contador de visitantes

27.9.11

.Como conhecer Roma com apenas 1 centavo no bolso!


[UPDATED]

Data: 28/09/11
Hora Local (Roma – Itália): 01h03
Hora do Brasil: 20h03


VOLTEI À ROMA! Que delícia. Fui meio contrariado, num tour que se chama “Rome on your own”, que te larga lá em Roma e tu faz o que quiser, paga ingressos e faz tudo como bem desejar. Normalmente ele é ruim, já que nos tours designados a um lugar específico você tem os tickets pagos e não enfrenta filas. Mas meu dia hoje foi uma odisséia, posso chamar meu tour particular de “The Best Of Rome Walking Without Spending A Cent, Or Maybe One”. Andei, andei pra caralho.

O tour te larga no Vaticano. Eu queria voltar ao Mvsei Vaticani, já que perdi todas as fotos da Capela Sistina, entre outras (Coliseu, etc...). Fui até a entrada do museu, mas a fila estava pra 40 minutos mais ou menos. Eu não quis perder tempo, mudei o rumo e segui para o Castel Sant'Angelo, que é a fortaleza do papa sob eventuais ataques ao Vaticano (é de lá que o Tom Hanks corre pra salvar o Carmelengo no  “Angels & Demons”, por dentro da muralha que separa Vaticano de Roma). Não entrei, mas é bonito de se ver por fora. Dali, parti para a Fontana di Trevi, era uma boa caminhada, mas no meio do caminho encontrei o Pantheon. MEUSDEUSES, fiquei impressionado. Uma das minhas melhores coisas em Roma, eu não esperava tanto desse lugar. É lá que esta a tumba de Raphael artista, entre outras entidades religiosas de mil novecentos e bolinha. Pesquisando depois ao chegar em ’casa’, descobri que é o templo mais bem conservado da Roma antiga. Data de 126 a.C e eu pude comprovar com meus próprios olhos de que, por dentro, está parecendo intacto (por fora ele ta batidinho mesmo...). Fui a fundo na pesquisa e vi que esse tipo de construção é um marco na história. Em Curitiba posso ousar chamar a Ópera de Arame de Panteão (apesar de faltarem os pilares e a parte superior triangular na entrada), porque a lógica da cúpula é a mesma. E fotos da UFPR antiga me dão a clara impressão dessa influência (nesse caso, hoje em dia a UFPR tem os pilares e o triangulo, mas falta a cúpula, que tinha antigamente). Enfim, voltei ‘bestiado’ com o Pantheon, o templo de todos os deuses. Chorante.

Pausa pra recapitular.

Depois dessa segui pra Fontana, que estava por perto. Delicioso refazer os passos que fiz 2 anos atrás com Vitor, Raphael e Amelia, meus co-workers da Princess. Exatos 2 anos atrás estivemos ali e eu joguei minha moedinha na fonte e encontrei meu brother Neguinho da Beija-Flor. Dizem que se você quer voltar à Roma, tem que jogar uma moeda no Fontana di Trevi. E eu o fiz 2 anos atrás, mas voltei à Roma outras 3 vezes depois daquela (mas não à Fonte). Funcionou. Em retribuição, joguei outras 4 moedas hoje: 3 pelas vezes que eu voltei e a última pra eu voltar mais uma vez. Só que fiquei com peso na consciência depois, porque a última foi de 1 centavo. Meu santo vai ter que ser muito forte pra aceitar essa oferta e me trazer de volta à Roma. Vamos ver.

Dali decidi subir (olhem no mapa pra entender) até a Piazza di Espagna. Não me perguntem por quê, mas esse era o lugar que eu sempre mais quis conhecer de Roma. Sempre me chamou atenção aquela escadaria, aquele monte de gente sentado fazendo nada, admirando alguma coisa, que sempre me deu curiosidade de saber o que era e hoje finalmente eu descobri (conto no final do parágrafo pra prender sua atenção). Pois bem, fui lá, tirei mil fotos da escada e, como não poderia faltar, sentei por ali mesmo. Acho que o que eu mais queria era sentar mesmo, depois de tanta pernada. Pra aproveitar o embalo, fiz minha farofada. Quem não quer perder tempo e nem gastar dinheiro com comida, leva lanche de casa. Eu escondi uns sandubas do café da manhã na mochila planejando fazer daquilo meu almoço. E foi. Pão e água, literalmente. E foi isso, finalmente fui lá onde eu mais queria, uma praça no meio do nada, com uma escadaria gigante, um dos pontos mais altos da cidade, que todo mundo senta ali pra apreciar o... NADA! Sério, não tem nada demais. É igual (se não pior que) sentar na escadaria da UFPR e ver o movimento da praça. Mas enfim, era o que eu tanto queria em Roma, e o fiz.

Ok, desse ponto em diante tudo era longe. Eu lá no topo do mapa e o resto das coisas todas no sul. Não tive escolha, desci a pé até o Coliseu. Dava pra pegar trêm? Dava. Mas quem tem pernas anda em Roma. Andei, andei, andei, andei e andei, mas achei a porra do Coliseu. Quando avistei ele de longe ainda gritei pra ele “te peguei seu puto!”. O Coliseu dispensa comentários e apresentações. Eu não fazia tanta questão de entrar lá, mas a idéia era re-tirar as fotos que eu perdi. Só que pagar 12 Euros pra ver uma coisa que tu já viu é foda. Fui todo lindo com meu crachá de “Escort Tour”, afinal, eu era um Escort Tour (só que não desse que entrava no Coliseu), me enfiei no meio de um grupo pra entrar sem pagar e quase, quase consegui. Só me fudi porque fiquei no final do pelotão. O jeitinho brasileiro não resolveu. Mas tudo bem, ganhei tempo precioso no final. Tirei as fotos que tinha que tirar do lado de fora i si mandei. O jeito era voltar tuuuudo aquilo de novo até o Vaticano. Fui beirando o rio pra mudar o caminho, passei pelo Circo Massimo, o pai dos circuitos ovais de Formula Indy (hahaha, exagerei acho) e fui seco pra visitar e botar minha mão na boca da Trakina Gigante (ta ligado aquela cara redonda de pedra que tinha no Shopping Muller antigamente [nos tempos do parque de diversão indoor], que você colocava sua mão na boca dele e ele te dizia algumas verdades? Então, é desse que to falando... mas do original), mas ele fica dentro de uma capela (Santa Maria in Cosmedin) que, infelizmente, estava fechada.

Andei pra cacete até chegar novamente no Vaticano. Decidi espiar a fila do museu de novo e, tchrammm, não tinha fila nenhuma. Cheguei na hora certa. E, melhor ainda, não precisava pagar os 15 Euros hoje pra entrar, já que estamos na Settimana Della Cultura em Roma e não se paga pra entrar em museu nenhum. Viva! Pois bem, corri, corri, corri até chegar no Michelangelo. O resto do museu é lindo, mas eu já tinha visto. Mas, a Capela Sistina, é fenomenal. Era minha meta recuperar minhas fotos (proibidas) de lá. O jeito era correr o risco e tirar outras fotos (pois é, é proibido tirar fotos dentro da Capela Sistina da obra de Michelangelo). Eu fico fudido da cara do quanto aquilo é foda. Aquela parede com o Juízo Final é um absurdo. Aquele teto... garanto que foi Michelangelo que inventou a história em quadrinhos ou, pelo menos, as tirinhas. Aquele teto é uma tirinha da criação da humanidade, onde a cena principal é aquela cláááááássica do dedinho de Adão indo ao encontro do dedo de Deus (nesse caso, "O nascimento de Adão"). Estar ali, 20 metros abaixo da criação da humanidade é algo que eu nunca vou conseguir descrever, então não tem porque eu continuar tentando. Tirei minhas fotos proibidas e fui embora.

Faltavam 15 minutos pro meu ônibus sair de regresso à Civitavecchia, mas como missão de vida eu quis entrar dentro da Basílica de San Pietro, só pra provar pra mim mesmo que dava pra ver tudo de Roma num dia e a pé. Bem, fui, corri, entrei, tirei meia dúzia de fotos, e corri pegar o ônibus. Tudo em 15 minutos. Claro, exagero meu dizer “tudo de Roma” mas, garanto, são os principais pontos turísticos. Eu consegui! Há!

Nunca pensei que fosse possível fazer tudo que eu fiz em um dia, quanto mais a pé. Se você tem disposição, faça! Dá pra pegar trêm, dá pra pegar taxi, dá pra pegar ônibus... mas o prazer deliciante de aproveitar cada viela, cada semáforo, cada pedacinho de Roma com seus próprios pés,
é impagável! (Impagável literalmente, porque sai de graça, enquanto todos os outros transportes são uma fortuna...).

- ROMA, te quero! Ciao Bella, não devo regressar tão cedo. Mas se a moedinha de 1 centavo serviu, nos vemos algum dia de novo! ;)

Arrivederci!

13.9.11

.embaixador internacional. Ou seriam embaixadinhas?



Data: 14/09/11
Hora Local (Livorno – Italia): 03h44
Hora do Brasil: 22h44

Que ótimo, perdi meu arquivo do Word com os posts do blog. Eram tipo umas 50 páginas. Mas tudo bem. Meu Mac deu pau outro dia, tive que formatar e reinstalar tudo (na real, o Time Machine fez isso pra mim...). Enfim, nunca achei que eu fosse precisar formatar um Mac, mas fiz. Perdi poucos outros arquivos também, mas tudo bem.

To aqui escrevendo depois de séculos sem aparecer aqui. Não tenho muito pra contar. A vida por aqui já está no ritmo certo, sem correrias, já tenho o respeito do povo (menos dos meus funcionários). Quando eu digo que não, é não (menos pros meus funcionários). Quando eu não gosto de alguma coisa, eu falo e o povo respeita (menos os meus funcionários). Na medida do possível, ta tudo bem. O itinerário já ta começando a cansar um pouco, mas só temos mais 3 semanas no mesmo até mudar, então tudo bem. Ainda não voltei pra Roma e preciso fazer isso antes que mude. Talvez pra Pisa também. É um pecado estar tão perto e não aproveitar tudo isso. Amanhã estarei indo pra Florença pela primeira vez. Também, tão perto, mas nunca fui. É que sempre é um trampo organizar essas coisas, ir pra outra cidade e ter que voltar a tempo pra não perder o barco. Mas a gente consegue com um pouco de força de vontade. Enfim, depois conto como foi Florença.

Uma coisa que fiquei de contar é sobre o desapego. Outro dia saí com a Cris, DJ brasileira, que já se foi, em Ajaccio/Corsica/França. Nossa meta era achar um bar, um boteco, que não fosse conhecido por ninguém, fora da rota pop. E achamos o mais mequetrefe possível, aquele atirado às moscas (tipo o Bar da Tia Clara, em Pinhais). E a gente não poderia ter feito melhor escolha. Conhecemos o dono do bar, o Miguel, nativo, gente finíssima. Ficou encantado em ter-nos em seu bar, gente nova (já que seu bar era [pouco] populado por gente velha e nativa) e ficou lá batendo papo com a gente, com seu pouco inglês que conseguia falar, e nós com o nosso pouco francês que podíamos entender. Com gestos e poucas palavras, ficamos amigos. Apaixonado por futebol, perguntou meu time. Eu disse ”Corinthians”, com orgulho. E ele até comentou sobre o Ronaldão ter se aposentado no Corinthians. Entende de futebol. Então me pediu uma flâmula de um time do Brasil. Eu só tinha minha bandeira do Corinthians e uma do Brasil, no navio. Prometi dar-lhe. Na semana seguinte, voltei lá e no que eu apontei na porta do bar ele já me chama pelo nome, com os olhos brilhando por eu ter comparecido, como prometido. Dei-lhe minha bandeira do Corinthians, que me acompanha onde vou desde 1999, do tri-campeonado brasileiro, e a do Brasil, que me acompanha onde vou desde 1994, do tetra-campeonato. Dei a Miguel com orgulho, sem remorso. Não sei porque, mas me senti bem fazendo isso. Algo como criar laços internacionais, foi meio que um tratado de paz entre nossas Nações. Ele ficou muito feliz, porque cumpri a promessa. Em troca ele me deu uma garrafa de vinho rosé, fabricado em Ajaccio mesmo, um queijo fedorento e dois salames embolorados. São daqueles caros, sabe? Agora estão ali, fedendo no meu frigobar, vou ter que jogar fora, porque não tive coragem de comer. haha Mas não pude recusar, porque foi um ato de generosidade da parte dele também, uma forma de contribuir por eu ter cumprido com a palavra. Ele até disse isso em francês e eu fui capaz de entender. Como disse a Cris depois: “agora você tem um amigo pro resto da vida”. E é, Seu Miguel, nunca vou esquecer dele. Se eu voltar lá no bar daqui 10 anos, tenho certeza que minhas (agora dele) bandeiras vão estar lá estendidas em sua parede, com a minha dedicatória: “to my friend Miguel, the best team of the world”. E ele me questiona: “are you sure?”, torcedor apaixonado de um clube da terceira divisão do futebol de Ajaccio (é mais ou menos como torcer pro XV de Piracicaba). Me senti bem fazendo isso, me desfiz de coisas importantes pra mim. Em troca, São Jorge nos ajudou a vencer o Flamengo no mesmo dia, num jogo sofrido, de virada, por 2x1. Era a semana do 101o aniversário do Corinthians. Era a semana da Independência do Brasil. A semana em que eu comecei uma verdadeira amizade com o nativo de Ajaccio Miguel, dono do Bar La Vilette que, se duvidar, foi freqüentado por Napoleão Bonaparte séculos atrás. (Ajaccio é a cidade onde ele nasceu, só pra informar. E o La Vilette fica umas 8 quadras da casa onde viveu Napoleão).

Acho que por hoje é só. Vou deixar esse post dedicado ao Miguel mesmo.

Tiau.