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31.12.09

E ano novo também.

Data: 31/12/09
Hora Local (Key West - USA): 22h39
Hora do Brasil: 01h39 (já em 2010)

Isso é hora de blogar?

Por incrível que pareça, hoje quase não fiz nada. A respeito de trabalho, no caso.
Saí com os brasileiros. Compramos coisas e gastamos nosso salário na Ross, depois comemos num restaurante chinês. Meu biscoito da sorte disse que receberei pessoas ricas em cultura e talento na minha casa.

No Brasil já é próximo ano. Aqui somos atrasados no tempo. Vai ter festa, assim como no natal. Mas quero ver se frequento a festa de passageiros, porque tem muitos brasileios a bordo e fiz amizade com vários. E também pra aproveitar essa ‘regalia’ que minha função permite.

Tive o sonho mais estranho da minha vida na noite passada. Mas não vou contar. Só queria deixar registrado.

Enfim, é isso aí.

Ano novo, vida velha, e que seja feliz quem souber o que é o bem.

28.12.09

7 dias vão...

... e eu nem fui ver.

Data: 28/12/09
Hora Local (Miami - USA): 21h41
Hora do Brasil: 00h41


Um mês passa rápido. Só faltam mais 6.

O título que eu queria nem essa esse. Pensei em algo “estou falando com as paredes”, mas daí lembrei que tô completando um mês aqui. Também queria citar algo relacionado a botar fogo no navio, mas seria absurdo demais.

Enfim, pra resumir os 3 títulos, só queria dizer (engraçado isso de “só queria dizer”, porque eu penso milhões de coisas pra escrever aqui, mas começo a escrever e perco a vontade) que o mês passou rápido; que me sinto falando com as paredes (isso explica os parênteses de antes e o próximo), por isso demoro tanto pra postar; e que ontem quase botei fogo na cabine. A TV explodiu. Na verdade, eu explodi só o fusível da fonte 110, porque aquela luzinha vermelha me irritava pra dormir – era a única fonte de luz da cabine inteira. Mas a TV explodiu por sua conta própria, quando eu liguei ela no 220 - que funcionava até o momento. Saiu tipo MUITA fumaça de dentro dela. Eu joguei ela dentro do banheiro – quase que não entra – porque a fumaça ia ativar o alarme e acionar a Bridge, e fiquei abanando o sensor pra não ir fumaça nele. No fim das contas, tive mais medo de ativar o sensor do que de a TV pegar fogo. Resumindo a tragédia, primeiro queimei a tomada 110 e com isso fiquei sem TV; depois explodi a TV na tomada 220 e, com ela, queimei também a 220 e, com ela, fiquei sem frigobar. Sem energia, sem TV, sem frigobar, sem computador e o pleisteichon que eu nem tenho, ou qualquer coisa de ligar na tomada. Antes mesmo de ter a idéia de fazer um gato no fio de luz eu desisti, porque a tragédia estava acontecendo em cadeia e tinha tudo pra continuar dando merda. No fim das contas, preciso dizer o que fiquei fazendo o resto da noite? (esses parênteses são só pra explicar o anterior)

Só não fiquei literalmente falando com as paredes porque trouxe livros comigo (adoro contextualizar ‘literalmente’ com ‘literatura’). Dois são emprestados, do Arnaldo e seu pai. Um deles já terminei de ler semana passada, e o outro está na metade (graças à TV explodida). Confesso que não gostei de “O Velho e o Mar” e não vi nada de magistral no maior literário norte-americano de todos os tempos [Hemingway]. O excesso de detalhes da cena me irrita (inclusive nas obras do maior literário brasileiro [Machado]), inibe a imaginação e prolonga o assunto, tornando-o chato. Um conto resolveria a estória do velho e seu peixe. Mas como não pretendo fazer uma crítica construtiva, vou parar por aqui pra dizer que a obra do canadense tem me encantado mais. Gosto da forma com que Gilmour conta sua história em “O Clube do Filme”, com uma visão super parcial e pessoal das coisas e pessoas, ‘cheio de imperfeições’ (essa copiei da contra-capa) e fragilidade. Parece um blog!

Acho que ele escreveu o livro assim como eu escrevo esse blog. Começo a escrever sem saber onde vai terminar. Por exemplo, eu nem pretendia falar dos livros nesse post, mas falei. Ele vive retomando assuntos dos capítulos anteriores, assim como eu faço por aqui.

Outra coisa que não pretendia falar, mas vou, é que tenho visto muitos filmes (alguns “sessão da tarde”) várias vezes. Assisto pelo menos duas vezes cada um, dos que passam na TV (o mesmo filme se repete o dia todo em alguns canais [e eu sou o cara que trabalha na TV, lembra?]). Mas a coisa que eu maaaais vejo é Family Guy. Vejo no mínimo 8 vezes cada episódio (que também repete o mesmo o dia inteiro), porque são rapidinhos, de uns 20 minutos, e eu decoro tooodas as falas e rio toda vez das mesmas cenas. O que me arrependo é de não ter trazido nenhuma série pra ver, porque eu teria tempo de acompanhar com calma no mínimo uma série na minha vida.

Ai, saí pra downtown de Miami pela primeira vez. Comi em restaurante brasileiro. Mas isso são teasers do próximo post porque eu também não pretendia falar sobre isso hoje.

Tiau!

(se eu escrevi esse post, você pode supor que eu já tenho energia em casa – e por eu ser ‘o cara que trabalha na TV’, você também pode supor que eu já estou assistindo Family Guy normalmente na minha ‘poltrona de papai’ da sala-de-estar)

26.12.09

O Oasis e o bambu. E o bambu?

Data: 20/12/09
Hora Local (Nassau - Bahamas): 23h33
Hora do Brasil: 02h33

Amanhã começa o cruzeiro do natal. Loucura, loucura, loucura. Não terei vida, eu acho. Mas depois disso, vem um cruzeiro de 2 dias, que eu acho que não vou fazer absolutamente nada. Então conta como férias.

Fizemos overnight de novo. Galera toda foi pro Bambu, acho que é a única balada por perto. São as mesmas pessoas do navio (e dos outros navios), mas pelo menos é um lugar diferente. Fomos lá depois da festa de fim de ano do nosso departamento. Acho legal isso de “nosso departamento”. O que eu faço parte é o de entretenimento. Então estavam lá todos os músicos, dançarinos, técs. de áudio e vídeo (eu!), etc. Depois do bambu fomos comer de graça na cabine do Cruise Director, que mais parece um apartamento (dá 5 da minha cabine), e que tem room service, por isso da comida de graça.

E com isso, a manhã já vinha raiando e com ela um oasis no horizonte. Sim, o Oasis of the Seas estava chegando, vulgo “maior navio do mundo” já construído, o mais novo campeão de bilheteria dos cinemas logo que afundar, e inaugurado a menos de 1 mês. Assistimos de camarote a chegada do gigante. Depois do drill, fui lá visitar. Conversei com brasileiros a bordo, andei no central park e no pool deck, além de tomar café da manhã na crew mess deles (enorme!). O navio é realmente gigante. Fácil de se perder e difícil se achar. Tudo novinho, moderno e brilhando.

Fim de papo por hoje.

"Fique com o troco,

...animal imundo.”

Data: 18/12/09
Hora Local (Miami – USA): 22h02
Hora do Brasil: 01h02


Assisti duas vezes seguidas "Home Alone" (1990), vulgo "Esqueceram de Mim". Já tem 19 anos que esse filme passa em dezembro na TV. E eu assistia todas as vezes quando era criança. Hoje assisti duas vezes, pra matar a saudade. Acho que ainda é um dos meus filmes prediletos. Haha e o bom que hoje até decorei umas falas, em inglês mesmo. E dá vontade de bater no estúpido do Cuklin, por ter feito uma interpretação impecável nesse filme e depois ter acabado com a própria vida se afundando nas drogas - em "The Good Son" (1993) ele já tava ruim. Outro dia, vi ele na TV no canal E!, num ranking dos adolescentes que acabaram com a carreira. Ele era um dos primeiros da lista, e a história contava que depois de ter ficado 7 anos longe das telas, ele voltou pra tentar se reconciliar com o cinema, mas no mesmo ano foi preso por dirigir em alta velocidade, bêbado e portando maconha no porta-malas do carro. Tem que ser muito estúpido! Com 2 milhões de dólares na conta aos 8 anos de idade, ele queimou tudo fumando. E isso me deixa com raiva, porque no filme ele atua brilhantemente.

Dizer que vi duas vezes o mesmo filme, foi só pra ilustrar meu tempo sobrando de ultimamente. As coisas estão bem melhores. Tenho tempo pra várias coisas, inclusive pra sair. Só que pra sair eu preciso acordar cedo, e eu não faço isso. Não acordo nem pra almoçar. Só pra ir trabalhar. Então ainda preciso me adaptar com os horários, e tentar acordar cedo pra começar a sair do navio. Saí em Nassau e Key West já. Ainda continuo trabalhando bastante, mas tá bem mais light.

Fiquei sabendo que vai ter Dry Dock em fevereiro. Isso significa férias! De uns 5 dias, mas tá valendo. Não sei onde vai ser ainda, mas provável que seja em Nassau. Se for, tô até vendo que vou gastar meu salário pra fazer de tudo, tipo snorkel, nadar com golfinhos, jet sky, scuba, etc, etc, etc. hahaha A única coisa ruim é que com o Dry Dock, vai bastante gente embora, incluindo todo o cast de músicos e dançarinos. Uma pena, porque as mulheres mais lindas do navio são as dançarinas. Espero que as próximas sejam tanto quanto.

Em Nassau mesmo eu descobri que não tem tanta coisa boa. Só centro comercial mesmo. As praias bonitas (er.. as MAIS bonitas) estão todas na Paradise Island, que fica bem pertinho, só atravessar uma ponte ou ir de ferry boat ($3) que dá lá. Quero ver se vou da próxima vez.

Bom, a 70’s Party vai começar. Tenho que ir trabalhar.

Tiau!

25.12.09

Então, é natal.

Data: 24/12/09
Hora Local (Key West - USA): 16h44
Hora do Brasil: 19h44

Mas nem parece.
Estranho não fazer planos pro natal. Simplesmente to aqui, trabalhando normalmente. Os dias são iguais, com a diferença de luzinhas piscando por todo lado em qualquer lugar que você vá.

Então feliz natal pra mim, pra você e pra quem mais quiser ser feliz hoje.

15.12.09

Essa tal libertade.

Data: 13/12/09
Hora Local (Nassau – Bahamas): 00h36
Hora do Brasil: 03h36

Saí de novo durante o dia. Mas quando tu fica preso tanto tempo, fica sem saber o que fazer com a liberdade.

Acordei cedo por causa do Drill que era às 9h30, daí não dormi mais e decidi sair, porque tinha que trabalhar só as 18h. Na Princess, nem com day off eu conseguir tanto tempo livre (e aqui foi a primeira vez), e se tivesse esse tempo todo lá, eu dava a volta na ilha duas vezes, de marcha ré na bicicleta. Mas hoje fiquei sem saber o que fazer. Andei pela cidade, tirei umas fotos, mas não fui muito longe. Somado ao fato de estar usando o All Star vermelho pela primeira vez, eu já não aguentava mais andar depois de meia hora. All Star bom é All Star velho. Acho que vou comprar um usado da próxima vez.

Resumindo, voltei pro barco era só meio-dia. Ainda tinha uma eternidade de tempo pela frente até ir trabalhar. Dormi!

Agora tô assistindo o DVD do CUCO I, não me perguntem por quê. Mas qualquer dia acho que eu playo ele nas TVs daqui. Hohoho (nem posso, mas ah...)

Ciao!

Que pena!

Data: 13/12/09
Hora Local (Nassau – Bahamas): 03h13
Hora do Brasil: 06h13


Finalmente saí da canoa. Tudo por acaso.

Por acaso, não paramos em CocoCay, por causa do mal tempo. O capitão tocou direto pra Nassau, então chegamos no início da noite aqui, quando deveria ser só amanhã. Ou seja, uma overnight caiu do céu. Daí, por acaso, eu esqueci que poderia sair. Fiquei adiantando serviço de amanhã, e quando terminei, tive a brilhante idéia de sair. Só que isso já era 2h da manhã. Só que sozinho é foda, ainda mais a noite, sem conhecer o lugar. Por via das dúvidas, fui dar uma espiada na gangway como tava a movimentação. Deixei a porta da cabine aberta e tudo, porque já ia voltar. Nem o uniforme eu troquei, muito menos peguei minha carteira. Mas sabe como é, cheguei na gangway, ela olhou pra mim, eu olhei pra ela, e sem titubear saí! Na verdade, ainda fui barrado porque meu cartão tava bloqueado, por que mudei de Emergency Number outro dia mas não foi atualizado meu cartão. Só que o segurança deixou eu sair assim mesmo. Saí! Fui dar só uma espiada lá fora. Cidade linda pelo pouco que vi! Tá toda enfeitada pro natal, e com umas arquibancadas na rua mais famosa, a Bay St, que depois lendo no jornalzinho descobri que é uma Parada pra depois do natal, tipo um carnaval.

Passei por uma pracinha linda, toda cheia de luzinhas coloridas. E bem deserta. Também pudera, era 2h da manhã. Mas era um lugar ótimo pra sentar, fumar um cigarro e ficar olhando pro nada. Mas pena que eu não fumo, porque eu faria isso se fumasse.

Já voltando, me deparei com a coisa mais de outro mundo que eu poderia ver hoje. As putas! Muito modernas. Elas têm carro. Elas param o carro do teu lado e oferecem o corpinho. Achei uma modernidade enorme, e uma super sacada, tendo em vista que a cidade é cheia de turistas que, claro, não tem carro. Achei super de outro mundo, digno das Bahamas. Mas pena que eu nem levei a carteira. Hahahaha capaaaaaaaaaaaz! Credo!

O navio visto de fora dá impressão de pequeno mesmo. Se comparado com o Grand, ele é bem pequeno. Do lado do nosso tinha um Carnival, a gente sempre esbarra com ele. Mas é sempre bonito ver o navio de noite, todo iluminado, que parece um pinheirinho. Pena que nem a câmera fotográfica eu levei.

Bom, fui sem amigos, sem carteira, sem câmera, de uniforme e deixei a cabine aberta. O suficiente pra me fazer voltar em 15 minutos. Garanto que a brasileirada toda foi no boteco beber, mas nem me chamaram. Sempre que me chamam pra alguma coisa eu não posso mesmo. Pena que hoje que eu podia, ninguém falou nada. Haha

Mas foi bom respirar ar fresco, pisar em Nassau e adicionar mais um lugar foda na lista dos visitados. O navio já parou aqui 4 vezes, mas só agora posso dizer que estive em Nassau. O Victor que ia curtir, a cidade é ótima pra sair de bicicleta. Pena que a gente não tá mais no mesmo barco.

E pena que o cruzeiro de 3 dias acaba tão rápido, só porque é mais tranquilo pra mim. Mais um dia e começa a correria tudo de novo, por causa do bendito DVD. Já fiz 4 cruzeiros, e já tenho decorado todo o script, todas as festas, todo set list e coreografias, todas as falas do Cruise Director, todos os shows, espetáculos, musicais. Acho que mais um cruzeiro eu vou curtir, mas depois disso vou começar a enjoar. Imagina daqui 6 meses. Tsss

Eu não quis deixar pra depois pra escrever sobre a saída, porque senão eu ia desistir. Então, tá feito o registro. Pena que não deu pra ficar mais tempo e curtir mais. Mas agora que eu saí a primeira vez, tá dada a largada. Sairei mais!

Hasta la terra a vista, beibe!

11.12.09

OSCAR OSCAR OSCAR

Data: 11/12/09
Hora Local (Miami – USA): 10h59
Hora do Brasil: 13h59


Hoje alguém se jogou no mar. Disseram que foi por stress e pressão do trabalho. Agora o cara tá no hospital, e foi mandado embora, claro. Assim que for liberado pelos médicos, vai pra casa. Foda, né?

Foi por volta das 4 da manhã. Tocou o alarme com o código OSCAR, que é pra esse tipo de emergência. Fora o OSCAR, existe o ALFA, BRAVO, CHARLIE e ECHO. Eu respondo só pelo CHARLIE. Se ouvir isso nos alto-falantes, tenho que correr pra minha Muster Position. (haha falando bonito, né?)

Falando nisso, meu Emergency # mudou. Pra pior. Agora eu tenho mais responsabilidade numa emergência. Tenho que participar do Drill de passageiros também, como instrutor e tals. Antes, pra mim, era melhor. Sem falar que eu tava no bote 3B, que significa que pra abandonar o navio eu ia no segundo bote #3. Agora eu sou 17E, que é o último bote 17. Tudo por conta da responsabilidade. Haha os mais responsáveis abandonam o navio mais tarde. Acabando no capitão, que é (teoricamente) o último a sair.

Desde 7h da manhã que tô trabalhando sozinho, porque o supervisor já foi embora. Tô na espera do novo. Enquanto isso, qualquer cagada é culpa toda minha. E no caso eu estou postando no blog agora (finalmente – 6 páginas de word, duvido que alguém leia tudo), quando deveria estar caçando serviço. Haha


Tiau!

Longe de casa...

...há mais de uma semana

Data: 11/12/09
Hora Local (Miami – USA): 02h13
Hora do Brasil: 05h013


Só 12 dias, mas parece que tô aqui há mais de 1 mês. Pelo tanto que eu trabalhei, já dava pra fechar minha folha de pagamento desse mês no Brasil, e ainda sobrava hora pra descontar em janeiro.

Mais um cruzeiro de 4 dias acabou, isso significa que basicamente não dormi nos últimos 3 dias. Agora começamos um cruzeiro de 3 dias, e é mais folgado que o de 4. Vamos ver se agora consigo sair do barco. Até agora não botei o pé pra fora. Mas meu grande desafio agora é impressionar o novo supervisor, que chega hoje, daqui algumas horas. O Ruel gostava de mim, me deu uma boa recomendação pro próximo supervisor. Agora tenho que fazer por merecer e provar que ele tava certo. Mas ainda falta muita coisa pra eu aprender. Apesar de que agora não vejo isso tudo como um bicho de 7 cabeças. Agora o bicho só tem 6. Antes de ir embora eu ainda o mato o bicho.

Dessa vez eu trouxe mais roupa que da primeira. Mas até agora não usei outra que não fosse uniforme. Além de uniforme, não tenho nenhuma outra laundry pra fazer. Isso é um indicativo que prova o que eu venho falando sobre trabalhar bastante.

Ah, recebi meu primeiro salário. Até levei um susto, porque eu esperava receber por 1 dia trabalhado, de 30 de novembro. Mas eles pagaram os próximos 15 dias adiantado, daí até me senti rico. Só que essa grana vai simplesmente desaparecer, porque tenho que pagar pelo meu uniforme e pelo vôo de casa pra Miami. Vai um mês inteiro de salário só pra pagar isso. Depois mais outro mês inteiro pra repor a grana que eu gastei antes de viajar, com visto, exames, viagens pra SP e RJ... enfim, toda aquela merda toda que tem que fazer antes de vir. Só depois do terceiro mês que vou começar a ver algum lucro nisso tudo. O custo pra vir fazer isso aqui é muito alto. Nunca fiz a conta exata, só pra não passar raiva. Mas sei que é alto. Nem sei porquê tô falando isso.

Tivemos vários passageiros brasileiros nesse cruzeiro. Conversei com dois casais que encontrei por acaso em algumas das festas. Falando nisso, é só nas festas de passageiros que eu me divirto de verdade, mesmo trabalhando. Sei lá, festa é festa. Outro dia, na festa ‘dancing under the stars’ eu dei uns passinhos igual aos crew staff (os que agitam o povo), e o Cruise Director (o líder dessa galera, e o chefe do departamento que eu faço parte), que tava no mic agitando o povo até elogiou: “Yes, Marcos. I like that”. Mas quando ele falou isso eu fiquei com vergonha daí parei, porque todo mundo foi olhar pra mim. Hahaha mas foi hilário eu com a baita câmera na mão e dançando. Haha. vamos ver na próxima festa se eu me animo de novo.

Festa de crew mesmo eu nunca fui. Nunca tive tempo.

Engraçado que quando to na minha cabine e vejo algum problema na TV, eu penso em criticar. Daí eu lembro que quem é responsável por isso sou eu, daí eu paro. Hahaha sem falar outro dia que pensei comigo que o certo seria chamar um técnico pra arrumar um negócio lá. Até que eu lembrei que o técnico, no caso, sou eu. Hahahaha ainda é difícil se acostumar com isso. Eu vim achando que ia só filmar/editar e no fim das contas tô num cargo super técnico que tem que deixar no ar mais de 20 canais de TV 24h por dia. Mas no fundo dá um certo orgulho de ver tudo funcionando certinho (raramente hahahaha) e saber que o que tu ta fazendo tá indo pra mais de 3000 TVs no navio inteiro, sem falar nos 1000 DVDs vendidos, em média, por cruzeiro, com os videos que eu fiz.

Bom, fiz minha parte de me comportar e trabalhar duro enquanto o Ruel tava aqui, tentei captar o máximo de informação dele. Amanhã (hoje) é um novo dia, vida nova. Espero que o supervisor não seja chato como dizem. Já tô com o pé atrás desde já, preparado pro pior. Só sei que to começando a me acostumar com as coisas, com mais confiança nas coisas que tô fazendo, apesar de ainda cometer vários erros nas filmagens, que eu só descubro quando vou editar e tenho que me redobrar pra consertar, mas tô num processo. Ou melhor, num progresso. Vamo que vamo.

Tiau.

Segundas primeiras impressões

Data: 03/12/09
Hora Local (Key West – USA): 20h28
Hora do Brasil: 23h28

Nem tudo (ou quase nada) são flores.
Chegando aqui as coisas pioraram bastante. Haha

Bom, tentando começar pelo começo, cheguei no navio com muito transtorno, falta de informação. Me esqueceram no hotel (depois voltaram buscar), ninguém sabia me informar como eu deveria embarcar. Mas entrei. Fiz toda aquela coisa inicial de documentação e meu supervisor já me esperava lá. O Ruel, um filipino. Até mudei meu conceito quanto aos filipinos, porque o Ruel é muito gente boa. Chato na medida que tem que ser o chefe, mas é gente boa, super paciente. As vezes me irrita um pouco quando ensina uma coisa que eu já sei, ou quando quer que eu faça alguma coisa do jeito mais complicado, mas, no geral, eu não sei nada sobre tudo que a gente tem que fazer. Então, fico na minha e deixo ele ensinar, porque eu tenho MUITA coisa pra aprender aqui. Na verdade, esse MUITA é grandão assim porque somos só dois: Ruel e eu. Ou seja, eu preciso trabalhar basicamente sozinho. Agora o Ruel me ajuda, porque além de ter que ensinar, eu ainda não tenho muita prática nas coisas que a gente tem aqui, então ele tem ajudado. Mas o papel dele é muito mais administrativo do que prático. Então, claro que em breve eu vou ter que fazer tudo sozinho. FODA! Tenho trabalhado nesses 4 primeiros dias cerca de 18 horas por dia, virando noite. É aquilo que eu já imaginava pra um cruzeiro de 4 dias, que seria corrido demais, porque temos que ter um DVD finalizado em menos de 3 dias. E tem MUITA coisa pra filmar. Se fosse só filmar, era fácil. O que estraga é a edição, que demora bem mais. Então eu viro noites editando, porque o prazo é curto. O pior de tudo é que é numa ilha AVID, que eu nunca tinha mexido na vida. Então tô tendo que aprender a editar num novo software (que até agora tô achando péssimo) e isso demora um pouco mais o processo. Well, o primeiro DVD tá pronto. Não com o capricho que eu gostaria. Aliás, bem ruim eu acho. Mas pra eles tá bom, então beleza. Ai, tem tanta coisa pra falar que eu prefiro pular tudo isso, pode? PODE!

Já fiz tanta coisa, não tenho tido tempo nem pra arrumar minha mala. Por falar nisso, a cabine é maior do que a que eu tinha no Grand, e realmente eu vivo sozinho. Eu esperava mais, pela propaganda toda que me fizeram. Mas não posso reclamar. Tenho 10 gavetas (contra 1 do Grand) e 2 armários (contra 1 do Grand) e 6 prateleiras (contra 1 [pra dividir] no Grand). Então que tá sobrando espaço até. Nem tenho tanta coisa pra preencher tudo isso. E eu vivo numa esquina. Isso é ruim. Tem muito barulho. Pra ajudar, o cabeleireiro (da máfia filipina) usa a minha parede de noite pra pendurar o espelho dele. E isso faz barulho.

Ah, eu gostei também da minha sala. A Broadcast Room é ótima. Dá até medo de entrar nela, porque tem dezenas de monitores e milhões de botões que eu ainda preciso aprender a mexer. Tem uns 3 computadores (na verdade, tem uns 30, mas que funcionam como servidores dos canais) e só uma ilha (a AVID). É muita coisa pra uma (ou duas) pessoa só. Sinceramente, eu acho que a gente precisava de no mínimo mais uma pessoa fazendo isso, mas como até hoje só existiu um, nem rola eu ir reclamar, porque vão me jogar na cara isso. Só que esse um se ferra demais. Meu tempo, suposto, livre até agora, eu dormi. E foi pouco tempo. Pra piorar eu ainda tenho um beep. Isso significa que tô de plantão 24h por dia. E pra terem idéia, de ontem pra hoje trabalhei até 7h30 da manhã. Fui dormir, e as 8h30 já tavam me acordando pra resolver um negócio. Voltei dormir umas 10h até 4h30, e tava trabalhando direto até agora. Tiramos meia horinha de break, entre um show e outro do teatro. E nossos breaks são todos assim. A gente sai meia hora, depois uma horinha... assim é foda. Break grande acho que eu nunca vou ter, e não tenho a mínima idéia de quando vou conseguir sair do navio. Até agora eu olhei poucas vezes pro lado de fora, sem ter nem idéia de onde a gente estava. E o dia que eu sair, com certeza será porque eu troquei a dormida pelo prazer de sair. Hoje eu poderia ter saído de manhã, mas daí não ia dormir nada. E bem provável que seja assim pra sempre.

Enfim, tá foda. Só isso pra dizer.

Ah, o Ruel tá indo embora dentro de 1 semana. Preciso aprender tudo até lá, porque dizem que o próximo supervisor é preguiçoso e vai me deixar na mão. Então tenho que relevar as chatices do Ruel e tentar aprender o máximo com ele.

Eu nem fui no bar ainda, e conheci só 3 dos 15 brasileiros a bordo. Eu não vejo gente o dia inteiro. Vejo, mas pelos monitores da minha sala. Pessoalmente, vejo bem poucas. Ah, e quando saio pra filmar é nas festas de passageiros, então esses eu vejo bastante. Mas tripulante mesmo, quase nunca.

Bom, tenho que voltar lá, porque em 15 min começa o próximo show e tenho que estar na sala pra monitorar as câmeras e gravar o show. São 3 câmeras no teatro e a gente controla remotamente pela nossa sala via switcher, fazendo o corte ao vivo. É bom, a gente ganha tempo com isso. E eu gosto de mexer na mesa de corte. (o único elogio que recebi até agora foi por ter controlado a mesa de corte bem. E olha que fazia aaaaaaaaaaaanos que eu não via uma na minha frente. E só mexi em alguma na faculdade, umas duas vezes. Haha sei lá, tive sorte, acho).

Sei lá quando vou postar isso. Nem descobri como se usa a internet ainda.
Não tenho tempo pra nada.


Tiau.

Primeiras impressões

Data: 29/11/09
Hora Local (Miami – USA): 00h06
Hora do Brasil: 03h06

Sair 6h da manhã de CWB-GRU não é das melhores coisas, ainda mais sabendo que seu próximo vôo (GRU-MIA) é só meio-dia. Mas por, talvez, sorte, eu fui de primeira classe. Até me senti meio mal com tanto conforto, já tava achando que tinha alguma coisa errada com o bilhete. Mas era isso mesmo, tava certo. Tipo, uma coisa inesperada das boas. E era engraçado demais ver as coroas de laque no cabelo que viajam de TAM pelo status, ficarem me olhando com cara de “como um pirralho desses vai de primeira classe e eu não?” hahahaha enfim, como a primeira classe veio de surpresa, até cedi meu lugar na janela pra uma senhora. Uma pena, porque o nascer do sol foi lindo de ver (mesmo sem estar na janela).

Em SP foi como o esperado. Dormi na cadeira até abrir check-in, e fiquei perambulando até dar a hora do vôo. Mas agora sem primeira classe. Na verdade, fui nas mais ralés possíveis. Sabe aquele assento do lado da porta do banheiro que ninguém gosta? Então, bem desse tipo. E nos Boeing ainda existem 3 fileiras, de 2-4-2 lugares. Eu fui bem na fileira do meio. Pelo menos, era no corredor. Foi bom, porque passei muito frio e ia no banheiro a cada meia hora. Juro! E se tivesse que passar por cima de alguém cada vez, ia ser complicado. Mas foi um vôo tranquilo e cansativo na medida que deveria ser. Oito horas de avião (GRU-MIA) até parece pior do que aquelas 6 horinhas de Curitiba-São Paulo no Cometa da meia-noite executivo.

Bom, meu medo chegando nos EUA era com o Visto, que foi tirado pela Princess, e corria o risco de chegar aqui e ser negado, por eu estar embarcando pela Royal. Mas depois da demora normal esperando na salinha da imigração, onde todo mundo tem cara de terrorista, eu fui liberado. Daí vem aquela novela pra encontrar o shuttle certo pro hotel. E eu não encontrei. Mas até que depois de umas horas caminhando pra lá e pra cá, achei um cara da Royal, justamente o do shuttle, que me orientou a pegar o ônibus certo. (sozinho seria impossível, já que o bendito ônibus não tinha o nome do hotel, como deveria ter e como são os outros)

Viemos em 4 no ônibus, tudo da Royal, mas pra navios diferentes. Dois indianos e uma menina da...da... ESTÔNIA! Olha que louco, ainda não conhecia ninguém de lá. Fizemos o check-in no hotel e... bah! meu quarto só pra mim. Não como da outra vez, com duas camas. Agora só uma cama, só minha. Coisa linda de viver. Aliás, tô aqui agora nessa cama enorme escrevendo esse post. Sabe que eu tô gostando desde já de ser staff? Haha ooooutro tratamento mesmo. Aliás, os guris indianos que eram crew foram pra outro hotel. Achei meio discriminação, mas enfim.. eu gostei do ‘tratamento especial’ até agora.

Ah, e jantei com a menina da Estônia. Bem gente boa, e ela tem um cargo super importante: é gerente dos serviços a bordo pra passageiros e já tá na companhia por 5 anos. E dessa vez naaaada de búfalos e chikens na minha comida como da outra vez. Pedi turkey e veio turkey. Hahaha e pra acompanhar um red wine (à parte da nossa cota paga pela empresa), porque depois de tanto luxo era o mínimo que eu poderia fazer pra manter o nível. Haha


E até agora é isso. Tá marcado pra eu sair do hotel 10h da manhã. Então preciso aproveitar essas 9 horinhas de sono, porque daqui pra frente isso será raaaaaro demais. Ah, e meu porto é o de Miami mesmo, e não em Fort Lauderdale como da outra vez. Uma pena, porque os navios da Princess atracam lá, e isso quer dizer que mesmo que a gente esteja em Miami no mesmo dia, será longe (30km) pra eu ir visitá-los algum dia.

Agora eu vou e depois eu escrevo sobre as primeira impressões a bordo. (decidi escrever agora porque me empolguei com tanto luxo. Haha)

Tiau!