra escrever sobre a saída, porque senão eu ia desistir. Então, tá feito o registro. Pena que não deu pra ficar mais tempo e curtir mais. Mas agora que eu saí a primeira vez, tá dada a largada. Sairei mais!

Hasta la terra a vista, beibe!

11.12.09

OSCAR OSCAR OSCAR

Data: 11/12/09
Hora Local (Miami – USA): 10h59
Hora do Brasil: 13h59


Hoje alguém se jogou no mar. Disseram que foi por stress e pressão do trabalho. Agora o cara tá no hospital, e foi mandado embora, claro. Assim que for liberado pelos médicos, vai pra casa. Foda, né?

Foi por volta das 4 da manhã. Tocou o alarme com o código OSCAR, que é pra esse tipo de emergência. Fora o OSCAR, existe o ALFA, BRAVO, CHARLIE e ECHO. Eu respondo só pelo CHARLIE. Se ouvir isso nos alto-falantes, tenho que correr pra minha Muster Position. (haha falando bonito, né?)

Falando nisso, meu Emergency # mudou. Pra pior. Agora eu tenho mais responsabilidade numa emergência. Tenho que participar do Drill de passageiros também, como instrutor e tals. Antes, pra mim, era melhor. Sem falar que eu tava no bote 3B, que significa que pra abandonar o navio eu ia no segundo bote #3. Agora eu sou 17E, que é o último bote 17. Tudo por conta da responsabilidade. Haha os mais responsáveis abandonam o navio mais tarde. Acabando no capitão, que é (teoricamente) o último a sair.

Desde 7h da manhã que tô trabalhando sozinho, porque o supervisor já foi embora. Tô na espera do novo. Enquanto isso, qualquer cagada é culpa toda minha. E no caso eu estou postando no blog agora (finalmente – 6 páginas de word, duvido que alguém leia tudo), quando deveria estar caçando serviço. Haha


Tiau!

Longe de casa...

...há mais de uma semana

Data: 11/12/09
Hora Local (Miami – USA): 02h13
Hora do Brasil: 05h013


Só 12 dias, mas parece que tô aqui há mais de 1 mês. Pelo tanto que eu trabalhei, já dava pra fechar minha folha de pagamento desse mês no Brasil, e ainda sobrava hora pra descontar em janeiro.

Mais um cruzeiro de 4 dias acabou, isso significa que basicamente não dormi nos últimos 3 dias. Agora começamos um cruzeiro de 3 dias, e é mais folgado que o de 4. Vamos ver se agora consigo sair do barco. Até agora não botei o pé pra fora. Mas meu grande desafio agora é impressionar o novo supervisor, que chega hoje, daqui algumas horas. O Ruel gostava de mim, me deu uma boa recomendação pro próximo supervisor. Agora tenho que fazer por merecer e provar que ele tava certo. Mas ainda falta muita coisa pra eu aprender. Apesar de que agora não vejo isso tudo como um bicho de 7 cabeças. Agora o bicho só tem 6. Antes de ir embora eu ainda o mato o bicho.

Dessa vez eu trouxe mais roupa que da primeira. Mas até agora não usei outra que não fosse uniforme. Além de uniforme, não tenho nenhuma outra laundry pra fazer. Isso é um indicativo que prova o que eu venho falando sobre trabalhar bastante.

Ah, recebi meu primeiro salário. Até levei um susto, porque eu esperava receber por 1 dia trabalhado, de 30 de novembro. Mas eles pagaram os próximos 15 dias adiantado, daí até me senti rico. Só que essa grana vai simplesmente desaparecer, porque tenho que pagar pelo meu uniforme e pelo vôo de casa pra Miami. Vai um mês inteiro de salário só pra pagar isso. Depois mais outro mês inteiro pra repor a grana que eu gastei antes de viajar, com visto, exames, viagens pra SP e RJ... enfim, toda aquela merda toda que tem que fazer antes de vir. Só depois do terceiro mês que vou começar a ver algum lucro nisso tudo. O custo pra vir fazer isso aqui é muito alto. Nunca fiz a conta exata, só pra não passar raiva. Mas sei que é alto. Nem sei porquê tô falando isso.

Tivemos vários passageiros brasileiros nesse cruzeiro. Conversei com dois casais que encontrei por acaso em algumas das festas. Falando nisso, é só nas festas de passageiros que eu me divirto de verdade, mesmo trabalhando. Sei lá, festa é festa. Outro dia, na festa ‘dancing under the stars’ eu dei uns passinhos igual aos crew staff (os que agitam o povo), e o Cruise Director (o líder dessa galera, e o chefe do departamento que eu faço parte), que tava no mic agitando o povo até elogiou: “Yes, Marcos. I like that”. Mas quando ele falou isso eu fiquei com vergonha daí parei, porque todo mundo foi olhar pra mim. Hahaha mas foi hilário eu com a baita câmera na mão e dançando. Haha. vamos ver na próxima festa se eu me animo de novo.

Festa de crew mesmo eu nunca fui. Nunca tive tempo.

Engraçado que quando to na minha cabine e vejo algum problema na TV, eu penso em criticar. Daí eu lembro que quem é responsável por isso sou eu, daí eu paro. Hahaha sem falar outro dia que pensei comigo que o certo seria chamar um técnico pra arrumar um negócio lá. Até que eu lembrei que o técnico, no caso, sou eu. Hahahaha ainda é difícil se acostumar com isso. Eu vim achando que ia só filmar/editar e no fim das contas tô num cargo super técnico que tem que deixar no ar mais de 20 canais de TV 24h por dia. Mas no fundo dá um certo orgulho de ver tudo funcionando certinho (raramente hahahaha) e saber que o que tu ta fazendo tá indo pra mais de 3000 TVs no navio inteiro, sem falar nos 1000 DVDs vendidos, em média, por cruzeiro, com os videos que eu fiz.

Bom, fiz minha parte de me comportar e trabalhar duro enquanto o Ruel tava aqui, tentei captar o máximo de informação dele. Amanhã (hoje) é um novo dia, vida nova. Espero que o supervisor não seja chato como dizem. Já tô com o pé atrás desde já, preparado pro pior. Só sei que to começando a me acostumar com as coisas, com mais confiança nas coisas que tô fazendo, apesar de ainda cometer vários erros nas filmagens, que eu só descubro quando vou editar e tenho que me redobrar pra consertar, mas tô num processo. Ou melhor, num progresso. Vamo que vamo.

Tiau.

Segundas primeiras impressões

Data: 03/12/09
Hora Local (Key West – USA): 20h28
Hora do Brasil: 23h28

Nem tudo (ou quase nada) são flores.
Chegando aqui as coisas pioraram bastante. Haha

Bom, tentando começar pelo começo, cheguei no navio com muito transtorno, falta de informação. Me esqueceram no hotel (depois voltaram buscar), ninguém sabia me informar como eu deveria embarcar. Mas entrei. Fiz toda aquela coisa inicial de documentação e meu supervisor já me esperava lá. O Ruel, um filipino. Até mudei meu conceito quanto aos filipinos, porque o Ruel é muito gente boa. Chato na medida que tem que ser o chefe, mas é gente boa, super paciente. As vezes me irrita um pouco quando ensina uma coisa que eu já sei, ou quando quer que eu faça alguma coisa do jeito mais complicado, mas, no geral, eu não sei nada sobre tudo que a gente tem que fazer. Então, fico na minha e deixo ele ensinar, porque eu tenho MUITA coisa pra aprender aqui. Na verdade, esse MUITA é grandão assim porque somos só dois: Ruel e eu. Ou seja, eu preciso trabalhar basicamente sozinho. Agora o Ruel me ajuda, porque além de ter que ensinar, eu ainda não tenho muita prática nas coisas que a gente tem aqui, então ele tem ajudado. Mas o papel dele é muito mais administrativo do que prático. Então, claro que em breve eu vou ter que fazer tudo sozinho. FODA! Tenho trabalhado nesses 4 primeiros dias cerca de 18 horas por dia, virando noite. É aquilo que eu já imaginava pra um cruzeiro de 4 dias, que seria corrido demais, porque temos que ter um DVD finalizado em menos de 3 dias. E tem MUITA coisa pra filmar. Se fosse só filmar, era fácil. O que estraga é a edição, que demora bem mais. Então eu viro noites editando, porque o prazo é curto. O pior de tudo é que é numa ilha AVID, que eu nunca tinha mexido na vida. Então tô tendo que aprender a editar num novo software (que até agora tô achando péssimo) e isso demora um pouco mais o processo. Well, o primeiro DVD tá pronto. Não com o capricho que eu gostaria. Aliás, bem ruim eu acho. Mas pra eles tá bom, então beleza. Ai, tem tanta coisa pra falar que eu prefiro pular tudo isso, pode? PODE!

Já fiz tanta coisa, não tenho tido tempo nem pra arrumar minha mala. Por falar nisso, a cabine é maior do que a que eu tinha no Grand, e realmente eu vivo sozinho. Eu esperava mais, pela propaganda toda que me fizeram. Mas não posso reclamar. Tenho 10 gavetas (contra 1 do Grand) e 2 armários (contra 1 do Grand) e 6 prateleiras (contra 1 [pra dividir] no Grand). Então que tá sobrando espaço até. Nem tenho tanta coisa pra preencher tudo isso. E eu vivo numa esquina. Isso é ruim. Tem muito barulho. Pra ajudar, o cabeleireiro (da máfia filipina) usa a minha parede de noite pra pendurar o espelho dele. E isso faz barulho.

Ah, eu gostei também da minha sala. A Broadcast Room é ótima. Dá até medo de entrar nela, porque tem dezenas de monitores e milhões de botões que eu ainda preciso aprender a mexer. Tem uns 3 computadores (na verdade, tem uns 30, mas que funcionam como servidores dos canais) e só uma ilha (a AVID). É muita coisa pra uma (ou duas) pessoa só. Sinceramente, eu acho que a gente precisava de no mínimo mais uma pessoa fazendo isso, mas como até hoje só existiu um, nem rola eu ir reclamar, porque vão me jogar na cara isso. Só que esse um se ferra demais. Meu tempo, suposto, livre até agora, eu dormi. E foi pouco tempo. Pra piorar eu ainda tenho um beep. Isso significa que tô de plantão 24h por dia. E pra terem idéia, de ontem pra hoje trabalhei até 7h30 da manhã. Fui dormir, e as 8h30 já tavam me acordando pra resolver um negócio. Voltei dormir umas 10h até 4h30, e tava trabalhando direto até agora. Tiramos meia horinha de break, entre um show e outro do teatro. E nossos breaks são todos assim. A gente sai meia hora, depois uma horinha... assim é foda. Break grande acho que eu nunca vou ter, e não tenho a mínima idéia de quando vou conseguir sair do navio. Até agora eu olhei poucas vezes pro lado de fora, sem ter nem idéia de onde a gente estava. E o dia que eu sair, com certeza será porque eu troquei a dormida pelo prazer de sair. Hoje eu poderia ter saído de manhã, mas daí não ia dormir nada. E bem provável que seja assim pra sempre.

Enfim, tá foda. Só isso pra dizer.

Ah, o Ruel tá indo embora dentro de 1 semana. Preciso aprender tudo até lá, porque dizem que o próximo supervisor é preguiçoso e vai me deixar na mão. Então tenho que relevar as chatices do Ruel e tentar aprender o máximo com ele.

Eu nem fui no bar ainda, e conheci só 3 dos 15 brasileiros a bordo. Eu não vejo gente o dia inteiro. Vejo, mas pelos monitores da minha sala. Pessoalmente, vejo bem poucas. Ah, e quando saio pra filmar é nas festas de passageiros, então esses eu vejo bastante. Mas tripulante mesmo, quase nunca.

Bom, tenho que voltar lá, porque em 15 min começa o próximo show e tenho que estar na sala pra monitorar as câmeras e gravar o show. São 3 câmeras no teatro e a gente controla remotamente pela nossa sala via switcher, fazendo o corte ao vivo. É bom, a gente ganha tempo com isso. E eu gosto de mexer na mesa de corte. (o único elogio que recebi até agora foi por ter controlado a mesa de corte bem. E olha que fazia aaaaaaaaaaaanos que eu não via uma na minha frente. E só mexi em alguma na faculdade, umas duas vezes. Haha sei lá, tive sorte, acho).

Sei lá quando vou postar isso. Nem descobri como se usa a internet ainda.
Não tenho tempo pra nada.


Tiau.

Primeiras impressões

Data: 29/11/09
Hora Local (Miami – USA): 00h06
Hora do Brasil: 03h06

Sair 6h da manhã de CWB-GRU não é das melhores coisas, ainda mais sabendo que seu próximo vôo (GRU-MIA) é só meio-dia. Mas por, talvez, sorte, eu fui de primeira classe. Até me senti meio mal com tanto conforto, já tava achando que tinha alguma coisa errada com o bilhete. Mas era isso mesmo, tava certo. Tipo, uma coisa inesperada das boas. E era engraçado demais ver as coroas de laque no cabelo que viajam de TAM pelo status, ficarem me olhando com cara de “como um pirralho desses vai de primeira classe e eu não?” hahahaha enfim, como a primeira classe veio de surpresa, até cedi meu lugar na janela pra uma senhora. Uma pena, porque o nascer do sol foi lindo de ver (mesmo sem estar na janela).

Em SP foi como o esperado. Dormi na cadeira até abrir check-in, e fiquei perambulando até dar a hora do vôo. Mas agora sem primeira classe. Na verdade, fui nas mais ralés possíveis. Sabe aquele assento do lado da porta do banheiro que ninguém gosta? Então, bem desse tipo. E nos Boeing ainda existem 3 fileiras, de 2-4-2 lugares. Eu fui bem na fileira do meio. Pelo menos, era no corredor. Foi bom, porque passei muito frio e ia no banheiro a cada meia hora. Juro! E se tivesse que passar por cima de alguém cada vez, ia ser complicado. Mas foi um vôo tranquilo e cansativo na medida que deveria ser. Oito horas de avião (GRU-MIA) até parece pior do que aquelas 6 horinhas de Curitiba-São Paulo no Cometa da meia-noite executivo.

Bom, meu medo chegando nos EUA era com o Visto, que foi tirado pela Princess, e corria o risco de chegar aqui e ser negado, por eu estar embarcando pela Royal. Mas depois da demora normal esperando na salinha da imigração, onde todo mundo tem cara de terrorista, eu fui liberado. Daí vem aquela novela pra encontrar o shuttle certo pro hotel. E eu não encontrei. Mas até que depois de umas horas caminhando pra lá e pra cá, achei um cara da Royal, justamente o do shuttle, que me orientou a pegar o ônibus certo. (sozinho seria impossível, já que o bendito ônibus não tinha o nome do hotel, como deveria ter e como são os outros)

Viemos em 4 no ônibus, tudo da Royal, mas pra navios diferentes. Dois indianos e uma menina da...da... ESTÔNIA! Olha que louco, ainda não conhecia ninguém de lá. Fizemos o check-in no hotel e... bah! meu quarto só pra mim. Não como da outra vez, com duas camas. Agora só uma cama, só minha. Coisa linda de viver. Aliás, tô aqui agora nessa cama enorme escrevendo esse post. Sabe que eu tô gostando desde já de ser staff? Haha ooooutro tratamento mesmo. Aliás, os guris indianos que eram crew foram pra outro hotel. Achei meio discriminação, mas enfim.. eu gostei do ‘tratamento especial’ até agora.

Ah, e jantei com a menina da Estônia. Bem gente boa, e ela tem um cargo super importante: é gerente dos serviços a bordo pra passageiros e já tá na companhia por 5 anos. E dessa vez naaaada de búfalos e chikens na minha comida como da outra vez. Pedi turkey e veio turkey. Hahaha e pra acompanhar um red wine (à parte da nossa cota paga pela empresa), porque depois de tanto luxo era o mínimo que eu poderia fazer pra manter o nível. Haha


E até agora é isso. Tá marcado pra eu sair do hotel 10h da manhã. Então preciso aproveitar essas 9 horinhas de sono, porque daqui pra frente isso será raaaaaro demais. Ah, e meu porto é o de Miami mesmo, e não em Fort Lauderdale como da outra vez. Uma pena, porque os navios da Princess atracam lá, e isso quer dizer que mesmo que a gente esteja em Miami no mesmo dia, será longe (30km) pra eu ir visitá-los algum dia.

Agora eu vou e depois eu escrevo sobre as primeira impressões a bordo. (decidi escrever agora porque me empolguei com tanto luxo. Haha)

Tiau!

11.11.09

marinheiro de segunda viagem

"é um ciclo sem fim
que nos guiará..." (8)
(adoro Rei Leão)

Storyline:
estou voltando aos mares, em outra companhia, com outra função e muito em breve.

Sinopse:
desde que desembarquei do Grand Princess, tenho buscado mudar de rank, porque ser ABFS não era o que eu sonhava pra minha vida. Por já estar com o processo em andamento, não embarquei novamente no Grand como era previsto, no dia 25 de outubro, pra decepção dos meus amigos a bordo que me aguardavam. O processo todo já está no fim e devo embarcar dentro de duas semanas em um Royal Caribbean.

Desenvolvimento:
ai, esse fica pra depois, porque a história é longa. A sinopse já contou o que era importante e eu me ausento dos detalhes. As únicas novidades são: precisei retirar um novo visto; precisei fazer o STCW (não-obrigatório na Princess); gastei tudo que economizei na Princess pra poder embarcar na Royal.

Conclusão:
meu último mês de férias foi puro trabalho árduo atrás de documentação pra embarcar, sem falar nos trabalhos de verdade que andei fazendo, nos projetos que me enfiaram e nas mil coisas que estou deixando inacabadas pra poder embarcar tranquilo.

Não esperem posts quase diários aqui no blog como da outra vez. Sinceramente, não me sinto motivado a escrever. Meu itinerário novo não apresenta nenhuma novidade, não vou conhecer lugares lindos da Europa e nem brigar com meu chefe. Logo, não há assunto interessante pra postar.

Devo comparecer aqui de vez em quando, mas sem compromisso.

ps: devo encontrar meus colegas de Grand em Miami, pois já conferi os itinerários e cruzei as informações, e vi que estaremos por lá, em Fort Lauderdale, algumas vezes juntos. E também o Victor que tá indo pro Emerald um dia antes de eu embarcar na Royal. (começo mais um ciclo de navios já dizendo que essa vida é cruel; vejam quão difícil é reencontrar seus amigos)

Me desejem boa sorte e nos vemos por aí, em algum lugar dos 537 mares.

hakuna matata!
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25.10.09

Não fui.

Hoje eu deveria ter embarcado no Grand Princess novamente.
Não fui.

10.9.09

Ir ou não ir,

eis a questão.

A Selection Partners me mandou um e-mail ontem, solicitando a atualização dos documentos para o meu próximo embarque. Se eu não responder (e ainda não respondi), eles declaram como desistência. O problema é que em 20 dias em casa eu ainda não decidi se volto pro navio.

Como todos sabem, o navio é o mesmo, pra embarque em 25 de outubro. E eu sempre disse nesse blog que não pretendia voltar. Mas a idéia de passar 1 mês e meio conhecendo a Grécia, Egito, Turquia, Senegal, Marrocos e mais Veneza, na Itália, me tenta muito a voltar. E depois desembarcar em Fortaleza, em dezembro, depois do crossing de volta à Miami, quando o navio pára (sic, porque eu não aderi às novas regras) no Brasil.

Bem, estou há 20 dias em casa. Só dormi, dormi, dormi e fiquei na internet enquanto acordado. Saí pouco, muito pouco de casa. Tive ofertas de trabalho, mas essa tentação e dúvida sobre voltar ao navio me fez recusar. Continuo tentando mudar de função em outras companhias. Já mandei e-mail pra minha agência e pra outras, com a vaga que desejo. Já sinto tédio estando em casa e cansado de não fazer nada. Isso não significa que sinto vontade de voltar pro trabalho do navio. Só significa que o impacto é muito grande quando se sai de um trabalho full time pra uma vida full time vazia.

O certo de pensar é que eu voltaria pela viagem e não pelo trabalho ou pelo dinheiro. Essa coisa de viajar vicia. Você vê fotos de pessoas, tripulantes ou não, em lugares do mundo por onde seu navio passa, e você quer estar lá também. Isso me faz querer voltar, pra conhecer também! Não é fácil abrir mão de conhecer lugares no mundo. Talvez nunca mais na vida eu tenha a oportunidade de estar nesses lugares, embora eu deseje estar novamente. Mas sei lá, eu sempre quis estar nos lugares em que estive, e talvez essa tenha sido a oportunidade que deus me deu de estar, daí eu vou lá e digo que não quero mais (eu pedia pra ir, mas esqueci de dizer pra ele que seria depois de ganhar na mega sena, e não como assistant buffet steward. "Cuidado com o que tu pedes", já dizia minha avó). Talvez ele me castigue e me faça parar pro resto da vida no interior de Goiás, compondo música sertaneja. Vá saber...

Essa coisa de querer estar é verdade mesmo. Pensar positivo, lei da atração e todos esses blá blá blás que o "o segredo" te diz, é, no fim das contas, verdade. E isso foi só um adendo.

Ainda não sei. Não decidi. Não sei o que pensar. O tempo vai acabando, os prazos ficando mais curtos. E me vejo quase sem opção, quando na verdade tenho todas as opções do mundo.

Wish me good luck!

Tiau! (e eu que disse que não postaria mais...)
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19.8.09

O fim...

... é belo e incerto,
depende de como você vê.

Data: 19/08/09
Hora Local (Curitiba - Brasil): 10h07
Hora do Brasil: 10h07


Tem 3 dias que cheguei em casa, e pode-se dizer que dormi quase 2 deles inteiros. Ai, como é bom dormir!

A viagem de volta foi super cansativa e não dormi quase nada. Tive a sorte de encontrar boas companhias em todos os 3 vôos que fiz, e conversei quase que todo o tempo. Isso foi bom, mas ruim porque não deixou com que eu dormisse. haha Enfim, voei de Londres pra Roma, e já em Roma se via muitos brasileiros pra este vôo até SP, então já comecei a me sentir em casa ali, e achar MUITO estranho ver tanta gente falando português. haha Me acostumei demais a ouvir línguas estranhas. Bem, saiu tudo como planejado. Na verdade, só me decepcionei de ver minha bagagem destruída depois de 3 escalas. Mas tudo bem, agora aprendi a lição de pagar R$30 pra embalarem a bagagem naquele plástico nada prático.

A felicidade maior foi ver muita, muita gente me esperando no aeroporto. Fiquei tão feliz de ver essa gente lá, só por minha causa. Amigos de verdade! Foram todos que me levaram na rodoviária quando eu parti, junto com mais alguns outros. É bom ter amigos. É bom.

Desde então, só dormi. Ô maravilha!

E pra não passar em branco, devo dizer que o último dia de navio foi bacana. Se despedir das pessoas na MINHA partida foi algo bem diferente. Normalmente são 'as pessoas' que vão embora. Dá uma dorzinha de saber que nunca mais vou ver boa parte dessa gente, mas é a vida cruel de sempre do navio.

Agora a vida (re)começa aqui em terra firme. Se eu volto ou não é uma decisão pra ser tomada depois de mais algumas horas de sono. haha Em princípio, quero curtir meus momentos de férias antes de concluir que estou desempregado. hahahahahaha

Um beijo, abraço e aperto de mão pra quem acompanhou o blog. Não devo postar mais, já que a função do blog era cobrir a minha vida no navio. Obrigado aos "anônimos" que comentaram, aos que mandaram mensagens de força. E quem me perguntou alguma coisa, alguma curiosidade, poooor favor, deixe um e-mail de contato, porque fazer um post pra responder é demais. Eu respondo por e-mail sem problema nenhum. E aos novos visitantes que quiserem perguntar qualquer coisa, só mandar e-mail pra mim ou deixar um comentário, também com um e-mail pra retorno. okay!?

pela última vez:
TIAAAAAAAAAAAAAAAU!
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18.8.09

Se alguém perguntar por mim

diz que fui por aí!

Mapa atualizado.
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14.8.09

Saudade de...

Data: 13/08/09
Hora Local (Gibraltar - Inglaterra): 00h04
Hora do Brasil: 19h04

de dormir até a hora quer der vontade;
de tomar café passado;
de comer hot dog prensado
e do hot dog de 1 real do Largo;
de tomar cerveja no meio-fio n’O Torto;
da Cinemateca de Curitiba
e do metrô de São Paulo;
de pegar bi-articulado,
nem que seja lotado;
de ir de Cometa à meia-noite;
da Paulista e da XV;
do churrasco com os amigos;
do truco até de madrugada;
de jogar futebol no pleisteichon;
da internet rápida e 24h à disposição;
de comprar DVD de dérreal nas Americanas;
de ouvir narração do Galvão;
no domingo Faustão,
do Jornal Nacional;
de filme dublado na Sessão da Tarde
e de novela Global;
de deitar no sofá quando não tem nada pra fazer;
de pagar qualquer coisa com Real;
de ter janela no meu quarto;
de abrir a geladeira pra pensar;
de youtubar;
do Google Earth;
de teclar no MSN até todo mundo ir embora;
de baixar filme que eu não vou ver;
de xeretar no orkut;
da sinuca do Yahoo!;
de ir no show d’O Teatro Mágico 5 vezes num mês;
de ir a qualquer show onde quer que seja,
e de fazer ‘pzíum’ no show da Poléxia,
depois gritar ‘debulhô’;
de pagar meia no cinema quarta-feira,
ou qualquer outro dia de inteira;
de tocar violão com o Arnaldo,
num dia desses, num desses encontros casuais,
com meus amigos e primas;
dos meus amigos que são irmãos;
dos meus sobrinhos que já devem ter crescido;
da irmã, do irmão e da mãe;
de um set de filmagem;
de trabalhar com o que eu gosto;
de dormir até a hora que der vontade.

PS1: kct, minha bagagem pesa 45kg. Uma de 35 e outra de 10. Lembram que vim só com uma mala pequena? Pois bem, essa está com 10kg. Comprei outra grande, que está com 35kg. Haha aqui na Europa acho que passa, porque o limite é 23kg cada bagagem. O problema é no Brasil que o limite é 20kg total. Será que pago muito de excesso de bagagem? Seja o que Deus querê!

PS2: 2 dias pra ir embora. Uhuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!!!

PS3: nostalgia demais. Fim de mais um ciclo.


UPDATE

The Dream is Over!

Data: 15/08/09
Hora Local (at sea): 01h18
Hora do Brasil: 21h18


To no bar. Festa de despedida. Leaver’s Party! Nem acredito que tudo isso chegou ao fim. Ainda não sei o que pensar e o que concluir. Por pior que seja a conclusão, devo dizer que isso aqui foi foda, que isso aqui é um marco na vida de qualquer um.

TCHAAAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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9.8.09

Mais pobre.

Data: 06/08/09
Hora Local (Barcelona - Espanha): 16h50
Hora do Brasil: 11h50

Sempre existe a ilusão de que a gente vai voltar pra casa mais rico, mas o que acontece é que a maioria, no primeiro contrato, volta pra casa sem dinheiro nenhum. Eu não vou voltar com o dinheiro que sonhei antes de sair de casa, até porque nem sem gastar um centavo eu ganharia o que pensei que ia ganhar, mas chegando aqui estabeleci uma meta e cheguei nela no último salário, e estaria no lucro quando recebesse o próximo, mas... gastei 700 dólares essa semana. =x

Sim, dói no meu coração só de saber e de lembrar, só que valeu a pena. Comprei algo que eu queria comprar desde que estava no Brasil, mas que não tinha grana pra isso. E quando vi aqui, barato, comprei. É uma câmera de foto profi, uma Nikon D60. Agora concordem comigo que valeu a pena. No Brasil uma dessas ta mais de 1500 reais, e em Miami, que supostamente é barato, estava mais de 800 dólares. Então, quando vi por 700 não resisti. Comprei! Tipo, to feliz, mas ao mesmo tempo triste de saber que vou voltar pra casa com 1500 reais a menos. Só que assim, volto pra casa com pouca grana mas com muita coisa nova. E sinceramente to orgulhoso de ver como consegui poupar dinheiro. Sem contar esses 700 dólares de agora, eu teria gastado nesses quase 6 meses só 1300 dólares. Parece muito, mas é bem pouco. A ilusão (outra) de que aqui não gasta nada também existe, mas aqui se gasta bastante sim, principalmente quando tu não pensa duas vezes antes de investir na sua bagagem cultural, como pra ir a lugares importantes e famosos do mundo. Com isso, eu e algumas pessoas gastamos com gosto. Sem contar que tu acaba comprando uma coisinha ou outra pra recordar dos lugares; sem falar numa comida que tu come fora ou das bebidas no crew bar. De pouquinho em pouquinho, vai bastante. Então, tirando 1000 dólares da câmera e do iPod juntos, só gastei 1000 dólares a bordo. Ta bom, né? Se levar em consideração que eu ganho em dólares e gasto em euros, é relevante, ainda mais sabendo que fiz shuffle-turismo em todo lugar que pude. Mas, enfim, to voltando com pouco dinheiro embora. O suficiente pra sobreviver 2 meses de férias no Brasil. Hahaha

Chega de falar de gastar. Mas por falar em turismo, Málaga e Barcelona eu já conheço de ponta a ponta. To feliz com isso! Em Málaga saí com a Hilda (Peru) e Iuliia (Ucrânia) de bike e levei elas pra conhecerem todos os lugares importantes da cidade. E não é que eu sabia o caminho de todos mesmo?! Nem eu sabia que eu sabia, mas a gente ia em um lugar e eu lembrava de outro, e guiava elas. Fui um excelente guia turístico. Hehe E em Barcelona, hoje vi o que me faltava, que é o Park Guell, que é mais fácil chamar de “Parque Que Tem as Coisas do Gaudi”. Procurem aí no Google que vocês vão saber de qual parque to falando. Lindo! E longe pra kct, e eu fui de bike voando, porque só tinha 2h de intervalo. São mais ou menos 8 km pra ir e o mesmo pra voltar (claro). Fiz em 30 min cada um. Se antes eu já achava que conhecia o suficiente de Barcelona, agora eu acho mais ainda. Claro que ainda faltam algumas coisas pra ver, mas os lugares mais importantes eu já conheço. E o que me orgulha mais é saber o caminho até eles e conhecer nomes de ruas e avenidas. :D

Não sei mais o que eu queria falar. Só sei que em 10 dias to comendo em casa. =D

Ah, talvez eu quisesse contar que no trabalho ta uma maravilha. O supervisor ta um amor. Acho que ele ta levando em consideração muita coisa porque é meu último cruzeiro. E se eu tivesse todos os cruzeiros como último, o contrato teria sido bom. Tipo, to matando muito tempo. Várias vezes saio mais cedo; várias vezes peço pra sair pra fazer alguma coisa fora; hoje de manhã me faltavam 30 min pra sair de intervalo, e minhas coisas já estavam todas prontas, então pedi brincando pra ir embora e o supervisor deixou. Haha vou fazer isso mais vezes. Ah, e eu pedi também day off pra Civitavecchia de novo, pra poder ir pra Roma, de novo. Não estou convencido com minha última (e primeira) ida à Roma, então preciso ir de novo pra acabar com essa minha agonia de ter visto o Coliseu correndo. Bom, e não é que ele vai me dar o day off lá de novo? To falando que ele ta um amor. E pra explorar, eu pedi day off na Grécia e Egito para meu PRÓXIMO CONTRATO haudshauhduashduahduahduahduadhuahauscs e ele disse que tudo bem. Mas nessa parte eu não sei se ele falou sério ou brincando. Mas olha que cara de pau a minha de já pedir off pro segundo contrato. Hahaha Enfim, ta tudo indo tranqüilo até demais. Meus “estagiários” continuam me ajudando bastante. Afinal, eles tem que aprender pra me substituir, né?

Bom, deixa eu ir embora que ta quase na hora de trabalhar.

Tiau!


UPDATE


Mais uma vez.

Data: 09/08/09
Hora Local (Civitavecchia - Itália): 00h16
Hora do Brasil: 19h16


EU FUI PRA ROMA, PORRA!!!!!!!!!!!!!!

Ai, que bom falar isso. Dessa vez, com muito mais calma e mais feliz. Fui com Victor e Omélia (Peru), e com Rafael (México), meu supervisor. Haha sim, é verdade. Bem, o roteiro foi basicamente o mesmo da outra vez, mas descemos primeiro no Vaticano, e não entramos porque a fila estava enorme, como sempre. Então buscamos a Capela Sistina, onde tem o Michelangelo famosão, mas tinha que pagar 14 euros pra entrar, e a gente decidiu não entrar. Haha claro que eu pagaria com gosto os 14 euros, mas a gente tinha pouco tempo e não daria pra aproveitar direito. Então, fica pra uma próxima. Seguimos para o Coliseu de táxi e caminhamos por lá um pouco. Tirei muitas fotos com minha câmera nova e fiquei bem feliz com o resultado. As fotos estão ótimas! Caminhamos por lá e vimos outros monumentos e ‘lugares’ famosos, como o Fórum, onde mataram Júlio César, entre outros. Perguntamos o caminho do trem e seguimos adiante, até que encontramos placas indicando o caminho para a Fontana di Trevi, e claro que fomos lá conferir. Coisa linda! Uma fonte enorme e bem esculpida, e lá havia muita gente. Entre essa gente toda, encontrei nada mais, nada menos, do que NEGUINHO DA BEIJA-FlOR. Ahdushaduu sim, ele mesmo! Claro, conversei e tirei foto. Muito inusitado isso de eu estar num lugar inusitado, numa hora inusitada e encontrar pessoas inusitadas. Adorei!

Bom, daí pegamos o metrô até a estação de trem (e nesse meio tempo a Omélia se perdeu na estação, pegamos o metrô sem ela, daí voltei pra procurar ela e a encontrei quase chorando. Haha) e finalmente voltamos embora num trem bem bonito e novo. Fim do dia!

Apesar de não ter feito como eu havia planejado, de ir somente num lugar e aproveitar o máximo dele, eu gostei do passeio. Vi basicamente as mesmas coisas da outra vez, mas agora com outros olhos e pude tirar boas fotos com o brinquedo novo.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Essa semana assisti Ladri di Bicicletta, um filme famosérrimo de 1946, do Vitório de Sica, da Itália. E no filme um túnel me chamou atenção, porque eu pensava ter visto este túnel em Nápoles (onde vou estar amanhã), apesar de no filme ficar claro que se passa em Roma. Pois bem, e não é que hoje nós passamos por este túnel? A hora que vi ele, tive a certeza de que era o túnel do filme. Tirei fotos e chegando ‘em casa’ eu botei filme e foto lado e lado e comprovei que era o mesmo túnel. Olha que alegria! E pouca coisa mudou nesses 60 anos, viu. Os prédios ao redor são exatamente os mesmos, mas muda o pavimento da rua e as placas que estão nela.

O que eu mais gosto em tudo é aprender caminhos. E hoje eu aprendi vários em Roma. Adorei!

E só pra constar, ontem paramos em Monte Carlo e foi agradável, apesar do pouco tempo. Saí a pé e conheci um outro lado que eu ainda não tinha visto, do castelo real e bla bla bla.

E pra acabar, nem sei se vou postar isso aqui antes de chegar em casa. Só me faltam 6 dias e eu não quero comprar um cartão novo de internet, porque é caro e nem vou usar ele todo até ir embora. Só preciso de alguns minutos antes de ir embora, então creio que vou pedir pra usar o de alguém e pagar alguns trocados por isso.

Em uma semana to comendo em casa. Ueba!

Ciao Bella!
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2.8.09

Medida de tempo.

Data: 30/07/09
Hora Local (at sea): 16h21
Hora do Brasil: 11h21

Já contei aqui que a medida de tempo aqui é bem diferente do que em terra firme. E o meu tempo agora pra ir pra casa é “1 cruzeiro” ou “1 drill”. Na linguagem da terra firme, dá pra dizer que me faltam 16 dias. Que maravilha, né?

O cruzeiro já chega no fim. Mais um dia de mar e a gente chega na Inglaterra. Aí começa tudo de novo, pela última vez para mim. Nostalgia? Demais.

Tenho curtido muito estes últimos momentos aqui. Tenho trabalhado feliz. Juro que não sei como consigo, mas tenho feito isso. To trabalhando bem demais, que até me impressiono. Se meu contrato todo fosse assim, teria sido bom. O supervisor não pegou mais no meu pé. A gente já se dá bem, e por eu estar trabalhando bem ele até faz vista grossa pra algumas coisas. Haha enfim, ta tudo caminhando muito bem. Mas apesar de estar curtindo o trabalho, também dou umas escapadas boas. É aquela coisa de “último cruzeiro”, sabe? A gente se dá o luxo de fazer muitas coisas teoricamente erradas. Cruzeiro passado, de uma semana, faltava uma pessoa ali, e ainda tinha a Iuliia que era nova, então eu trabalhei em triplo, pela pessoa que faltava e por ela. Cansei demais. Agora nesse cruzeiro já tem dois guris novos, e como eles tem que aprender o meu trabalho e do Victor, já que estamos indo embora, eles fazem tudo, trabalham em todos os setores. Pra mim ta ótimo. Deixo eles trabalharem bastante por mim. Haha claro, eu ainda trabalho duro, mas eles me ajudam bastante. E os guris são gente boa. A gente ta com um time muito bacana ali na crew mess, até por isso tenho trabalhado feliz. E eu e o Victor com aquele ar de veteranos. Quando a gente for embora, TODOS ali vão ser novos. Das antigas, só tem nós dois mesmo. Então a gente ta podendo, o que a gente fala e faz é lei. Haha Tudo só começou a ficar bom depois que eu me conformei que só queriam me foder e que não ia adiantar eu discutir mais. Agora eu não discuto, e ninguém também enche meu saco. É uma merda, mas pelo menos é a merda que eu me conformei em conviver.

Discutir mesmo, só com os ucranianos. Sério, na última semana discuti sério com dois deles. Mas eles se foderam, porque eu tinha completa razão. Se eu já discuto quando não tenho razão, vocês podem imaginar como é quando eu a tenho. E é tudo por folga deles. Eles acham que tão em casa e fazem umas merdas absurdas. Nas duas situações eu disse: “aqui não é a tua casa e eu não sou a tua mãe pra limpar as suas merdas”. Eles ficaram putos, e eu na maior calma do mundo. Eu vou atrás e mando eles consertarem as cagadas. Claro que eles ficam putos, porque o que eles esperam é que a gente fique quieto e vá lá limpar/arrumar pra eles. No way! Agora eu reclamo mesmo. Massa que todo mundo já conhece meu estilo, daí quando eu to por perto eles tomam o maioooor cuidado do mundo. Hahahaha porque tipo, eu paro do lado das possíveis cagadas e fico olhando, na maior cara dura. E eles ficam mó inibidos e tomam cuidado. Só que apesar de ser bravo assim, me dou bem com quase todo mundo que come ali. A galera me chama pelo nome. (isso realmente é raro por aqui, porque a maioria é chamada de “capo”).

Ah, ontem eu fui caminhar na praia em Cadiz (Espanha) com o Leandro (Venezuela), que trabalha como videógrafo, que é o que eu quero fazer muito em breve. Foi agradável. Vimos bastante top less. 8-) A Espanha continua sendo meu lugar predileto da Europa.

As coisas aqui são muito intensas. Acho que por isso quero ir pra casa. A gente recebe uma carga de informação muito grande, e meio que estressa. Não dá tempo de assimilar tudo, de respirar, de pensar. Tudo simplesmente vai acontecendo. E quando você vê, o tempo passou. Me faltam 16 dias pra ir pra casa. Dá pra imaginar? Parecia uma eternidade quando cheguei. Dessa forma, parece que o tempo voou. Mas estava vendo fotos agora, de coisas que aconteceram aqui. E da mesma forma parece que o tempo parou, que isso tudo aconteceu há séculos atrás. Sem dúvida minha noção de tempo sofreu sérias alterações aqui. E o que me dói de verdade é pensar que perdi tempo de vida no meu país. Tipo, to fazendo aqui alguma coisa longe da minha profissão. E quanto mais tempo sem fazer isso, pior. Perco meus contatos e minhas esperanças em terra. E perco também a prática. Ruim isso. Demais.

Aaaaaaaai como me dói ter só uma amostra grátis do mundo.

Tiau!


UPDATE


7 dias vão...

...e eu nem fui ver.

Data: 02/08/09
Hora Local (at sea): 15h16
Hora do Brasil: 10h16


Gente, estou no meu último cruzeiro. Que emocionante! Nem eu acreditava que eu chegaria até o fim. Hahaha

Bom, o clima é de nostalgia, claro. Primeiro porque vou embora, então já estou com saudade das pessoas daqui. Sério! Tava vendo fotos agora de novo, e essas fotos que aparecem gentes de todas as partes do mundo me emocionam. Sei lá, não é todo dia que você tem a oportunidade de falar com gente de todo puto canto do planeta. Aqui é a coisa mais normal do mundo. Eu to em contato diário com mais de 40 nacionalidades. É de se espantar. E eu vou sentir falta disso. E também é nostálgico porque neste último Southamptom muita gente bacana foi embora. Não doeu tanto como das outras vezes porque eu também já estou indo, então se eles não me abandonassem agora, eu os estaria abandonando muito em breve. Mas o que mais deixou saudades mesmo foi o Deepack, um dishwasher muito gente fina. Um cara que eu admirava e admiro ainda, e que desejo toda sorte do mundo pra vida dele. Quem sabe um dia, em alguma parte do mundo, a gente se encontre. Seu último dia de trabalho foi só festa lá com a gente, porque zoamos muito com ele e tiramos muitas fotos. Enfim... são coisas que acontecem. Essa vida é cruel demais [39].

Sobre novidades, só sei dizer que o clima do trabalho ta bom. Que me dou bem com o supervisor e que ele até me elogia agora. O novo que chegou também falou bem de mim. Na verdade, adianta de merda nenhuma, porque eles ainda me deixam na porra da crew mess. Haha mas como eu já disse, lá é uma merda, só que eu me acostumei demais lá e nem quero mais sair. Já consegui respeito de todo mundo (ou quase). Sinceramente, se eu voltar pra cá, vou querer continuar na mesma coisa. O supervisor falou que provável que eu volte e vá direto pra officer’s mess, mas eu nem quero. E se eu voltar, você já sabem o motivo. Não me interessa porra de promoção nenhuma. Só volto pra pedir meu câmbio de função e pra conhecer a Grécia e Egito. *_*

Vamos ver... tem muita coisa pra acontecer nos meus 2 meses de férias ainda. Se acontecer algo muito bom, nem volto não pra cá.

Eu ensinei a Spasjia e a Iuliia a falar “eu amo você”. Ahaha elas mal sabem o que tão falando (claro que eu contei que é ‘I love you’, mas...) e eu peço pra elas repetirem todo tempo. Claro que elas não repetem, porque sabem que eu to explorando. Mas de vez em quando elas falam, tudo errado, e é muito engraçado. E só assim pra alguém me amar aqui. Tsc! E em troca, eu aprendi a falar o mesmo na língua delas: “te sakam” em macedônio e “ya tebya liubliu” em russo (apesar de ela ser ucraniana, eles falam russo também). E é claro que a escrita ta completamente errada, mas é assim que se pronuncia.

Ninguém ta lendo mais meus textos longuíssimos, né?

Das vidania.
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28.7.09

Quem tem boca...

...vai embora de Roma!

Data: 27/07/09
Hora Local (Alghero - Itália): 01h17
Hora do Brasil: 20h17

(passou da meia-noite, então já é 28)

Hoje completo exatos 5 meses à bordo. Bastante tempo, né? Pra algumas coisas, parece que o tempo passou voando! Pra outras, parece que ele se tarda muito. Muita coisa nova, muita informação e todos os seus sentimentos elevados à oitava potência. Elementar que a gente mude. Faltam 19 dias pra chegar em casa. Só então vou saber se mudei pra melhor ou pra pior.

Os dias aqui têm sido muito nostálgicos. Já dá pra ter a impressão de que é uma fase da sua vida que ta ficando pra trás, que mais um ciclo se encerra. O que vem depois disso sódeusçabe! (sic)

EU FUI PRA ROMA, PORRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Chorante. Chorei em Paris, chorei em Mônaco, chorei em Pisa e agora em Roma. Já chorei vendo o pôr-do-sol. To chorando agora sei lá por quê. É a velha estória do livro de história. Tu vê essas paradas todas ali no livro e teoricamente aprende coisas que se passaram ali, há milhares de anos atrás. Sem falar nos filmes que tratam desses assuntos, fictícios ou não. E, de repente, você ta ali frente a frente, cara a cara com o negócio. Uma utopia, uma coisa que era inalcançável. Um turbilhão de sentimentos inexplicáveis, de orgulho, de pequeneza diante da magnitude. E um motivo extra é o fato de não ter tempo de curtir o lugar. É a merda de conhecer o mundo no shuffle. Tu chega lá, tira zilhões de fotos de todos os ângulos, e vai embora porque precisa trabalhar. Outro parágrafo, por favor.

Fui eu, Grazi (a de Curitiba), Deepak e Sabina da Índia. Fomos de trêm. Demorou pra chegar, tava calor. Mas chegamos. Descemos na estação final (dava pra descer antes no Vaticano) e fomos direto pro Coliseu. Meio que nos perdemos, pagamos táxi pra achar o lugar. Mas ok, chegamos. Vimos tudo correndo. Nem pensamos em entrar lá porque a fila era enorme. Tiramos fotos de tudo e nos mandamos pro Vaticano. Pouquíssimo tempo pra ficar lá, porque só tem 1 trêm por hora, e a gente tinha que voltar logo. Sem palavras pra descrever o Coliseu e Roma em si. Aquilo ali é lugar pra passar 15 dias, e não 30 minutos. Enfim, fomos pro Vaticano também de táxi. Não sei bem o que falar do Vaticano. Um país de poucos metros quadrados é um tanto quanto pitoresco. Mas saber que pisou ali Michelangelo pra pintar a capela é um tanto quanto arrepiante. Mais arrepiante seria entrar lá e ver a pintura dos dedinhos se encontrando. Mas, no way, porque a fila também era enorme. Vimos por fora, e claro que é tudo bonito. Tudo enorme, gigante. Com coisas bonitas e importantes por todos os lados. Nem dá pra saber o que tudo aquilo significa. Não vimos o Papa porque já era tarde e a missa tinha sido de manhã. Mas era domingo, e isso significa que ele esteve lá fazendo a missa. Mas tirei foto da janelinha que ele fica, só pra constar. Até que tínhamos tempo pra ficar ali, mas não sabíamos direito o que fazer. Não dava pra ir longe pra não perder o trêm. Ficamos ali mesmo, na Praça San Pietro e comemos o tal panini, famoso por ali. Fomos buscar a estação de trêm (já que era uma diferente da que a gente desceu) e pegamos o caminho errado. Eu e a Grazi, com nosso italiano afinadíssimo, fomos perguntando a cada esquina como chegar lá. O trêm, teoricamente, saía 3h09 do Coliseu, e por ali chegaria 15 min depois. Chegamos correndo na estação, às 3h12 mais ou menos. Susse! Só que o trêm não chegou. O próximo seria 4h29. Foi esse que a gente pegou, super atrasados. Sei lá o que aconteceu com o trêm anterior. Chegamos em Civitavecchia às 5h30, a hora que eu deveria começar a trabalhar. Legal, né? Comecei a trabalhar quase 6h, mas ninguém me deu falta (aleluia!) e não deu em nada.

Resumindo, chegar em Roma foi teoricamente fácil. Difícil foi voltar embora.

Sei lá. Voltei pra ‘casa’ com uma agonia enorme. De ter estado ali num lugar tão rico de história sem que eu pudesse desfrutar. De ter visto tudo tão correndo, como sempre. Isso é cruel demais. Dá uma dor enorme quando é assim. Dói porque sei lá se um dia vou poder voltar lá com tempo, pra desfrutar direito. Não sei se me orgulho de dizer que estive ali.

Roma é riquíssima. Meu conceito sobre a Itália já subiu um pouco. Por onde você olha há uma coisa importante, uma escultura, um monumento, uma construção. Tudo ali tem um pedacinho de história. E o Coliseu nem se fala, né?

Quando voltar pra casa vou rever e ver todos os filmes que se passam nesses lugares que eu visitei. Outro dia tava vendo um pedacinho do Before Sunset, e ele começa no rio Sena, ao fundo de Notre Dame. Porra, fiquei feliz. Só quem esteve ali sabe que aquilo ali são os fundos de Notre Dame, até porque a igreja ta ali de background, nem é foco do filme. Enfim, coisas assim me deixam feliz. Tipo o que aconteceu com Ratatoulie que eu já contei aqui.

Deixa eu escrever aqui diálogos célebres dessa semana pra eu lembrar pra vida toda:

#1

M - Os italianos são mal educados. Eu digo ‘oi’ e eles dizem ‘tchau’. Tenho certeza que o Jhonn fez aquela música pra uma italiana, antes de conhecer a japonesa.
G - Qual?
M – You say goodbye, I say hello!
G – Mas essa não é do Paul?
M – Que seja!
G – Também não sei. Mas tem uma cara de ser do Paul.
M – Pode ser, ele era mais mulherengo mesmo. *-)

#2

M1 - ...peguei a bike e deitei o cabelo.
M2 – huasdhuashduas nussssssss essa eu não escutava fazia uns 10 anos, véi!

#3

M1 – Ahhh tem lugar que nem adianta tirar foto, tipo aqui. Que merda, não tem nada pra ver. Nada a ver o navio parar aqui. Só tem praia. Mas no Brasil tem praia mai bunita que essa.
M2 – Pois é, é uma ilha no meio do nada. No meio do Mediterrâneo.
M1 – ah, é no meio do Mediterrâneo?
M2 – Sim, faz divisa com Ajaccio. Um lado é da França e o outro da Itália.
M1 – Ah, aqui é da Itália então, é? No meio do Mediterrâneo?
M2 – Sim.
M1 – Porra, tira uma foto, plisss!

#4

M1 – Então, você sabe onde é a casa do Picasso então, né?
M2 – Sim, fui lá. Bem fácil.
M1 – mas você entrou?
M2 – não, agora funciona uma fundação lá, a Fundação Picasso. Da próxima a gente entra lá.
M1 – porra, Picasso né, meo?! Picasso tem que entrar.
M2 - ...
M1 – hausdhuahdusahduashuahuashudahauhduadas “Picasso tem que entrar”!
M2 – haushduahduasdudusuhdaudhausdhasuhdaushduashhduahduashduashduashduash (por 10 minutos)


Ok, chega de diálogo. Escrevi demais. Tenho escrito demais e ninguém mais lê.

PS1: mudou o capitão do navio e eu nem sabia. Vi ele hoje.
PS2: em Livorno o navio quebrou. Era pra sair 18h do porto mas saímos à meia-noite. Tava quebrado e demoraram pra arrumar. Me desesperei, porque o dia seguinte seria Civitavecchia, pra ir à Roma. E com o navio quebrado não chegaríamos nunca lá. E eu morrendo de raiva, porque meus planos de Roma estavam se acabando. Mas no fim deu tudo certo. Chegamos a tempo no porto seguinte. Agora o navio já pode quebrar feliz, porque não tem mais nada de novo pra eu ver até o final do contrato.

Ciao! (como dizem os italianos maleducados) [sic)]

25.7.09

Como se diz...

...sublime em inglês?

Data: 19/07/09
Hora Local (at sea): 23h55
Hora do Brasil: 18h55

Não sei. Só sei que deve ser impossível traduzir o sentimento “sublime” para inglês. Tenho tido momentos sublimes aqui. Momentos “fariônicos” de planejar tudo nos mínimos detalhes, e não realizar. Esses também se tornam sentimentos sublimes, além daqueles sublimes de verdade, como um simples “you can kiss my hand”. Sublime de verdade seria ouvir um “babe, you`re gonna miss that plane”. Well... os momentos não realizados com certeza vão virar filme um dia. Todas as pessoas aqui vão virar filme um dia. Todos os meus próximos personagens estão aqui, e vão ganhar vida fictícia um dia. Vou sentir saudade deles um dia.

A verdade é mais atraente com um pouquinho de ficção.

Por falar em ficção, assisti Cruel Intentions hoje. Quando vi que havia legenda em português fiquei até feliz, mas quando comecei a ver percebi que era legenda em gauchês. Desisti e botei legenda em inglês mesmo. Ninguém merece ver primeiras e ler terceiras pessoas num filme, né?

Hoje eu acordei sublime.

Tiau!
.


UPDATE


Êta mês que não passa.

Data: 24/07/09
Hora Local (Barcelona - Espanha): 01h04
Hora do Brasil: 20h04


Não tenho nada interessante pra contar, então só atualizo algumas coisas mesmo.

Sobre sublimes, tive uma visão sublime em Málaga, na praia. Era uma menina no balanço. Achei sublime.

Ah, na verdade queria contar que subi de bicicleta o morro (que descobri que chama The Rock) até o topo em Gibraltar, e no dia seguinte subi no castelo no alto do morro em Málaga. São 4.000m de um e cerca de 2.000m o outro. Legal, né? Pergunta se eu cansei. E no alto do The Rock eu entrei numa caverna, que chama Matheu`s Cave. Coisa linda! “Estalactite”, é assim que escreve? Era assim lá dentro.

Também em Gibraltar, quase fui preso. É que assim, o aeroporto ocupa metade da cidade (Gibraltar, eu já disse, é basicamente só a pedra), então que ele atravessa uma avenida de carros, normal. E eu tava nessa avenida e entrei, só pra ver, na região da pista e tals. =x Veio a polícia atrás de mim, claro. Foi engraçado. Brigaram comigo, mas até que eu tava com a razão, porque não existe absolutamente nenhuma sinalização. De verdade, nenhuma! Mas enfim, eles só vieram encher o saco porque deve ser a única coisa que eles devem ter pra fazer no dia inteiro, já que pousa um avião por dia aí. Nem fiquei com medo de ser preso. Eu dei é risada e curti a sensação da polícia vir atrás de mim de carro. hadushduasdha

Hoje (ontem, na verdade) saí em Barcelona e fui na bendita Las Ramblas, que é mais ou menos uma 25 de março de SP. Só que de terceiro mundo, né? É uma ruazinha famosa. Eu gostei e tals. Acho que era a única coisa famosa de Barcelona que faltava eu conhecer.

Bom, a Iuliia (Ucrânia) que era minha amiga, agora ta na officer’s mess, então a gente nem conversa mais, nem nas horas de folga, porque ela já encontrou novos amigos. =) E a Bruna (Brasil) ta cuzona, nem fala comigo mais. Não sei que foi que eu fiz. De resto, tudo normal. Já to com saudade de pessoas que eu vou deixar aqui. E com nostalgia de saber que não vou voltar mais em lugares como Barcelona. A maioria desses lugares, nunca mais na vida toda.

Me sinto tão à vontade na Espanha. Acho que quero morar aqui. Adorei todos os lugares que conheci. Ao contrário disso, odiei todos os lugares da Itália. A Itália é minha grande decepção. Espero que Veneza me encante (se eu voltar pra um novo contrato eu vou até lá). E por falar nisso, hoje fui assinar minha avaliação final. Terrível, claro. Minhas notas todas horrendas, vergonhosas. Os comentários ao meu respeito todos ridículos. Mas nem discuti e assinei. Quem escreveu tudo isso foi o gordo FDP Ass. Maitre D’, então claro que eu não podia esperar outra coisa. O pior de tudo é que existe um campo tipo “merece voltar para o próximo contrato?” e ele me deu um SIM. Tipo, depois de criticar em TUDO, ele ainda me dá “sim”? Um tanto quanto irônico. O motivo eu sei qual é. Ele me odeia, mas sabe que eu sou bom. Enfim... é outra coisa que eu dei risada depois. E eu só aceitei esse “sim” porque to pensando em voltar pra conhecer países novos. Aliás, deixa eu abrir outro parágrafo.

Pula uma linha; parágrafo; travessão.

- Eu vou pra Zurich! Sim, se eu voltar pra um contrato novo. Meu vôo de volta a este navio faz escala em Zurich. Ou seja, já é mais um país pra lista. E no contrato novo, eu vou pra Grécia, Egito, Senegal e Marrocos. Já são outros países novos. Sem contar em Veneza, na Itália. Daí o navio pára no Brasil em dezembro, e eu desembarco. :D Já ta tudo planejado. Só falta saber se eu vou aderir ao plano. E olha que coisa de gente importante: eu já tenho 5 vôos agendados até o final deste ano. Hadushdaushdusa 3 pra voltar pra casa e mais 2 pra embarcar de novo (sim, as coisas aqui são muito bem organizadas e eu já tenho os horários dos vôos do próximo contrato. Pra voltar aqui, eu vou de SP/Zurich e Zurich/Roma, pra embarcar em Civitavecchia).

To ansioso pra tentar conhecer Londres. Vou até lá no aeroporto, mas não sei se vai dar tempo suficiente pra ir pra cidade e tirar foto no Big Ben. Espero que sim. O que me dói é saber que vou ficar 24h viajando, e chegar em casa basicamente na mesma hora que eu sair daqui. Ou seja, é um dia que se vive, mas um dia que passa como se não tivesse existido. Vou viver o mesmo dia 2 vezes. Já cansei.

Por falar na ucraniana, agora há pouco tinha 3 ucranianos aqui na minha cabine assistindo vídeos legais do Gugu (atenção: isso foi uma ironia). Eu assisti também. Não entendi nada, mas dei risada pra fazer um social.

Eu disse que não tinha nada pra contar, mas já to na terceira página do Word.

Tiau!

UPDATE

Sublime ainda?

Data: 25/07/09
Hora Local (Livorno - Itália): 14h35
Hora do Brasil: 09h35

Me aconteceu algo sublime de novo, mas eu esqueci o que era já. =/

Agora to na hora de folga. Vou dormir assim que postar fotos novas. Não vou sair, porque em Livorno não tem nada de interessante, a cidade é longe do porto e não se pode sair de bicicleta do porto. Legal, né? Vou dormir mesmo. Pareço velho, ou estou extremamente cansado nesses últimos dias que me restam. Qualquer folguinha, corro direto pra cama. Tomei um gosto absurdo por dormir. Quando acordo, a primeira coisa que penso é quanto tempo falta até a próxima dormida.

Ah, uma novidade: acabaram, finalmente, as aulas de inglês. Uma merda o “curso”, porque ta mais pra treinamento de boas maneiras à bordo do que aula pra aprender inglês. Dia 29 tem nossa formatura, num almoço com o capitão. Xisque, né?

Ah, saí de bike em Cannes e tals. Conheci direito a cidade dessa vez. Segui o ônibus de turismo pra conhecer os lugares principais. Ahudshduas a gente é ‘pendejo’ demais. O Victor (Peru) faz a mesma coisa. Em Copenhagen a gente fez isso também por alguns quilômetros.

Amanhã acho que terei day off em Civitavecchia. FINALMENTE vou poder ir à Roma. Vamos ver, vamos ver...

Tiau, pissual!
(ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, faltam exatamente 3 semanas pra ir embora!)

17.7.09

Adendo importante.

Obrigado às pessoas "desconhecidas" que comentaram aqui no blog já. Eu leio com atenção e tal, mas não tenho muito como responder. Leio os comentários no meu e-mail e escrevo o post off-line, quando não tenho mais como checar os coments e poder responder. Maaaaas, obrigado aí todo mundo!

Quando eu chegar em casa (muito em breve) eu respondo tudo com calma.

E aqui embaixo tem post novinho com as coisas da Escandinávia e sobre minha volta pra casa.

Tiau!
.

Escandinada.

Ante Scriptum: muitas novidades.

Data: 16/07/09
Hora Local (Oslo - Noruega): 16h08
Hora do Brasil: 11h08

Hoje termina nosso tour pela Escandinávia. A primeira coisa a dizer é: QUE TESÃO!
Tipo assim, é tudo diferente. Quer dizer, é normal depois que já passamos pelo resto da Europa, mas é muito diferente do que existe no Brasil. Tudo tem um clima medieval, sabe como? Tudo velho, antigo, gigante, lindo e charmoso.

Eu queria escrever dia a dia, mas passei batido e vou fazer um post só, sobre todos os 4 países novos que conheci.

BÉLGICA: que coisa mais linda! Encantador. Arrisco a dizer que é um dos lugares mais bonitos que conheci na Europa. Paramos na cidade de Zeebrugge, mas peguei um trêm e fui parar em Brugge. Queria ir pra capital Brussels (gente, esses 3 nomes significam “bruxa”, por que será que é assim?), mas era meio longe. Na ida, conheci um casal, que por acaso eram passageiros do navio. Ele americano e ela colombiana. Fomos juntos, fizemos o tour juntos e voltamos juntos. Uns queridos. E sobre Brugge, muito a dizer, mas sem palavras pra dizer. Isso sim é um lugar medieval. Pra onde você olha tem um castelo diferente, uma igreja diferente. Tudo enorme, velho, lindo. Limpo, organizado e rico. Ruelas, vielas, tudo estreitinho e tortuoso. Adoro!

Também adoro essa coisa de ir pra outra cidade. Dá um gostinho de aventura. Pegar trêm, táxi, ônibus... sempre é mais excitante. Nesse caso de Brugge, a gente pegou o último trêm de volta, que chegaria a tempo no navio, às 16h09. Detalhe que entramos no trêm, que sai sempre pontual, às 16h08! ÊêÊê maravilha!

Adorei conversar com passageiros. Adorei ter uma conversa longa em inglês, sem ter que pedir pra ficar repetindo pra eu entender. Acho que eu já to ficando bom nisso.

(pausa pra ir levar o cigarro da Iuliia [Ucrânia] na crew mess)

Meia hora depois, pronto! Essa Iuliia já é outra, não a mesma do post anterior. Depois eu conto.

DINAMARCA: haha eu não lembro. Deixa eu ver fotos pra lembrar. Peraí!

Errrrrrrrrrrrrrrrrrrrr estúpido! Na Dinamarca, em Copenhagen, foi a OVER NIGHT! Uhuuuuuuuuu! Tesão demais! De dia saí pra tirar fotos, conhecer mais ou menos. Mas é uma cidade muito grande. E também com tudo enorme, ruas enormes, construções enormes e antigas e etc. O meio de transporte mais popular é a bicicleta. E primeiro mundo é outra coisa, né? Eles nem prendem as bicicletas na rua. Elas ficam lá, pra qualquer um roubar. O “problema” é que não tem ladrão. Fomos até o parque/circo TIVOLI, que é um dos mais famosos e antigos do mundo (data de 1846) e ainda opera normalmente. Não entramos, porque isso é coisa pra se passar o dia inteiro inside. Mas gostei, bem bonito o lugar e tals.

Daííííí, chegando a noite...

Combinei tudo com todos, e quase fiquei sozinho em plena noite na Dinamarca. Dei o bolo em vários porque decidi sair com a tal da Iuliia, mas ela também fez a cagada de combinar com todo mundo, daí acabou que no meio do caminho encontramos como que uns 20 ucranianos, daí nem cheguei a me agrupar e tals, já deixei ela lá e fui embora. Claro, fiquei puto porque era pra gente sair junto, e talvez fosse nice da minha parte fazer um esforço pra aguentar esses FDP ucranianos (a maioria é), mas sinceramente eu não tava afim de perder a minha única noite num país diferente com eles. Fui voltando pro navio sozinho, pensando em algo pra não estragar a minha noite. Até que encontrei os brazucas Marcus e Maria, que estavam putos comigo porque eu não tava lá no lugar marcado antes. Ahdushausdhua eu inventei uma desculpa e me ajuntei a eles. Fomos pro centro da cidade, de táxi. Coisa chique demais, porque fomos de Mercedes, ok?! Pagamos caro, mas andamos de Mercedes em Copenhagen. Hahahaha Bom, ficamos no meio da cidade, numa praça enorme onde fica o Tivoli, então eu já tava me sentindo o conhecedor do lugar. Compramos cerveja num am/pm e saímos andar. Tudo deserto, calmo. Alguns vagabundos (playoys, na verdade) na rua, mas nada de sentir medo. Alguns lugares completamente escuros e desertos, mas não tinha como sentir medo. Num lugar onde não se prendem as bicicletas, como é que se pode ter medo? Bom, daí que eu guiei o povo pra tentar encontra um lugar com movimento. Eu tinha certeza que teria movimento num lugar que eu fui de dia, e eu tava certo de que sabia o caminho. Sabia nada! Mas mesmo assim fomos indo. E, no fim das contas, meio que por acidente, não é que achamos o tal lugar? Haha só que tava deserto igual. Resultado: voltamos pro navio andando, bem lento, apreciando os lugares e tals. E o caminho de voltar a pé só eu sabia também. Mas nessa hora eu já estava seguro do caminho. Não foi na sorte como antes. Hahaha mas tem mais: eu vi a noite MAIS FODA da minha vida. Tipo, primeiro que anoiteceu às 23h, e pouco antes das 3h, a hora que a gente deveria entrar no navio, o céu ainda tava claro de um lado, parecendo manhã já. ABSURDO! Um lado noite, do outro quase dia. Tirei muitas fotos disso. Claro que vocês nunca vão entender vendo as fotos, mas eu que estive lá vendo ao vivo, é uma coisa inesquecível!!!

Bem, achamos que iríamos encontrar fila pra entrar no navio, com todos voltando em cima da hora pra curtir o pouco tempo fora. Mas que nada! O que encontramos lá foram os outros brasileiros, tudo voltando em cima do laço, igual a gente! Hausdhausdhuas olha que povinho que a gente é, hein? Só a gente, os mais caipiras, voltando faltando minutos pras 3h. Foi engraçado, que até tiramos foto. As meninas já estavam pra lá de Bagdá. Deixei todos lá e tava indo dormir, até que... tcharam! Cruzo com a Iulia no meu corredor. Mas sei lá, eu deveria ficar bicudo como sempre, só que como minha noite foi até bacana (muitíssimo melhor falar português o tempo inteiro do que ouvir ucraniano o tempo todo) eu fui gente boa e nem toquei no assunto sobre ficar bravo com ela. Resultado que a gente ficou conversando por mais 1 hora, cada um contando como foi sua noite do lado de fora e tals. Fui dormir depois das 4h, pra começar a trabalhar às 7h. Bacana, né? Mas quer saber? Foi tudo muito foda. Noite simples, sem grandes acontecimentos. Singela, do jeito que eu gosto. Com amigos, cerveja, noite, praça, caminhada na escuridão, um céu absurdo de bom. Fiquei feliz por ter conseguido NÃO estragar a minha noite (e nem a dela).

Chega de falar desse dia. E chega de escrever, porque preciso trabalhar em 20 min. À noite eu termino o post.

Tiau!


UPDATE

Continuando...

Data: 17/07/09
Hora Local (at sea): 00h08
Hora do Brasil: 19h08


Ainda é mesmo dia no Brasil, mas aqui já passamos da meia-noite. O céu ainda deve estar claro. Tirei foto esses dias, à meia-noite, e ainda havia luz do sol no céu. É mole?

E já estamos no dia de mar e a essa altura devemos estar passando pelo topo da Dinamarca, já tendo saído dos territórios da Noruega.

Let’s go!

SUÉCIA: vi super correndo, porque era tender! Droga! Tive como que 1 hora fora. E devo dizer que a Escandinávia toda se parece. Tenho o mesmo a dizer, que as coisas são grandes, velhas e bonitas. Vi castelos, igrejas e coisas modernas. Não vi nada demais, sabe? Pode ser que seja pelo pouco tempo, mas mesmo assim acredito que a Suécia não seja tão atrativa como os outros lugares da Escandinávia. Mas enfim, tirei belas fotos, vi belas paisagens, pessoas branquelas, polacas, albinas, etc.

NORUEGA: uau, adorei demais! Um lugar para voltar, principalmente no inverno. A cidade em si vai no mesmo bla bla bla, de castelos, coisas grandes, etc. mas eu gostei mais daqui (porque ainda não dormi e parece que foi hoje ainda) do que da Suécia. É que vi muitas residências, e daquelas antigonas que dá vontade de morar, sabe? Gostei bastante. Mas do que mais gostei foi que o porto não é no mar, é num rio. Então quando íamos embora, passamos muito lento nesse rio, calminho, cheio de montanhas à volta, com aquelas casinhas de campo rodeadas por árvores (dessas árvores de frio, sabe?), que deve ficar lindíssimo tudo branco, e aposto que tem urso lá. Coisa de cinema, hein! E por falar nisso, me dá vontade de usar todos os lugares que conheci como locação pra algum filme no futuro. haha


O balanço geral é muito positivo. Gostei muito dos lugares, apesar de ter tido pouquíssimo tempo em todos eles. Só não gostei de tudo aí ser caro, porque eles não usam Euro e tals. Mas gostei das paisagens novas, do meu repertório visual novo, das experiências novas, dos olhares novos e dos desafios novos. Tu sair ‘de casa’ pra explorar um país distante em pouco tempo é coisa para raros, mas a gente sempre consegue. É triste ter essa sensação de shuffle do mundo, mas é a única coisa possível no momento. Eu espero um dia ser rico, como o casal que conheci no trêm pra Brugge, e viajar o mundo inteiro com tempo. (eles pararam de contar depois do país 55)


Agora estamos voltando pra Inglaterra. Mais dois cruzeiros típicos do Mediterrâneo e CASA! Vou tentar curtir bastante meus últimos momentos e minhas últimas paradas nesses países, porque pode ser que seja a última vez da minha vida nesses lugares. Já to em clima de despedida, ainda mais agora que já tenho todos os dados do meu vôo pra casa. SIMMMMMMMM! Ele é meio estúpido, mas eu gostei porque parece coisa de gente importante. Vou de Londres pra Roma (dalicença?) [sic] e de Roma pra São Paulo. Estúpido ir pra mais longe de casa antes de ir pra casa, mas ok! Vou fazer quase 24 horas de vôo, contando com a escala, claro. Mas com a mudança de fuso, vai me ter passado apenas 12 horas de um mesmo dia. FODEU! Vou perder meio dia de vida nisso, e meu dia 15 vai ter 36 horas. Haudshuadu que foda, né? Já to cansado da viagem desde já. Quando chegar no Atlântico, pode saber que vou dormir (porque antes disso, me conheço: vou querer ficar olhando o mapa e pra fora o tempo todo). Chego em Guarulhos às 5 da manhã. ATENÇÃO: Alguém pode, por favor, buscar na net preços de passagens de GRU pra CWB, depois das 5h do dia 16? Pliiiiiissssss! Se acharem alguma promoção, me comprem que depois eu pago. Se acharem por preço normal, me avisem quanto é, porfa! É que depois de pagar 90 pilas pra ir de CWB>GRU de ônibus, qualquer 200 reais é lucro pra fazer o oposto de avião. E não to muito afim de ficar passeando por SP com minha bagagem. Depois de ‘me acostumar’ com o primeiro mundo, fico até com medo de voltar pro Brasil. Hadushduahsuahduadhuhas

Ok, vejam isso pra mim, por favor. Fazer isso daqui, com essa internet, vai me sair caro demais. E se eu realmente voltar de ônibus, só chego em casa dia 16 à noite.


É uma merda mesmo. Sei que vou sentir saudade dessa porra de vida daqui. Não vejo a hora de ir embora, mas aposto que com 3 dias em casa vou estar querendo voltar pra aqui também. Dhaushuashduas é que quando paro pra pensar, penso que isso aqui é loco demais. Essa semana foi louca demais. Dormi na Bélgica e acordei na Dinamarca. Passei a noite na Dinamarca, dormi por 3 horinhas, só que nesse meio tempo já estávamos na Suécia. Dormi na Suécia e acordei na Noruega. Véi, vaisifudê! A gente simplesmente não sente a viagem. É como estar em casa, normal. E cada vez que você sai pela porta você percebe que mora numa rua diferente, com o agravante de os seus vizinhos estarem falando uma língua diferente da sua, e cada dia uma língua diferente. Quando chegamos na Suécia, eu já tava do lado de fora e eu simplesmente não sabia que país a gente estava. Isso acontece. E eu adoro essa história de estar, literalmente, cada dia num país diferente. O que eu odeio é o meu trabalho (seguido pelo salário que me pagam)


E só pra introduzir e finalizar, essa Iuliia é uma nova, que ta trabalhando na crew mess também. Bonitinha, tem me feito companhia nesses dias, mas muito mandona como os outros ucranianos, o que me irrita profundamente. Acabou de chegar e pensa que já pode mandar. Mas num vem não, eu já to cortando as asinhas. Haha dou uns cortes bonitos na coitada. E não só nela. Tenho sido intolerante com todo mundo. Se vejo um filipino ou macedônio FDP fazendo cagada, eu vou lá chamar atenção e dizer pra arrumar/limpar. Eles me odeiam quando faço isso, claro. Mas to pouco me fodendo agora. Haudshudsah mas também tenho sido querido demais da conta com as pessoas mais antigas no barco, tipo “do meu tempo”, sabe?

Enfim, ta explicado. Iuliia é essa menina aí. Eu sou esse menino aqui que briga com todo mundo (“e já estou rindo. Não pensei que conseguiria, não pensei que conseguiria...”). a Bruna não me dá mais moral. Desde que ela me ignorou pra falar com o português, a gente não se fala mais direito. A gente tava grudado, saía toda noite, mas agora mal nos falamos. Minha suposta sorte é que a Iuliia chegou e tem me feito companhia. A gente tem conversado bastante, e acho que ela é minha primeira ‘amiga’ de outro país. Tipo, sem que seja latino, sabe? Os latinos se parecem muito, todos, então não tem graça. Mas ela é européia, com pensamentos completamente diferentes, e tem sido interessante conversar sobre diversas coisas. Só que do jeito que ela ta indo, se folgando demais, acho que já vou cortar o barato também, e ficar sozinho de novo. Os ‘amigos velhos’ não contam mais. Até porque a maioria deles já foi embora. E só pra explicar: claro que eu falo com gente de todos os países, mas não tenho conversas longas, não ouço e nem conto sobre a vida particular e não tenho intimidade nenhuma. É sempre o tradicional “hey, how are you? Did you go ashore? Have you been here before?”, e basta.


Esse post ta maior do que eu queria. Eu já delirei demais. E provavelmente a culpa é minha quando todos se vão.

Quem foi que disse: “Lenine é o único que consegue rimar sofá com so far away”?

Eu gosto dessa frase.

Tiau!
.

13.7.09

Se é pra ficar morrendo aqui...

... eu vou-me embora.

Data: 08/07/09
Hora Local (Gibraltar - Inglaterra): 09h13
Hora do Brasil: 04h13

Já que acabei o post de antes falando de Michael, deixa eu começar por ele. Ontem teve aquele Memorial (funeral, na verdade) dele e passou na íntegra na CNN. Fui assistindo quando dava e foi muito bom. Quando Mariah cantou “I`ll be there” foi bem foda. Já deve ter no youtube, né? Quando eu chegar em casa vou passar boas horas no youtube pra rever tudo que eu perdi nesse ano. Enfins, foi bacana e triste.

Podem me chamar de louco, mas eu não desci do navio em Barcelona. Já falei isso? Não lembro. Mas não saí, apesar do dia lindo que fazia lá fora. Eu tava morto de cansado, desde a corrida em Málaga. Daí fui dormir. Tudo pra aproveitar melhor em Mônaco. E valeu a pena, porque foi ótimo em Mônaco. E em Civitavecchia eu também não saí. Acho essa cidade feia, e era sábado, daí ta tudo fechado. Os italianos são muito preguiçosos. Não trabalham sábado, nem domingo, e dia de semana ainda fecham na hora do almoço. A cidade fica morta. E já saí ali várias vezes e vi tudo (fechado) que tinha pra ver. Agora aí só me interessa sair quando for pra ir pra Roma. E se no meu último cruzeiro eu não tiver day off ali pra poder ir à Roma, eu vou faltar trabalho. Quero nem saber! Puta djuz! (sic) Ah, e andei melhor em Nápoles dessa vez. Cidade feia, como todas da Itália que eu conheci. É pobre, sabe como? Uns cortiços feios demais. Claro, pelo valor histórico é lindo estar ali, ainda mais sabendo que ali é a boca da máfia italiana. Mas sei lá, a Itália não me encantou como deveria. Nápoles tem suas construções antigassas, igrejas e castelos lindos. Mas é tudo largado. Não sei explicar direito. Ao mesmo tempo que é bonito, é tudo feio. A Itália toda me soa triste, nublada, escura, feia e é fedorenta. Os italianos também não são flores que se cheire. Não me agrada. No mais, saí com a Bruna, Yuliya (Ucrânia) e o português em Ajaccio (Córsica), onde nasceu Napoleão Bonaparte. Pertence à França esse lugar. É uma ilha no meio do Mediterrâneo, que divide fronteira com Sardínia (Alghero), que é da Itália. Bom, primeiro fomos comer num restaurante típico do lugar, à beira da praia e tals. Bem bacana. Mas eu tava meio injuriado com eles pelo dia anterior, que teve festa e a gente se perdeu. Andei o navio inteiro atrás deles, porque eu tava com a chave da Bruna e precisava devolver pra ela poder voltar pra casa. Enfim, eu não estava muito feliz nesse outro dia. Mas daí fomos à praia, o português não foi, e até me animei um pouco mais. Praia lindinha, um outro paraíso pra minha coleção. E eu estava super bem acompanhado pelas duas queridíssimas bar steward. No fim das contas, foi bacana o dia.

Aqui tem feito muito calor. É verão, claro. Mas eu não esperava tanto calor assim.

Hoje paramos em Gibraltar. Eu queria comprar um laptop novo, porque estava tudo certo pra vender esse aqui. Mas a guria que ia comprar deu pra trás hoje. Desgraçada. Não estão caras as coisas por aqui, apesar de ser pounds. Um laptop se pode comprar com mil reais, cerca de 300 pounds.

A festa que eu me referi antes era uma Bollywood Party. Muito bacana. Nós, os brasileiros, nos sentimos no Caminho das Índias. Eu vou sentir saudade desses brasileiros, viu. Um pior do que o outro, um mais fresco do que o outro. A gente se xinga, mas se adora. A Grazi é a patricinha, o Marcus é o aloprado, a Adriana é a cu-doce e a Bruna me irrita quando a gente discute e 5 minutos depois ela age como se nada tivesse acontecido. Haha vocês sabem que eu sou rancoroso e não esqueço fácil das coisas. É por isso que fico de bico de um dia pro outro, como nesse dia em Ajaccio que eu tava bravo ainda com a coisa do dia anterior.

A lua está cheia. A gente (brasileiros) foi algumas noites do lado de fora pra ver ela. E acho que brasileiros são “coisas” especiais mesmo. Nenhuma outra nacionalidade parece se importar com esses pequenos detalhes, como ver a lua, como ver o pôr-do-sol. A gente se encanta muito fácil com as coisas. E os outros, como filipinos, indianos e orientais em geral preferem dormir em suas horas livres do que ir pra fora conhecer o mundo. Eles raramente saem do navio. E os europeus estão pouco se fodendo pros lugares, porque pra eles é o jardim de casa. Enfim, são muitas culturas por aqui. Se não me engano, são 47 nacionalidades à bordo. E tenho certeza que os brasileiros são os mais especiais, mais ricos e mais empolgados. ;)

Ta foda por aqui. Todo dia tem um treinamento, uma reunião diferente, bem no meio dos meus breaks. Sefodê, viu! Agora to fazendo hora pra ir a um deles às 10h.

Ontem o Ass. Maitre D` me chamou pra conversar, porque eu me atrasei 10 minutos e tals. Daí ele veio querer me humilhar, só que não dou moral pra esses vagabundos. Veio dar lição de moral, dizer que sou irresponsável. Daí me perguntou que se eu tivesse uma empresa, eu me contrataria. Eu disse que não. Hahahaha daí ele ficou puto, perguntou se eu tava sendo sarcástico. Eu disse que não de novo, daí ele ficou bravo. Mas realmente eu não tava. É que ele tava com a minha ficha de avaliação nas mãos, onde constam todos meus atrasos. Daí, realmente, olhando pra aquilo ali é horrível. Mas eles são putos, porque eu já disse aqui que se você é o melhor trabalhador, pouco importa. Eles te reportam se você faz coisa errada ou chega tarde. Se você faz algo bom, passa batido. Nunca colocam na tua avaliação algo bom. Então, claro, minha ficha está ridícula e eu não me contrataria olhando pra aquilo ali. Eu não ri na cara dele, mas agora eu rio só de lembrar disso. Eu sei que minha cara é cínica nessas horas, mas problema dele. Não vou ficar baixando a bola, porque é isso que ele quer. E ele sempre joga na cara o que diz o contrato, mas no meu contrato não diz que tenho que sorrir pra ele nessas horas.

Véi, brasileiro é uma merda mesmo. A gente é foda. Todos aqui dentro abrem a boca pra reclamar. O Marcus é um bocudo, a Maria também. E eu não precisa nem falar, né? Nós 3 somos de dinning room e estamos sempre discutindo com aquele gordo desgraçado. Acho que nunca mais vão contratar brasileiros nessa área. Haha mas o que acontece é que a gente não baixa a bola e brigamos pelos nossos supostos direitos. (aqueles que a gente não tem mas briga pra querer ter).

To quase indo embora. Só mais 5 semanas. Se me foderem cruzeiro que vem, me colocando de night shift, eu falto trabalho pra ir à Copenhagen, onde vai ter over night. Ninguém tem dúvida que vamos todos pra mesma balada.

Eu só to aqui ainda porque me falta conhecer a Dinamarca, Bélgica, Suécia e Noruega. E vai ser semana que vem! ;)

Semana que vem promeeeeeeete!

(eu acho que não vão renovar meu contrato e não vou poder conhecer a Grécia daqui 3 meses. Ahusdhaushduas)

ps: ahhhhhhhhh, to tomando remédio pra dor, porque me quebrei carregando muito peso. Por enquanto não é nada sério.

To com tantos planos. Mas tudo na base do “depende”.

Tiau!
.

UPDATE


Évribari macacada (sic).

Data: 09/07/09
Hora Local (Gibraltar): 00h36
Hora do Brasil: 19h36

É só um update. O dia só mudou porque passou da meia-noite.

Subi, finalmente, a montanha em Gibraltar, que tem um nome e eu não sei qual é. Gibraltar é basicamente só essa montanha. Mas subi hoje com o Pereira (Portugal) de bicicleta. Quase morremos, claro. Mas valeu muito a pena. Não curtimos mais porque não tínhamos mais tempo. Levamos cerca de 45 min pra subir. Pra descer deu menos de 10. haha

É isso.
.

UPDATE

Miami again, como si fuera.

Data: 11/07/09
Hora Local (Southampton – Inglaterra): 02h00
Hora do Brasil: 22h00

Sim, 2 da manhã (acabamos de voltar 1h o relógio) e eu escrevendo. Não chegamos na Inglaterra ainda, mas o título consta isso.

Acabo de voltar da suposta leaver’s party, que é pra se despedir da galera que vai. Não é uma festa em si, mas uma grande reunião, com todas as panelinhas e pessoinhas que partem nessa próxima manhã. Se vão ucranianos, o chileno gente boníssima e a Elenita, da Macedônia. Sinto pena do Victor (Peru), que é apaixonado por ela. Hoje fiz um vídeo pra ele entregar pra ela, com fotos e bla bla bla. De ver o vídeo me dá pena, me faz sentir essa dor e nostalgia de ver alguém que se ama ir embora. Se eu sinto isso, posso imaginar a dor dele agora. Não é das melhores. Enfim, é triste. Nostálgico.

Bom, me estraguei essa noite. Sempre que volta uma hora no relógio a gente acha que pode fazer tudo na noite, e acaba se estragando mais do que nas noites normais. A Bruna já ta bem enturmada, então nem conversamos muito hoje. A Grazi só fica de papo com os canadenses dela. Com a Adriana eu nem converso mais, faz mais de 1 mês. A Maria só fala de dormir. Ou seja, paisanos que é bom, não tive nenhum hoje. Fiquei mais com a galera do ‘vou embora’. Que inveja deles.

“já faz um mês que me falta um mês”. A frase do dia. Minha, claro. E quem vai embora comigo concorda profundamente.

Hoje (ontem) o Maitre D’ me chamou pra conversar. Acho que to perto de casa, porque ele disse que um atraso mais, me mandam pra casa. Acho que fiquei até feliz com a notícia. E tipo, se eu chegar hoje (amanhã) tarde, já to chegando em casa. Uhu! Mas vou tentar me atrasar só no outro cruzeiro, porque esse de agora é de uma semana e vamos passar na Dinamarca, Bélgica, Suécia e Noruega. Lugares que me falta conhecer. Vou tentar me comportar pra conhecer estes. Vejam ali nos links do lado as cidades e etc. Vai ter over night, que significa que vamos passar a noite numa cidade. Supostamente, porque o navio sai 4h da manhã, então nem vamos aproveitar muito.

Well, esqueci tudo que tinha pra falar. Só sei dizer que agora to cansado e preciso dormir. Faço planos todos os dias, de como será se eu voltar ou não voltar. Sinceramente, meu melhor plano é voltar, conhecer a Grécia, Egito e África, depois romper o meu contrato quando o navio chegar no Brasil, em 13 de dezembro. É a minha melhor idéia até agora, massss, depende se eu não for mandado embora antes do tempo nesse contrato. Haha E tipo, passado essa semana dos países novos, fico até feliz se me mandarem pra casa antes do tempo.

Me sinto agoniado pra chegar o dia de ir embora. E muito nostálgico quando vejo as fotos do Caribe, por exemplo. Já sinto uma saudade enorme de lá e dos bons momentos que passei. Vou sentir saudade do pintche Victor, que é meu melhor amigo aqui, e no Caribe passamos bons momentos juntos, talvez alguns deles entrem na lista dos melhores da minha vida. O outside dessa vida é maravilhoso. O inside é de foder. Já disse aqui e repido: o preço que se paga por isso é muito caro. Fico de boca aberta com o que vejo do lado de fora, me dá vontade de ficar o resto da vida. Mas como a maior parte do nosso tempo se passa dentro do navio, a gente não vê a hora de acabar com isso e ir pra casa. A pressão é muito grande, a cobrança é exagerada e a maioria das pessoas são desprezíveis. Tudo isso te leva a refletir se realmente vale a pena estar aqui. Pela grana não vale. Claro, tenho guardado muito dinheiro, mais do que no Brasil. Mas ainda é pouco perto do que a gente merece, por tudo que a gente passa aqui. Os que mais trabalham, menos ganham. O que é meu caso. Sei lá, conhecer o mundo dessa forma, sempre correndo, é muito ruim. É como ganhar um CD de amostra grátis, que te gosta muito, que só toca no shuffle. Tu ouve 30 segundos de cada música e tem que se contentar com isso. Se quiser ouvir mais, tem que pagar caro pelo disco. É assim aqui. A gente tem o aperitivo do mundo. Pra ter mais, um dia tu deve pagar do teu bolso pra ficar mais tempo e passar férias, sei lá. A analogia é mais ou menos essa.

A gente fica paranóico aqui. Qualquer 15 minutos de dormida é lucro. Hoje (ontem) botei o despertador pra tocar 15 min depois, pra eu poder assistir tv no meu break com a certeza de que não ia me atrasar pra voltar. Resultado: claro que eu dormir os 15 min e acordei com o despertador. A Bruna também, outro dia que saímos, disse algo como “vamos rápido que ainda dá tempo de eu dormir 20 minutinhos”. Véi, isso é normal? No Brasil a gente faz esse tipo de coisa? Claro que não. Se não der pra dormir pelo menos 2 horas, a gente nem pensa em dormir. Mas aqui, cada minuto de sono é lucro. Eu não durmo mais de 4 horas por noite. Nunca! Claro que a culpa é minha, porque vou no bar toda noite. Mas mesmo que eu saia do trabalho e vá direto pra cama, vou dormir no máximo 6 horas direto. Pra quem trabalha das 7h da manhã às 23h30, 6h de sono é pouco, né?

E pra foder mais ainda, quando saio, ainda saio pra andar de bicicleta, correr, etc. haha tudo que cansa ainda mais. Mas quer saber? Essas cansadas de bicicleta são as que mais me deixam feliz.

PS: como se não bastasse, nos nossos breaks sempre tem reunião, treinamento ou alguma outra merda, como minhas aulas de inglês. Sempre! Eles sempre acham jeito de foder teu break.

Tiau! Já reclamei o suficiente nesse post.
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UPDATE

hahahaha.

Data: 12/07/09
Hora Local (Southampton - Inglaterra): 00h13
Hora do Brasil: 20h13

Se dependia de atraso pra eu ir pra casa, hoje me atrasei duas vezes. Hahaha
Tipo, de manhã era pra ter drill, daí meu break começou 9h, e até comer e ir pra cabine, cheguei eram quase 9h30. O drill é normalmente 9h45, daí pensei: claro, vou dormir 15 minutinhos. É aquela história que já disse, de que 15 minutos de sono são sempre lucro pra nós. Ok, acordei 9h45 com o despertador, mas nada do capitão chamar. Dormi de novo, na esperança de ouvir o sinal e acordar com ele. Meu compañero de cabina tava fazendo o mesmo. Resultado, às 10h45 toca o sinal, mas era a Bridge dizendo que o drill foi cancelado. Eu acordei com o sinal, maaaaaaaas a notícia não foi boa. Eu deveria começar a trabalhar 10h30. hahaha tipo, com drill, eu começaria depois das 11h, então beleza. Mas como cancelaram essa porra, eu me fodi. O supervisor novo (que cobre o supervisor mexicano quando ele não ta) já ficou fudido da cara, e acho que me reportou direto pro Ass. Maitre D`, porque o supervisor mexicano não me falou nada depois. Então, é bem provável que eu tenha alguma notícia boa amanhã. E depois ainda de tarde, depois que saí pro shopping usar internet de graça na Apple Store, dava tempo de dormir 1 horinha. Mas acabei dormindo uma hora e meia. Me atrasei só 5 minutos, então até que dava pra dar uma enganada. Isso se eu não tivesse dado de cara com o supervisor mexicano no meio do caminho. Hahaha mas ele fez vista grossa e não deu em nada. Mas enfim, me atrasei duas vezes no dia seguinte da mijada que eu levei do Maitre D’. Foda!

Esse cruzeiro vai ser foda. Já estamos na madrugada à caminho da Bélgica. Só países novos pra mim. Bélgica, Dinamarca, Suécia e Noruega. Uhuuuu!

Eu tinha algo mais pra contar, mas já esqueci.

Hoje é aniversário da Yuliya (Ucrânia) e vamos fazer festa no crew bar. A Bruna já me ligou aqui e to atrasado. O foda é que temos que adiantar os relógios em 1h hoje. Fodeu! Será que me atraso de novo? Hadushuads

Tiau! Fui festar.
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