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13.9.11

.embaixador internacional. Ou seriam embaixadinhas?



Data: 14/09/11
Hora Local (Livorno – Italia): 03h44
Hora do Brasil: 22h44

Que ótimo, perdi meu arquivo do Word com os posts do blog. Eram tipo umas 50 páginas. Mas tudo bem. Meu Mac deu pau outro dia, tive que formatar e reinstalar tudo (na real, o Time Machine fez isso pra mim...). Enfim, nunca achei que eu fosse precisar formatar um Mac, mas fiz. Perdi poucos outros arquivos também, mas tudo bem.

To aqui escrevendo depois de séculos sem aparecer aqui. Não tenho muito pra contar. A vida por aqui já está no ritmo certo, sem correrias, já tenho o respeito do povo (menos dos meus funcionários). Quando eu digo que não, é não (menos pros meus funcionários). Quando eu não gosto de alguma coisa, eu falo e o povo respeita (menos os meus funcionários). Na medida do possível, ta tudo bem. O itinerário já ta começando a cansar um pouco, mas só temos mais 3 semanas no mesmo até mudar, então tudo bem. Ainda não voltei pra Roma e preciso fazer isso antes que mude. Talvez pra Pisa também. É um pecado estar tão perto e não aproveitar tudo isso. Amanhã estarei indo pra Florença pela primeira vez. Também, tão perto, mas nunca fui. É que sempre é um trampo organizar essas coisas, ir pra outra cidade e ter que voltar a tempo pra não perder o barco. Mas a gente consegue com um pouco de força de vontade. Enfim, depois conto como foi Florença.

Uma coisa que fiquei de contar é sobre o desapego. Outro dia saí com a Cris, DJ brasileira, que já se foi, em Ajaccio/Corsica/França. Nossa meta era achar um bar, um boteco, que não fosse conhecido por ninguém, fora da rota pop. E achamos o mais mequetrefe possível, aquele atirado às moscas (tipo o Bar da Tia Clara, em Pinhais). E a gente não poderia ter feito melhor escolha. Conhecemos o dono do bar, o Miguel, nativo, gente finíssima. Ficou encantado em ter-nos em seu bar, gente nova (já que seu bar era [pouco] populado por gente velha e nativa) e ficou lá batendo papo com a gente, com seu pouco inglês que conseguia falar, e nós com o nosso pouco francês que podíamos entender. Com gestos e poucas palavras, ficamos amigos. Apaixonado por futebol, perguntou meu time. Eu disse ”Corinthians”, com orgulho. E ele até comentou sobre o Ronaldão ter se aposentado no Corinthians. Entende de futebol. Então me pediu uma flâmula de um time do Brasil. Eu só tinha minha bandeira do Corinthians e uma do Brasil, no navio. Prometi dar-lhe. Na semana seguinte, voltei lá e no que eu apontei na porta do bar ele já me chama pelo nome, com os olhos brilhando por eu ter comparecido, como prometido. Dei-lhe minha bandeira do Corinthians, que me acompanha onde vou desde 1999, do tri-campeonado brasileiro, e a do Brasil, que me acompanha onde vou desde 1994, do tetra-campeonato. Dei a Miguel com orgulho, sem remorso. Não sei porque, mas me senti bem fazendo isso. Algo como criar laços internacionais, foi meio que um tratado de paz entre nossas Nações. Ele ficou muito feliz, porque cumpri a promessa. Em troca ele me deu uma garrafa de vinho rosé, fabricado em Ajaccio mesmo, um queijo fedorento e dois salames embolorados. São daqueles caros, sabe? Agora estão ali, fedendo no meu frigobar, vou ter que jogar fora, porque não tive coragem de comer. haha Mas não pude recusar, porque foi um ato de generosidade da parte dele também, uma forma de contribuir por eu ter cumprido com a palavra. Ele até disse isso em francês e eu fui capaz de entender. Como disse a Cris depois: “agora você tem um amigo pro resto da vida”. E é, Seu Miguel, nunca vou esquecer dele. Se eu voltar lá no bar daqui 10 anos, tenho certeza que minhas (agora dele) bandeiras vão estar lá estendidas em sua parede, com a minha dedicatória: “to my friend Miguel, the best team of the world”. E ele me questiona: “are you sure?”, torcedor apaixonado de um clube da terceira divisão do futebol de Ajaccio (é mais ou menos como torcer pro XV de Piracicaba). Me senti bem fazendo isso, me desfiz de coisas importantes pra mim. Em troca, São Jorge nos ajudou a vencer o Flamengo no mesmo dia, num jogo sofrido, de virada, por 2x1. Era a semana do 101o aniversário do Corinthians. Era a semana da Independência do Brasil. A semana em que eu comecei uma verdadeira amizade com o nativo de Ajaccio Miguel, dono do Bar La Vilette que, se duvidar, foi freqüentado por Napoleão Bonaparte séculos atrás. (Ajaccio é a cidade onde ele nasceu, só pra informar. E o La Vilette fica umas 8 quadras da casa onde viveu Napoleão).

Acho que por hoje é só. Vou deixar esse post dedicado ao Miguel mesmo.

Tiau.