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25.4.10

.cocoquemos


Data: 24/04/10
Hora Local (CocoCay - Bahamas): 20h53
Hora do Brasil: 21h53

Essa vida é loca demais. Quando a gente quer fugir de alguma coisa, a coisa fica mais presente do que nunca. O ditado de “quem procura acha” não vale tanto, porque até quem não procura acha alguma coisa, e isso às vezes faz a gente se perder. Já se foram 2 meses de loucuras e inspiração pro meu roteiro; tenho mais 2 meses de vida à bordo da nave. O tempo passa rápido.

Falando em achar, achei 10 dólares ontem no chão. Iupi! (mas bem que podia ser 100, tsc!)

Ontem fizemos uma festa na minha cabine. Só brazucas. A gente realmente precisava fazer isso mais vezes, mas é complicado fazer bater a escala de todo mundo, tá sempre todo mundo cansado, trabalhando demais, tendo outras stuff pra fazer. É complicado. Mas foi ótimo, escutamos muito funk das antigas pra dar risada e relembrar as podreiras do nosso país.

E de sobremesa, nos encontramos todos (sem querer) em CocoCay hoje e deu pra curtir bastante a praia juntos. Pela primeira vez consegui curtir alguma coisa em CocoCay: jogamos vôlei, desci no slide (aquele escorregador de colchão de ar), curtimos um mar quentinho da nossa ilha particular, tiramos muitas fotos e tiramos um racha, eu e Johnweyne de Freitas, nos carrinhos elétricos das crianças. Hiláááááário. Não cabiam minhas pernas dentro deles, mas foi engraçado demais. Perdi os 2 rachas, mas porque peguei um carro que não tinha turbo, o Johnweyne trapaceou. Fizemos vídeo, vou tentar postar. Quis fazer o vídeo principalmente pra deixar meus amigos morrendo de inveja também, porque essa semana eles me deixaram com inveja dizendo que andaram de kart. Mas de carrinho elétrico pra crianças de 3 anos só eu! Há! E isso só foi possível porque nossa queridíssima Débora, brasileira, tava trabalhando lá nos carrinhos e deixou a gente ir. =D


Tem horas que eu não sei mais falar português. Hoje tá crítico. Já errei dezenas de palavras nesse texto, e hoje também eu queria falar de um país que fazia FRONTEIRA com outro e eu falei CONTRASTE. Tipo, comassim? Sem falar naquelas coisas básicas que mesmo falando com brasileiro a gente usa em inglês, como thank you, hi, bye, see you, sorry... ou a mais engraçada de todas: “o que você vai fazer tomorrow?”. Ontem falei pra Paula e Johnweyne: "eu tava looking for vocês". Adoro!

Brasileiro é uma coisa foda. O Brasil é foda. Seu eu não fosse brasileiro eu morreria de inveja de quem fosse.

É isso.

.mas nem tanto

Data: 19/04/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 00h29
Hora do Brasil: 01h29

Hoje eu e Johnewyne de Freitas fomos comer fora e gastamos mais do que a gente ganha por dia só pra comer. Haha Mas a gente vai naquelas de “é isso que faz valer a pena”. E realmente vale. Acho que a gente tá andando muito junto, porque até falando a mesma frase ao mesmo tempo a gente está. A gente comentando sobre “estar puto” com certas coisas, daí passa daqueles negões bahamianos oferecendo marijuana, mas claro que a gente disse que não. Mas daí uns passos à frente, depois de raciocinar as coisas, a gente solta ao mesmo tempo um “tô puto mas nem tanto”. Foi engraçado na hora, mas claro que contando não é engraçado. Enfim...

Terminei a escaleta do roteiro, a espinha-dorsal da coisa. Levei 6 horas pra escrever, sendo que 1 hora foi só pra decidir o nome dos personagens (e olha que são só 2). A coisa já tem uma cara, já tem um pontapé inicial, já tem um rumo a seguir. Agora só falta incluir os diálogos, que estão todos frescos na minha cabeça.

“a saudade tem braços
e são braços fortes”

E o mundo dá voltas.

Tiau.

PS: depois do “tiau” vi um diálogo de duas crianças aqui num filme que merece ser registrado:

- Você gosta de mim, não gosta?
- Sim.
- Você quer que eu seja sua namorada, não quer?
- Sim.
- Olha, eu não vou te beijar até eu tirar meu aparelho... e isso ainda vai levar um tempo.
- Ok.
E saem de mãos dadas.

“O amor é importante, porra!”

.o começo do fim

Data: 16/04/10
Hora Local (Miami - USA): 16h41
Hora do Brasil: 17h41

A cabeça borbulha, mas não sai nada no papel. Já tenho o filme inteiro na cabeça, mas tá difícil escrever a primeira frase do roteiro. Os acontecimentos estão todos dentro do previsto. Inclusive os imprevistos já estavam previstos. Vida louca essa de navio.

Não quero entrar no clima da crueldade de novo, mas hoje foram várias pessoas bacanas embora. A banda ucraniana se foi, os caras eram gente finas e adoravam o Brasil. A Ingrid, que era o grude da Bianca, sempre presente nas coisas particulares brasileiras (inclusive quando as meninas - Pri, Manu, Sté – vieram navegar aqui). Ela tá indo pro Liberty (meu suposto primeiro navio na companhia). Foi também o peruano gente boa da crew mess. Vocês sabem que tenho um carinho especial pelas crew messes dos navios desse mundão, e o fato do guri ser peruano me faz lembrar o Victor. Mas ele foi pra uma melhor, transferido pro Jewel, tava animado pra ir pra Europa. Vão com Deus, todos vocês. Em troca chegou de férias um security indiano que ama o Brasil e os brasileiros. Agora mesmo me viu de longe e gritou meu nome pra me cumprimentar. E é bom ser amigo deles [seguranças] também. Eu e o Ricardo nos damos bem com quase todos, porque um dia a gente sempre precisa de alguém pra quebrar um galho. Haha

Não quero falar das minhas coisas estúpidas aqui, porque vou parecer estúpido demais, apesar de eu ser estúpido demais. É o tipo de coisa que você se promete nunca se submeter na vida, mas quebra a cara logo em seguida, te fazendo parecer estúpido. Mas é a vida, a gente aprende, sempre aprende, por mais que desaprenda depois.

“O fim é belo e incerto,
depende de como você vê.”

E se esse foi o fim, pra mim foi uma bela incerteza.

um beijo.

6.4.10

.transito entre dois lados

Data: 30/03/10
Hora Local (Nassau - Bahamas): 22h00
Hora do Brasil: 23h00


Hoje completo 4 meses a bordo. Nem sabia que já tava perto dos 4, só lembrei hoje. Faltam só 2 meses e meio pra chegar em casa. Que rápido! Acho que tô assustado que já tá aí (nossa, acho que nunca tinha reparado como era escrever “já tá aí”) e acho que não quero que seja logo. Por mim eu ficava até agosto.

Tá passando agora “Before Sunset” (2004) na TV e tô vendo de novo.

E meus diálogos de ultimamente vão virar filme, já tô começando a anotar tudo e a pensar no roteiro. Mas cada dia acontece uma coisa nova, que se eu for colocar tudo vira um longa-metragem.

Tive dois finais num mesmo dia. Isso é engraçado. Num dia é a caça e no mesmo dia caçador.

Momentos sublimes sempre acontecem. Ver um navio chegar no porto, num fim de tarde, ainda me encanta. Ver o sol beijar o mar numa tarde quente também. Ver a lua refletir no mar, quando você está no meio do mar, também é sublime, porque a luz sempre acaba em você e tu se sente no centro do planeta. E o planeta é mesmo uma coisa pequena. Vidas se cruzam e às vezes a gente nem fica sabendo. Só pra registrar, minha amiga australiana (que tem sido minha melhor e pior companhia das últimas semanas) disse que cruzou várias vezes com o Grand em fevereiro do ano passado, quando eu estava lá. E agora estamos aqui, literamente no mesmo barco. As nossas vidas (ou pelo menos os nossos barcos) se cruzaram um dia e hoje se recruzam (sic). É coisa demais pra pensar, pra ligar uma coisa com a outra. É confusão demais. Essa vida de navio, certamente, é uma vida à parte. Você tem que reaprender tudo e passa por experiências únicas na vida, que os mortais não fazem idéia (até porque a gente não sabe explicar direito pra que eles tenham idéia de alguma coisa). A Luiza disse ontem uma coisa que é verdade, que às vezes parece que “não existe vida lá fora, que o mundo é dentro do barco”, e realmente tem vezes que a gente esquece que precisa voltar pra casa um dia e levar a vidinha normal adiante. Enfim, e só vivendo mesmo nessa Torre de Babel pra saber do que isso se trata.

Acho que o mar deixa a gente louco mesmo, porque ultimamente tenho delirado demais. E agora é minha chance de inventar uma coisa que preste, porque a sanidade da terra não é produtiva pras pessoas de sucesso. Haha (outro delírio, já sei)

Enrolei, enrolei, e não disse ainda o que queria dizer.

Hoje pilotei uma motoca em Nassau. Que delícia! A idéia era pegar jet-ski, mas não tava disponível. Então que eu e Johnweyne alugamos uma moto e saímos por aí curtindo a vida adoidado. Ri muito, porque fizemos muitas cagadas, do tipo entrar na contra-mão, furar sinal, sair da pista, podar todo mundo... tudo isso com uma motoca de 90cc que nem velocímetro tinha, mas acho que pegava 60Km/h pelo menos. Fizemos videos com nossos iPhones novos, então tento colocar aqui qualquer dia (outra coisa interessante é isso, que compramos exatamente o mesmo iPhone no mesmo dia, sem saber que o outro ia comprar. Assim como aconteceu quando comprei exatamente o mesmo Mac que a Luiza, no mesmo dia, sem saber que ela ia comprar). Mas foi muito bom sentir essa coisa de cidade, de trânsito, ver paisagens bonitas (que não se vê quando sai a pé), sentir o vento na cara e as lágrimas caindo (por causa do vento). Coisas que fazem essa vida de navio valer a pena.


Já gastei dinheiro demais esse mês, mais do que eu ganhei. Isso é preocupante. Mas tô me divertindo e feliz por ter dinheiro pra gastar, porque normalmente eu não gasto porque não tenho mesmo, haha. Mas amanhã é payday e tudo se resolve.

PS: falei que comprei lente nova pra Nikon? Acho que não. Mas é uma 50mm com f/1.8. Vou tirar muitas fotos boas nos shows agora, porque com a 18-55mm f/3.5 elas ficavam escuras. Isso que me fez gastar bastante esse mês também.

Eu nem pretendia postar, mas já passei de uma página de texto no Word.

Tiau.

5.4.10

.beijomeliga

Data: 26/03/10
Hora Local (Miami - USA): 18h18
Hora do Brasil: 19h18

Comprei o iPhone, finalmente. Eu já tava me ensaiando fazia tempo. O principal motivo era pra ligar pra Isabela, e estreei o brinquedo novo ligando pra ela, claro. Que delícia falar com ela, com a voz tão diferente, tão menininha crescida, tão querida e tão feliz por eu ter ligado de surpresa. Depois de tanto tempo sem conversar, é natural que a gente nem saiba direito o que dizer. Mas mesmo assim persistimos por longos 18 minutos tentando colocar o assunto em dia. E já prometi que vou ligar toda vez que estiver em Miami, pra gente fazer mais parte da vida do outro.

E, pelamordedeus, a gente precisa de uma coisa dessas no Brasil. Meu plano pré-pago aqui me cobra $3 pela primeira ligação do dia, não importa a duração, nem que seja de 5 segundos. Mas, também, não me cobra mais nada por qualquer outra ligação que eu faça no mesmo dia. Ou seja, posso ligar pra quem/onde quiser que não vou nunca gastar mais de $3 por dia. Que maravilha! Por que não existem essas coisas no Brasil? Por que a gente tem que sempre pagar tanto imposto pra viver aí? É caro viver no Brasil, mas a gente só percebe isso vendo de fora. Essa semana ainda li uma matéria em que o presidente da Apple recusou o convite do governo em abrir a primeira loja Apple oficial no país por conta dos impostos. Ele não quer vender seus produtos por preços absurdos, como já acontece com todo Apple no Brasil. O meu Mac eu comprei aqui pela metade do preço que vendem no Brasil. Enfim, essas coisas é que me deixam triste com relação ao meu país. Mas, de resto, o Brasil continua sendo o melhor lugar do mundo.

Meu problema é que agora tenho um iTouch sobrando. Alguém quer comprar? Hoho

Os últimos dias têm sido sublimes. Teve festa ninja x pirata esses dias e também foi bacana. Ontem assisti o remake de Psicose e American Pie 2, bem acompanhado, dando risadas (das coisas trash de um filme e do besteirol do outro) e dos diálogos que surgem durante os intervalos. Eu precisava escrever tudo que eu escuto, porque por enquanto tá só na cabeça e acho que vou esquecer um dia. Mas to tentando manter fresco na memória porque isso vai me render um bom roteiro um dia.

- Kiss me.
- What’s the magic word?
- “Kiss”.
- No, say the magic word.
- “The magic word”.
- C’mon, you know the magic word.
- No.
- Starts with P.
- Por favor.
- I don’t speak spanish.
- But you understood what I said.
- I don’t like to play games.
- I’m not playing games with you.
- You are pressing all the wrong buttons on me, buddy.
- And you know how to be sweet when you want.
- Yes, I know.
- So keep doing that.


- Por hoje é só, pessoal. Diga tchau, Lilica.
- Tchau, Lilica.