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28.7.09

Quem tem boca...

...vai embora de Roma!

Data: 27/07/09
Hora Local (Alghero - Itália): 01h17
Hora do Brasil: 20h17

(passou da meia-noite, então já é 28)

Hoje completo exatos 5 meses à bordo. Bastante tempo, né? Pra algumas coisas, parece que o tempo passou voando! Pra outras, parece que ele se tarda muito. Muita coisa nova, muita informação e todos os seus sentimentos elevados à oitava potência. Elementar que a gente mude. Faltam 19 dias pra chegar em casa. Só então vou saber se mudei pra melhor ou pra pior.

Os dias aqui têm sido muito nostálgicos. Já dá pra ter a impressão de que é uma fase da sua vida que ta ficando pra trás, que mais um ciclo se encerra. O que vem depois disso sódeusçabe! (sic)

EU FUI PRA ROMA, PORRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Chorante. Chorei em Paris, chorei em Mônaco, chorei em Pisa e agora em Roma. Já chorei vendo o pôr-do-sol. To chorando agora sei lá por quê. É a velha estória do livro de história. Tu vê essas paradas todas ali no livro e teoricamente aprende coisas que se passaram ali, há milhares de anos atrás. Sem falar nos filmes que tratam desses assuntos, fictícios ou não. E, de repente, você ta ali frente a frente, cara a cara com o negócio. Uma utopia, uma coisa que era inalcançável. Um turbilhão de sentimentos inexplicáveis, de orgulho, de pequeneza diante da magnitude. E um motivo extra é o fato de não ter tempo de curtir o lugar. É a merda de conhecer o mundo no shuffle. Tu chega lá, tira zilhões de fotos de todos os ângulos, e vai embora porque precisa trabalhar. Outro parágrafo, por favor.

Fui eu, Grazi (a de Curitiba), Deepak e Sabina da Índia. Fomos de trêm. Demorou pra chegar, tava calor. Mas chegamos. Descemos na estação final (dava pra descer antes no Vaticano) e fomos direto pro Coliseu. Meio que nos perdemos, pagamos táxi pra achar o lugar. Mas ok, chegamos. Vimos tudo correndo. Nem pensamos em entrar lá porque a fila era enorme. Tiramos fotos de tudo e nos mandamos pro Vaticano. Pouquíssimo tempo pra ficar lá, porque só tem 1 trêm por hora, e a gente tinha que voltar logo. Sem palavras pra descrever o Coliseu e Roma em si. Aquilo ali é lugar pra passar 15 dias, e não 30 minutos. Enfim, fomos pro Vaticano também de táxi. Não sei bem o que falar do Vaticano. Um país de poucos metros quadrados é um tanto quanto pitoresco. Mas saber que pisou ali Michelangelo pra pintar a capela é um tanto quanto arrepiante. Mais arrepiante seria entrar lá e ver a pintura dos dedinhos se encontrando. Mas, no way, porque a fila também era enorme. Vimos por fora, e claro que é tudo bonito. Tudo enorme, gigante. Com coisas bonitas e importantes por todos os lados. Nem dá pra saber o que tudo aquilo significa. Não vimos o Papa porque já era tarde e a missa tinha sido de manhã. Mas era domingo, e isso significa que ele esteve lá fazendo a missa. Mas tirei foto da janelinha que ele fica, só pra constar. Até que tínhamos tempo pra ficar ali, mas não sabíamos direito o que fazer. Não dava pra ir longe pra não perder o trêm. Ficamos ali mesmo, na Praça San Pietro e comemos o tal panini, famoso por ali. Fomos buscar a estação de trêm (já que era uma diferente da que a gente desceu) e pegamos o caminho errado. Eu e a Grazi, com nosso italiano afinadíssimo, fomos perguntando a cada esquina como chegar lá. O trêm, teoricamente, saía 3h09 do Coliseu, e por ali chegaria 15 min depois. Chegamos correndo na estação, às 3h12 mais ou menos. Susse! Só que o trêm não chegou. O próximo seria 4h29. Foi esse que a gente pegou, super atrasados. Sei lá o que aconteceu com o trêm anterior. Chegamos em Civitavecchia às 5h30, a hora que eu deveria começar a trabalhar. Legal, né? Comecei a trabalhar quase 6h, mas ninguém me deu falta (aleluia!) e não deu em nada.

Resumindo, chegar em Roma foi teoricamente fácil. Difícil foi voltar embora.

Sei lá. Voltei pra ‘casa’ com uma agonia enorme. De ter estado ali num lugar tão rico de história sem que eu pudesse desfrutar. De ter visto tudo tão correndo, como sempre. Isso é cruel demais. Dá uma dor enorme quando é assim. Dói porque sei lá se um dia vou poder voltar lá com tempo, pra desfrutar direito. Não sei se me orgulho de dizer que estive ali.

Roma é riquíssima. Meu conceito sobre a Itália já subiu um pouco. Por onde você olha há uma coisa importante, uma escultura, um monumento, uma construção. Tudo ali tem um pedacinho de história. E o Coliseu nem se fala, né?

Quando voltar pra casa vou rever e ver todos os filmes que se passam nesses lugares que eu visitei. Outro dia tava vendo um pedacinho do Before Sunset, e ele começa no rio Sena, ao fundo de Notre Dame. Porra, fiquei feliz. Só quem esteve ali sabe que aquilo ali são os fundos de Notre Dame, até porque a igreja ta ali de background, nem é foco do filme. Enfim, coisas assim me deixam feliz. Tipo o que aconteceu com Ratatoulie que eu já contei aqui.

Deixa eu escrever aqui diálogos célebres dessa semana pra eu lembrar pra vida toda:

#1

M - Os italianos são mal educados. Eu digo ‘oi’ e eles dizem ‘tchau’. Tenho certeza que o Jhonn fez aquela música pra uma italiana, antes de conhecer a japonesa.
G - Qual?
M – You say goodbye, I say hello!
G – Mas essa não é do Paul?
M – Que seja!
G – Também não sei. Mas tem uma cara de ser do Paul.
M – Pode ser, ele era mais mulherengo mesmo. *-)

#2

M1 - ...peguei a bike e deitei o cabelo.
M2 – huasdhuashduas nussssssss essa eu não escutava fazia uns 10 anos, véi!

#3

M1 – Ahhh tem lugar que nem adianta tirar foto, tipo aqui. Que merda, não tem nada pra ver. Nada a ver o navio parar aqui. Só tem praia. Mas no Brasil tem praia mai bunita que essa.
M2 – Pois é, é uma ilha no meio do nada. No meio do Mediterrâneo.
M1 – ah, é no meio do Mediterrâneo?
M2 – Sim, faz divisa com Ajaccio. Um lado é da França e o outro da Itália.
M1 – Ah, aqui é da Itália então, é? No meio do Mediterrâneo?
M2 – Sim.
M1 – Porra, tira uma foto, plisss!

#4

M1 – Então, você sabe onde é a casa do Picasso então, né?
M2 – Sim, fui lá. Bem fácil.
M1 – mas você entrou?
M2 – não, agora funciona uma fundação lá, a Fundação Picasso. Da próxima a gente entra lá.
M1 – porra, Picasso né, meo?! Picasso tem que entrar.
M2 - ...
M1 – hausdhuahdusahduashuahuashudahauhduadas “Picasso tem que entrar”!
M2 – haushduahduasdudusuhdaudhausdhasuhdaushduashhduahduashduashduashduash (por 10 minutos)


Ok, chega de diálogo. Escrevi demais. Tenho escrito demais e ninguém mais lê.

PS1: mudou o capitão do navio e eu nem sabia. Vi ele hoje.
PS2: em Livorno o navio quebrou. Era pra sair 18h do porto mas saímos à meia-noite. Tava quebrado e demoraram pra arrumar. Me desesperei, porque o dia seguinte seria Civitavecchia, pra ir à Roma. E com o navio quebrado não chegaríamos nunca lá. E eu morrendo de raiva, porque meus planos de Roma estavam se acabando. Mas no fim deu tudo certo. Chegamos a tempo no porto seguinte. Agora o navio já pode quebrar feliz, porque não tem mais nada de novo pra eu ver até o final do contrato.

Ciao! (como dizem os italianos maleducados) [sic)]